Saiba detalhes do passado palmeirense de Muricy
A vida de Muricy Ramalho é quase toda identificada com o São Paulo, clube em que chegou aos nove anos de idade e construiu toda sua história no futebol. Há um importante período, entretanto, em que Muricy esteve intimamente ligado ao cotidiano do Palmeiras, o que ajuda a explicar o acerto para dirigir o clube de Palestra Itália até o fim do próximo ano.
» No Palmeiras, Muricy terá "novo Jorge Wagner"
» Muricy e Palmeiras têm tudo a ver, diz são-paulino
» Saiba o que atraiu Muricy no acerto com Palmeiras
» Veja os segredos do treinador famoso por "aqui é trabalho"
» Receba os gols do seu time pelo celular
» Comente: Muricy foi a escolha certa para o Palmeiras?
Acontece que seu Marinho Ramalho, pai de Muricy, foi um palmeirense fanático. Meio-campista respeitado no futebol de várzea paulistano, ele era amigo de vários jogadores do Palmeiras que brilhava na década de 60. E o filho, que ainda não chegara ao São Paulo, adorava tudo aquilo.
Colonesi, amigo de infância de Muricy desde os tempos do colégio e grande parceiro nas categorias de base do São Paulo, lembra bem quem era o ídolo do amigo.
"Quem não adorava o Ademir da Guia naquela época? O Muricy também adorava. Não tenho dúvida de que o fato de o pai ter sido palmeirense pesou na decisão dele. Ele é um cara extremamente ético, decente, de um caráter acima de qualquer suspeita. Isso também é uma homenagem para o seu Marinho".
"Eu mesmo não tinha ligação com o pai dele, só que eu me lembro que o Waldemar Carabina morava perto dele. Eles jogavam futebol juntos e o Carabina às vezes ia até a várzea prestigiar o pessoal", conta Ademir da Guia.
Colonesi, inclusive, fala da importância do pai na carreira de Muricy como jogador, em que defendeu o São Paulo e o Puebla, do México. "Sempre que o Muricy pensou em parar de jogar, até porque teve uma lesão muito séria no joelho, o pai incentivava para continuar. Fora a qualidade dele, claro, deve muito ao seu Marinho", explica com propriedade, já que teve larga convivência com o agora novo técnico do Palmeiras.
"Nós começamos a jogar no dente de leite, em 69. Eu tinha 13 anos, ele 14. Frequentávamos muito o clube, nossa amizade era de sair junto, frequentar os mesmos bailinhos, dormir um na casa do outro. Mas o pai do Muricy era muito exigente: todo domingo de manhã, ele comia o toco da gente, cobrava que a gente não tinha jogado nada. Isso vai de encontro com a personalidade do filho, claro".
Muricy, que nasceu e cresceu em Pinheiros, na Vila Madalena, se mudou para a Vila Sônia, perto do Morumbi. A mudança iniciou a ligação com o São Paulo, clube em que ele começou a jogar ainda na infância e permaneceu até o último mês, quando foi demitido depois de três anos e meio como treinador.
A morte de seu Marinho tem circunstâncias ainda mais dolorosas que o normal para Muricy. Campeão mexicano em 1983, o então jogador do Puebla, 28 anos, pegou um voo às pressas para comparecer ao enterro do pai. Quando chegou, o ato já havia sido consumado.
Agora técnico do Palmeiras, Muricy se apresentará no Palestra Itália e certamente não irá se sentir um peixe fora d'água. E de onde estiver, o fanático palmeirense, seu Marinho, terá um motivo a mais para torcer pelo sucesso do filho tricampeão brasileiro.