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Na várzea, ídolo corintiano superou depressão para brilhar

7 ago 2009 - 17h05
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Os mais velhos costumam dizer que antigamente era com o barro dos campos da várzea que se moldava um grande jogador. Atualmente, com a drástica diminuição dos campos espalhados pelo País, diminuiu também o número de jogadores oriundos do futebol amador que brilham no profissional. No entanto, há exceções. Elias, hoje um dos principais nomes do Corinthians, é uma delas.

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Em 2006, depois de ser dispensado do Palmeiras B, o desempregado Elias jogou pelos Leões da Geolândia - equipe da várzea paulistana, fundada em 2000, na Vila Medeiros, zona norte da cidade. Na ocasião, o time foi vice-campeão de um tradicional torneio da várzea de São Paulo. Mas Elias, então centroavante, ficou no banco de reservas.

"Na final ele não saiu jogando, só entrou no segundo tempo. Mas não adiantou muito, porque fomos vice-campeões", relembra Nilton Amorim, dono de padaria, diretor de futebol dos Leões e uma das pessoas mais próximas do camisa 7 corintiano. "Tenho o rádio dele aqui. Se quiser, falo com ele agora", orgulha-se.

O titular da posição era o atacante Tininha, 28, que encara com naturalidade o fato de que seu substituto é hoje uma das estrelas mais incensadas do futebol nacional. "Estou feliz por ele. É parceiro, amigo, não tem nem o que falar", elogia. "O duro é que não tem oportunidade para todo mundo", completa.

A declaração de Tininha é sintomática. Mais do que a frustração de não ter sido um jogador profissional, o que há é uma certa melancolia por ter chegado tão perto. Quase todos os jogadores que atuam pelos Leões passaram por times pequenos ou categorias de base, mas não vingaram.

Elias sabe bem o que é isso. Ficou durante um período tentando se equilibrar na frágil linha que separa o sucesso do fracasso. Depois de sair do Palmeiras, encarou uma depressão por ter ficado sem clube. Os amigos dizem que ele mal queria sair de casa. O convite para atuar pelos Leões serviu como uma prescrição médica para o atleta, que chegou a confessar que passava quase o dia todo trancado em seu quarto, dormindo.

"A depressão dele, no fundo, era a vontade de jogar. Ele acabou aceitando nosso convite sem enrolar muito. O problema é que ele via os amigos dele vencendo e ele não", conta Nilton, referindo-se ao colega de base do Palmeiras Vágner Love, que também chegou a jogar com a camisa dos Leões.

Para Nilton, a disciplina é o grande trunfo de Elias. "Ele treinava muito, por conta própria, sempre mantendo a forma física. Corria de manhã e de tarde", lembra. De acordo com o diretor, Elias chegava a jogar mais de uma partida por dia.

"Mesmo no final da passagem dele no Palmeiras, ele às vezes jogava com eles às 15h e às 18h já estava participando de um amistoso com a gente", conta.

Quem não gostava nada de ver Elias jogando na várzea era seu pai, o senhor Eliseu. Nilton lembra que ele tinha medo de que o filho se machucasse, por conta da indevida fama de violenta que a várzea carrega.

"O Elias jogava para a gente escondido. O pai dele só ficou sabendo muito depois. Se bobear, só vai saber mesmo depois que esta reportagem sair", brinca.

Na partida dos Leões da Geolândia acompanhada pela reportagem do Terra, no campo do Flamengo da Vila Maria, a equipe empatou por 2 a 2 com o GTX da Casa Verde. Dessa forma, se classificou para a segunda fase do torneio em primeiro lugar do seu grupo, sob os gritos de cerca de 30 torcedores com instrumentos de bateria e muitos fogos.

Conheça time que Elias defendeu na várzea:
Fonte: Especial para Terra
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