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Rival de Marcelo Teixeira quer ser o Belluzzo do Santos

16 out 2009 - 17h23
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A aceitação ao trabalho do presidente Luiz Gonzaga Belluzzo no Palmeiras traz reflexos. Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro voltará a ser oposição a Marcelo Teixeira para dirigir o Santos Futebol Clube, justamente, com um discurso semelhante ao do palmeirense.

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Candidato à presidência, Luis Alvaro diz ter acerto com investidores para o Santos
Candidato à presidência, Luis Alvaro diz ter acerto com investidores para o Santos
Foto: Dassler Marques / Terra

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Em entrevista exclusiva concedida ao Terra, Luis Alvaro, que irá homologar sua candidatura nos próximos dias, se declarou amigo pessoal de Belluzzo, a quem classifica como fonte de inspiração. E, de fato, há semelhanças entre ambos, já que o provável adversário de Teixeira tem a vida ligada à área da economia.

Especialista em avaliação imobiliária, dirige a Adviser, empresa de consultoria. Foi o primeiro diretor da Bolsa de Imóveis do Rio de Janeiro em São Paulo, primeiro diretor latino da Richard Ellis, maior empresa de consultoria empresarial do mundo, e diretor de Patrimônio do Banespa. Na área pública, já esteve na direção de patrimônio do Banco Central.

Em 2003, sua única tentativa, Luis Álvaro foi o candidato que conseguiu votação mais acirrada em todas os pleitos dos quais participou Marcelo Teixeira nesta década. Tem também história no clube, já presidido por seu avô, Álvaro de Oliveira Ribeiro, e pretende trazer santistas ilustres para investir.

Nas linhas abaixo, você conhece um pouco mais dos planos do candidato para o futuro santista, as maiores críticas à atual administração e, ainda, o que pretende fazer com o Grupo Sonda e Vanderlei Luxemburgo.

Confira a entrevista na íntegra:

Terra - Em 2003, o cenário para sua concorrência com o Marcelo Teixeira era amplamente desfavorável, não?

Luis Alvaro - De fato, o Santos estava em um momento ascendente, a torcida entusiasmada com o desempenho dos meninos, nós tínhamos uma cobertura da mídia absolutamente fantástica, e que não foi capitalizada pelo Santos.

O Santos pagava direito de imagem e não usou isso do Diego e Robinho, que foram unanimidade nacional. Havia torcedor de outros clubes que iam ver eles jogarem, que lembravam Pelé e Coutinho. O Santos não soube ganhar dinheiro com isso e vendeu a galinha dos ovos de ouro. Nós nos desfizemos do elenco a preços ridículos, como foi com o Diego, que hoje é supervalorizado em um grande clube da Europa.

Terra - Ainda assim, você conseguiu uma votação apertada. Por quê?

LA - Sim, naquelas circunstâncias eu tive um número expressivo de votos: 990 contra 1500. Acho que era um discurso moderno e as pessoas entendiam que o Santos não poderia ser administrado de maneira paroquial, como vinha sendo, em que o dinheiro era colocado pelo presidente, sem dar satisfação ao Conselho, sem definir claramente a que custo, com que garantias ia ser pago. E nós vínhamos com uma ideia completamente diferente, de que o Santos não deve ter um mecenas, mas sim um gestorque possa levar o clube a ser autônomo e não depender da boa vontade ou da fortuna de ninguém.

Terra - Hoje em dia, qual o quadro desenhado, em sua opinião?

LA - Ao contrário daquele cenário, hoje o time anda em processo de decadência, que entra pelos olhos de todo mundo. Não há torcedor que não veja o time cada vez mais medíocre no gramado, com mais dividas e a audiência despencando na televisão. Times em cidades menores têm mais audiência que nós. Isso tudo é reflexo de uma administração que teve seus méritos por ter sido campeã brasileira duas vezes, mas que não soube administrar esse fantástico patrimônio.

Terra - O momento do futebol também é outro?

LA - O discurso moderno é muito mais favorável agora, especialmente porque muito recentemente, um clube como o Palmeiras, extremamente tradicional, também administrado de uma forma autocrática e monárquica, acabou recebendo a injeção de um presidente novo, moderno, vencedor, corajoso e capaz de dar um breque no seu parceiro, dizendo que o clube não é um banco e que tinha que manter seu elenco até o final do ano. E os resultados estão aí.

Terra - Como o senhor vê a mudança do estatuto que permitiu sucessivas reeleições?

LA - Fomos mutilados de uma maneira muito perversa, com uma mudança no estatuto, que foi criada quando eu saí candidato em 2003. Você pega uma pessoa, como o Álvaro de Souza, que foi presidente do Citybank no Brasil e Nova York, santista doente, e que poderia ser presidente. No entanto, o golpe do estatuto impede que ele seja, porque não tem dois mandatos de conselheiro.

Terra - Colocaria dinheiro do próprio bolso no clube?

LA - Esse é um dos absurdo mais primários. Não pode se confundir meu interesse pessoal com o interesse do clube, que pertence a todos. Colocar dinheiro é a maneira mais fácil de perpetuar a incompetência e aí eu tenho a sensação de que sou dono do clube e faço o que quero. O Santos bem administrado não precisa do dinheiro de ninguém. Com transparência e profissionalismo, é autônomo.

Terra - Como o senhor vê os últimos tempos da administração atual?

LA - Essas últimas contratações do Santos lembram muito as primeiras que o presidente fez logo que assumiu. Ele levou Márcio Santos, Valdo, Carlos Germano, Edmundo, Marcelinho Carioca e Galván, todos jogadores que tinham fama, mas estavam em término de suas carreiras e que custaram os olhos da cara. O Santos hoje é cemitério de jogadores que querem pendurar as chuteiras.

O clube tem que profissionalizar os seus quadros. Não dá mais para assumir postos importantes apenas por conta de relações de amizade ou de afinidades profissionais: quem é meu funcionário, vai ser funcionário e diretor do clube. Vamos escolher profissionais de ponta: a área de finanças terá o dedo e a colaboração decisiva do Álvaro de Souza.

Terra - No caso de ser eleito, como o senhor pretende conversar com o Grupo Sonda e o Luxemburgo?

LA - Quando existe um contrato, ele precisa ser respeitado pelas partes. Sobre o treinador, é um assunto que vai ser tomado com absoluto profissionalismo e visando claramente os interesses do Santos. Eu ouvi o Luxemburgo dizer que o seu vínculo termina no mês dezembro e que a possibilidade de ele continuar está vinculada à continuidade do presidente do clube. Assim, ele antecipa qual a sua ideia em relação ao ano que vem.

Terra - Em um primeiro momento, sua ideia é sanear o clube e gastar pouco ou fazer investimentos?

LA - Como a gente sabe que os números do Santos são misteriosos, é difícil dizer. É preciso conhecer o tamanho das deficiências de caixa que enfrentaríamos nos próximos meses. É preciso providenciar recursos para cobrir buracos de caixa. Mais do que isso, é preciso que se crie uma mentalidade profissional, para que o Santos seja autônomo em termos de receita. Teremos que rever a nossa situação com o Clube dos 13 e as emissoras de televisão.

Terra - Qual avaliação você faz sobre a infraestrutura do clube, foco de muitos investimentos segundo a atual administração?

LA - Poderíamos ter um patrimônio maior, mas é evidente que se compararmos o Santos desta década com a década passada, nós crescemos e temos um CT de muita qualidade. A Vila Belmiro precisa ser redesenhada e atrair mais público. Ela é para mim tão sagrada como o Vaticano para os católicos, Jerusalém para os judeus e a Meca para os mulçumanos. A Vila tem que ser uma arena multiuso que sirva a cidade, por isso o prefeito será um parceiro importante.

Terra - Como o senhor reputa o Marcelo Teixeira como administrador?

LA - Não me parece ser um administrador nem muito experiente e nem muito coerente. Ele é um santista, é evidente, e eu tenho uma convivência com ele extremamente cordial, fomos companheiros de Conselho. Não acho que ele seja o perfil do administrador que eu gostaria à frente do meu clube. Sou sócio há mais de 40 anos e nunca tive chance de examinar o balanço. Esse não é o administrador que eu quero. Quero mais transparência como sócio.

Terra - As categorias de base do Santos são eficientes?

LA - Se o Pelé chegasse hoje na Vila e não tivesse um padrinho forte, ele não ficaria. Não podemos fazer das categorias de base uma redoma, onde os empresários mandam e desmandam.

Fonte: Terra
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