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Conheça a mulher que quer tomar conta do Flamengo

2 dez 2009 - 17h44
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Um só dia depois de ganhar ou perder o título brasileiro, a comunidade flamenguista se reúne para escolher qual será o próximo presidente do clube. Na próxima segunda-feira, serão seis os candidatos a compor o pleito: Lysias Itapicuru, Pedro Ferrer, Delair Dumbrosck, Plínio Serpa Pinto, Clovis Sahione e Patrícia Amorim, que lidera as intenções de voto com 21,8%, segundo pesquisa do Instituto BEE, da PUC.

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Em entrevista exclusiva concedida ao Terra, Patrícia fala sobre a responsabilidade de ser a primeira mulher a presidir um grande do Rio de Janeiro. Sem prever mudanças para o futebol, ela crê que o Flamengo é o tipo de clube que tem suas soluções dentro de casa, como Adriano e Andrade. A candidata ainda aponta Márcio Braga como o maior responsável pela dívida que excede os R$ 300 milhões.

Patrícia, que cumpre o terceiro mandato como vereadora do Rio de Janeiro pelo PSDB, cargo que ocupa desde 2000, chegou ao Flamengo em 1977, com oito anos de idade. Foi nadadora de ponta durante a década de 80, quebrando recordes sul-americanos e vencendo 28 títulos nacionais.

Confira a entrevista na íntegra:

Terra - O que você mudaria no departamento de futebol?

Patrícia - O futebol funcionou muito bem. Se ganhar ou não, ao menos vai chegar na Libertadores. O Flamengo tem compromisso com a vitória e passamos bem esse ano.

Como os principais jogadores têm contrato até junho, temos tranquilidade. Nosso time é esse e nosso treinador é esse. Vamos organizar e propor uma estrutura profissional, com as menores condições, vamos dar a eles maiores condições de trabalho.

Terra - Dê um exemplo disso.

Patrícia - Um jogador machucado, quando se recupera mais rápido, é uma grande vantagem. Temos um grupo bem estruturado, mas não temos estrutura necessária para continuarmos competitivos. Há alguns meses, eu acertei em não dar outros nomes para o futebol. Hoje estaria arrependida.

Terra - A dívida do Flamengo ainda é muito grande. Quais os planos para diluir?

Patrícia - O passivo, segundo Márcio Braga, é de R$ 333 milhões. Assusta, mas o Flamengo tem receita de R$ 140 milhões em 2009, então temos que fazer dois exercícios. Não posso gastar mais do que arrecado, é o básico. Estancar uma ferida que não pode crescer.

Por exemplo: no ano passado, o Flamengo gastou R$ 91 milhões e o São Paulo foi campeão com bem menos. Essa diferença dá para fazer um centro de treinamento. Precisamos evitar desperdícios, nos mostrarmos organizados ao mercado e resgatar credibilidade. Isso começa mudando as pessoas e a forma de gestão.

Terra - Se fala sobre um acerto com a Petrobrás para 2010. Você sabe de alguma coisa?

Patrícia - Só estou sabendo pelos jornais. É uma empresa parceira e todos os tipos de parcerias que vierem serão boas. Tem que se conversar mais, precisa se relacionar mais. A Petrobrás tem duas linhas de patrocínio, uma direta e via incentivo de esporte. Essa segunda é uma forma de captação que o Flamengo nunca conversou.

Terra - Márcio Braga te apoia?

Patrícia - O presidente é um vencedor, ninguém duvida. Ele sempre teve vitórias em suas passagens, foi o presidente com mais tempo de cadeira. Dessa forma, é também o maior responsável pela dívida também. Tenho imenso respeito por ele, tem contribuição na história do clube, mas está na hora de passar o bastão a novas gerações.

Terra - Por que o Flamengo tem tantos candidatos para a presidência?

Patrícia Amorim - Isso mostra que, de certa forma, o Flamengo vive um período de renovação de quadros, mudanças de paradigmas, um momento de transição. Isso gera uns choques, algumas divergência em relação a tudo que já aconteceu com os quadros novos, gera novos apoios políticos.

Terra - Roberto Dinamite é uma inspiração para você?

Patrícia - Sem dúvida.

Terra - Como vê o quadro político do Flamengo?

Patrícia - Esses clubes centenários foram administrados pelos mesmos grupos políticos e de forma conservadora. Se perpetuaram e não acompanharam a atualização do mundo globalizado. Não foram formados quadros políticos com gerações vencedoras.

Terra - E a administração atual?

Patrícia - O Flamengo não precisou cair para acordar, mas não se organizou, não se preparou para essa moderninzação. Houve um modelo que funcionou em 1981, em 1992, mas não se caminhou. Hoje se exige gestão, metas pré-estabelecidas, planos estratégicos, acompanhamento e fiscalização. Senão você administra pela paixão e fora da realidade que o clube pode cumprir. E hoje tem que pagar em dia.

Terra - Você faria mudanças drásticas na parte administrativa?

Patrícia - Me preparei demais para esse momento. Se os clubes não se organizarem, não tiverem oxigenação dos quadros políticos, com novo pensamento, não se consegue governar.

Terra - Você tem um pé no esporte amador. Como torná-lo autosustentável?

Patrícia - Até janeiro, tinha um contrato de 24 anos com a Petrobrás e todas as modalidades eram obrigadas a usar a marca, mesmo sem receber os recursos. Hoje, as modalidades podem buscar suas parcerias, privadas ou públicas. E o Flamengo precisa buscar isso, as modalidades deficitárias não podem comprometer as que funcionam bem. Atletas, professores e treinadores precisam buscar condições financeiras.

Terra - Hoje o Flamengo tem um time em alta. O que você vai manter e o que vai mudar?

Patrícia - Sempre defendi e defendo que as soluções estão dentro do Flamengo. É a solução possível, como o Andrade e o Adriano. Se todos interagem, isso vai fluir. Normalmente, contratam muitos jogadores, se cria uma instabilidade e isso não traz unidade.

Terra - Você seria uma solução caseira?

Patrícia - O Flamengo começou a melhorar quando algumas pessoas saíram e a leveza voltou. Minha candidatura foi construída em cima dessa sustentação, de pessoas que vivem o clube.

Minha trajetória aqui dentro é consistente, é uma candidatura que nasceu do clube para o clube. Conhece o associado, o funcionário, as virtudes e fragilidades. Propõe um momento novo, não é um sonho de verão.

Terra - Dá para ser vereadora e também presidir o Flamengo?

Patrícia - Não tem problema nenhum, o Dinamite também faz isso. Já sou vereadora há nove anos, e minha prioridade absoluta é o Flamengo. Não vou ter esse problema, porque sempre procurei ser competente no menor tempo possível. É bobagem. Se precisar, deixo a vida política e fico com o Flamengo.

No início da próxima semana, Patricia Amorim disputa eleições no Flamengo
No início da próxima semana, Patricia Amorim disputa eleições no Flamengo
Foto: Gazeta Press
Fonte: Terra
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