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Pânico, desespero e uma triste história no Couto Pereira

7 dez 2009 - 09h17
(atualizado às 09h31)
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A paixão pelo futebol, surgida ainda quando criança, me levou ao jornalismo esportivo. Uma área recheada de emoção, de histórias de superação e de exemplos. Uma paixão que me move no dia a dia. E que no último domingo morreu um pouco dentro de mim. Como uma criança que tem seus sonhos arrancados.

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Era apenas mais um dia de trabalho e lá fui eu para o Estádio Couto Pereira para cobrir Coritiba x Fluminense. Antes de sair de casa, ainda comentei que estava um pouco receosa. Mas, pela experiência da queda do Coritiba em 2005, não me permitiria dar vazão a tal sentimento. Naquele ano, as arquibancadas se encheram de tristeza, nunca de violência.

Cheguei e me deparei com o estádio tomado de pessoas de verde e branco, em uma grande festa. Alegria na entrada do Couto, mobilização para pintar o máximo possível os rostos dos "guerreiros" das arquibancadas.

Belas fotos e imagens que ainda estão em arquivo, pois aquela realidade se transformou em pesadelo. Diante dos meus olhos, aqueles "guerreiros" de caras pintadas das arquibancadas se transformaram em seres selvagens, sem limites.

Armados como podiam, o objetivo era machucar alguém, sem motivo, apenas para mostrar a fúria. Lastimável. E meu medo se transformou em pânico. E minha paixão começou a desmoronar. E eu não tive forças para evitar esta tristeza.

Eu, definitivamente, estava em um campo de guerra. Não tinha para onde fugir. No Couto Pereira é preciso atravessar o gramado para chegar à sala de imprensa. No caminho, enquanto tentava registrar a emoção do técnico Cuca, vi um cenário destruidor se formar.

Uma mistura de jogadores, comissão técnica, policiais, seguranças e pessoas trajando camisas de clubes se engalfinharem. Não tinha para onde fugir. Ainda mais apavorada com a possibilidade de sofrer novas agressões físicas e emocionais, senti-me sitiada, em uma emboscada.

Pelas laterais era impossível passar, cadeiras arremessadas se tornavam risco eminente de lesão. Pelo centro do gramado, um verdadeiro ringue com seres selvagens se "degladiando".

Com muito custo, chego ao túnel que dá acesso à sala de imprensa. Para meu desespero, tinha esquecido que é o mesmo caminho para os vestiários do Coritiba. E encontro tudo fechado, me sinto jogada aos leões novamente. Nesta hora já não controlo mais o desespero e me vejo sem saída. Chorei em uma mistura de medo, pavor, tristeza e decepção. Profunda decepção.

Nesta tarde, aqueles homens trajando camisas de times arrancaram parte dos meus sonhos. Enterraram junto ao Coritiba a minha paixão pela beleza do futebol, por suas histórias de superação e exemplo que ali deram lugar a sangue, pessoas desacordadas e uma violência barata, desnecessária.

Uma tarde triste, inesquecível, um pesadelo eterno que maculou a nobre arte da bola, retratados brevemente aqui em um texto sem a inclusão da palavra torcedor, porque naquela cena de guerra havia apenas seres desprezíveis, indignos de tal tratamento.

Torcedor sangra após batalha campal no estádio do Coritiba
Torcedor sangra após batalha campal no estádio do Coritiba
Foto: Gazeta Press
Fonte: Especial para Terra
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