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Marketeiro, Felipão bebe até leite para agradar patrocinadores

15 jul 2010 - 18h17
(atualizado às 18h31)
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Dassler Marques
Direto de São Paulo

Entre um gole e outro de uma nova bebida láctea da Parmalat, Luiz Felipe Scolari iniciou seu discurso de apresentação agradecendo os patrocinadores que pagarão até 80% de seus salários no Palmeiras. Como um marketeiro de mão cheia, de cara concedeu atenção especial às três empresas que estamparão seu uniforme pelos próximos 12 meses.

"Gostaria de dizer ao Banif obrigado por ter me recebido em Portugal, com um carinho especial. À Parmalat, meu agradecimento de muitos anos, porque tive uma convivência fantástica e fiquei feliz em saber que voltavam ao Palmeiras quando também volto. A Unimed é um caso especial e vem cuidando da minha família e principalmente da minha mãe há 36 anos. E ela está muito bem", disse Felipão ao melhor estilo Maguila.

Para um clube que ainda paga acordos para outros três treinadores (Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e Antônio Carlos), encontrar patrocinadores dispostos a investir em Felipão foi a única saída para arcar com seus vencimentos acima do padrão do Brasil. A imagem do novo craque palmeirense foi fundamental para fechar o modelo de negócio que já repatriou Ronaldo, Adriano e Robinho nos últimos meses.

Entre os três patrocinadores, destaque para a Parmalat, que ao lado do Palmeiras teve um dos cases de maior sucesso do marketing esportivo na década de 90. "Ele é um líder, vencedor e muito afetivo com a família. Quando você escolhe alguém para patrocinar, quer alguém que tenha características ligadas com sua marca e o Felipão é uma pessoa acima das expectativas". Quem elogia é Fernando Falco, presidente da empresa de laticínios no Brasil. "Ele gostou de nossa bebida, fez um positivo para mim e tomou a garrafa quase inteira".

Felipão: um drible palmeirense nas despesas

Só mesmo com criatividade foi possível a contratação de Felipão. O Palmeiras vive momentos difíceis no campo financeiro e pagar um salário que gira em torno de sete dígitos exigiu um novo modelo de negócio, até então inédito dentro do clube. Banif, Unimed e Parmalat irão pagar para vestir Scolari e explorar sua imagem em ações comerciais.

O plano tem prazo de validade, já que os contratos firmados com os patrocinadores expiram em um ano, enquanto Felipão tem vínculo até o fim de 2012. Por isso, o departamento de marketing palmeirense admite conversar com outros interessados em fatiar o bolo.

"A camisa está cheia de marcas, mas se houver interessados, vamos ver se é possível atender, vamos estudar com os parceiros", disse Rogério Dezembro, diretor de marketing do clube. Nos últimos dias, até o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo brincou, afirmando que o Palmeiras não faria como o Corinthians, que encheu seu uniforme de patrocínios para manter o elenco.

Ao longo da apresentação de Scolari, dirigentes do Palmeiras tentaram desvincular os novos patrocinadores de Felipão. "Não posso dizer que eles pagam 50%, 80% ou 100%. O departamento de futebol é que dá destino aos recursos", respondeu Rogério Dezembro. Em sua ata divulgada à imprensa, a Parmalat diz que "anuncia a oficialização de seu patrocínio ao técnico".

Apesar dos discursos diferentes, o importante é que o futebol brasileiro ganha de volta um de seus principais personagens dos últimos 20 anos, além de um vencedor de carteirinha. Felipão, a cada gesto, se comporta como quem tem noção da própria grandeza e não se deixa levar pelo sucesso. Com naturalidade, bebe até o leite do patrocinador para fazer valer o quanto ganha.

Fonte: Terra
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