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Saiba quem pode ser o herdeiro da maior dívida do futebol do País

3 out 2010 - 13h10
(atualizado às 22h07)
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Dassler Marques

Uma auditoria recente da empresa Crowe Horwath RCS ratificou a triste posição do Fluminense no ranking de dívidas do futebol brasileiro: R$ 329 milhões de contas a serem pagas dão a primeira posição para o clube que, desde 2005, é comandado por Roberto Horcades. Há um nome que deseja assumir tudo isso: Peter Siemsen, advogado de 43 anos, é atualmente a maior ameaça à situação.

Em entrevista exclusiva ao Terra, Peter conta os motivos para sua entrada na disputa pela presidência do Fluminense, que ocorrem na segunda quinzena de novembro. O maior adversário é Júlio Bueno, apoiado por Horcades. Nome da oposição, Siemsen tem o apoio da Unimed e de outros seis grupos políticos como seu maior trunfo.

Confira a entrevista de Peter Siemsen na íntegra:

Terra - Em 2007, você teve 631 votos contra 901 de Roberto Horcades, que se reelegeu. Que lições tirou daquelas eleições?

Peter Siemsen - A primeira é não aceitar acordos políticos que possa prejudicar decisões futuras, como ocorre em vários clubes. O Fluminense é uma instituição onde é difícil atender os interesses de todos e são muito diferentes.

No Fluminense, historicamente isso vem de várias eleições onde se preocupava mais em acordos políticos do que em se fazer as mudanças que o clube precisa. Venho em campanha há alguns meses e fico muito feliz porque não temos nenhuma vice-presidência comprometida com ninguém. Não abrimos mão de escolher isso por critérios técnicos. Temos seis grupos nos apoiando e todos respeitam esse objetivo.

Terra - O que gera essa dívida tão grande do Fluminense?

Peter - Existe uma desproporção muito grande causada pela má gestão. Se houvesse transparência e austeridade, não teria a maior dívida do país. Só vale a pena assumir o Fluminense para promover uma mudança profunda nessas dívidias, que todos jogam para o passado e para debaixo do tapete. A direção atual fica escondida atrás de um alto investimento da Unimed e de aparecer um jogador da base que possa ser vendido para que salários atrasados, conta de luz e água sejam pagos.

Terra - Receber a maior dívida do futebol brasileiro é algo que te assuste?

Peter - Não. O que mais me assusta é quanto essa diretoria já vai ter adiantado de receitas de 2011 e o que teremos de salários atrasados. Isso me preocupa porque chegamos em meados de dezembro e vamos ter, nesse período, uma auditoria profunda. Vamos comunicar aos sócios a situação real em todos os períodos. No balanço do ano passado, a dívida chegou em R$ 320 milhões. Como vai fechar esse ano? Será que não há outras dívidas? Mas ela não é para ser liquidada em três ou seis anos, mas equacionada e com fluxo de pagamento. Exige austeridade e não permite que o presidente se preocupe só com o campeonato.

Terra - Qual sua estratégia para liquidar essa dívida?

Peter - Essa má gestão transformou a dívida em velocidade estratosférica, porque se você faz acordos e não cumpre, ela volta ao valor original e tem uma multa de 70%. A dívida fiscal está locada no Timemania, mas o clube precisa ser forte para ajudar a liderar algo além dela. Pagar Fundo de Garantia, INSS, repassar o Imposto de Renda retido na fonte à União. O Fluminense não faz isso e só cria uma dívida maior.

Terra - E é necessário aumentar as receitas, hoje algo muito deficiente no Fluminense. Como fazer isso?

Peter - É bem possível ter austeridade, ser transparente com dívidas e despesas e aí pode se melhorar o perfil do custo do Fluminense. Pode trabalhar com aumento de receitas no marketing, que hoje tem nível muito baixo. A Unimed contrata estrelas e isso não é explorado, não consegue trabalhar em ações conjuntas. Temos condições de aumentar as receitas mudando a concepção do sócio, usando Grêmio e Inter como modelo. Queremos pelo menos 40 mil novos sócios em um período razoável.

Terra - O Fluminense não pode sobreviver sem a Unimed?

Peter - Claro que é possível, mas no momento não há essa necessidade porque é uma ótima parceira. O Fluminense é o parceiro ruim, porque não construiu infraestrutura, não fez investimentos significativos e politicamente se apresentou muito mal. Hoje os dirigentes nem conhecem a história do clube. Mesmo se for campeão brasileiro, qual será o legado em estrutura e aumento de receitas? Muito pouco, só vêm aumentos na venda de ingressos ou na negociação de direitos com o Clube dos 13, que é coletiva.

Terra - O Fluminense revela jogadores e não ganha dinheiro com isso, casos de Marcelo, Maicon, Alan, Wellington Silva, Fábio, Rafael, Arouca. Como vê essa situação?

Peter - Decorre da má gestão. Não há planejamento de efetivação dos jovens no time. Se vai mal no Brasileiro, termina com jogadores da base e aí vêm algumas fornadas de jovens. Venderam o Maicon para pagar salários e contas atrasadas. Wellington Silva também. Assim, está sempre de pires na mão. Quem precisa de dinheiro correndo, vende mal. Terra - Vasco, Botafogo e Flamengo tiveram mudanças significativas de gestão nos últimos anos, reformulando seus quadros e dando espaço para outros dirigentes. Horcades está no cargo desde 2005 e já entrou como sucessor de um mesmo grupo político do ex-presidente David Fischel, que assumiu em 2001. Você sente que é o momento do Fluminense fazer igual e mudar?

Peter - É uma chance ímpar para o clube. Nosso grupo tem espírito jovem, vitorioso. Quem lê o Flu Sócio, vê como somos xerifes implacáveis da situação. Briga quando tem que brigar, ataca a má gestão. É o nosso espírito.

Peter Siemsen concorre à presidência do Flu em novembro: eleições na reta final da Série A
Peter Siemsen concorre à presidência do Flu em novembro: eleições na reta final da Série A
Foto: Flu Sócio / Divulgação
Fonte: Redação Terra
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