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Com sofrimento, Fluminense bate Guarani e é bicampeão brasileiro

5 dez 2010 - 18h59
(atualizado às 20h58)
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Dassler Marques
Direto do Rio de Janeiro

O Campeonato Brasileiro de 2010 é verde, grená e branco. É do Fluminense, de Dario Conca, de Muricy Ramalho e de todo o time de guerreiros tricolores. Não deu para Cruzeiro e nem para o Corinthians, mas sim para o Flu. Com mais de 40 mil torcedores no Engenhão, a equipe carioca venceu o Guarani por 1 a 0, com gol do salvador Emerson, e levará a taça para as Laranjeiras.

A vitória do título teve a marca maior deste Fluminense de quem raramente se viu um futebol envolvente e bailarino. O Flu é campeão porque teve sempre fibra e alma de campeão, o que o agora tetracampeão Muricy ajudou a grudar com conquistas na camisa do São Paulo. O Guarani foi pouco ameaçado, mas raramente conseguiu chegar à frente, e sucumbiu diante de Emerson, homem de oito gols em 11 jogos disputados neste Brasileiro.

O competitivo Fluminense, campeão com a defesa menos vazada da competição, ganha aquele que considera seu terceiro título no Brasileiro. Dono do Robertão de 1970 e do Brasileiro de 1984, tem também agora a taça de 2010 para sua sala de troféus. Com gente vitoriosa como Muricy, encerrou o estigma de perder dentro de seus domínios conquistas que pareciam imperdíveis, como a Copa do Brasil de 2005 e a Copa Libertadores de 2008.

Líder do Brasileiro ao fim de 23 das 38 rodadas, número jamais atingido por cruzeirenses ou corintianos, o Fluminense completa um ciclo na Série A que tem contornos cinematográficos. A seis jogos do fim da edição 2009, era o lanterna da competição e respirava por aparelhos com a morte quase decretada.

Cuca, hoje o comandante do Cruzeiro, arrancou seis vitórias consecutivas e, na rodada fim, se salvou em uma batalha contra o Coritiba, no Couto Pereira, graças a um gol de Marquinho. A segunda parte dessa história fantástica tem Muricy Ramalho à frente do barco tricolor, Conca como o maior protagonista em campo e um final de Hollywood para os tricolores.

Campeão com 71 pontos ganhos, o Flu terá novo presidente, Peter Siemsen, e novos métodos de trabalho em 2011. É muito provável, porém, que mantenha sua base campeã, e possa fazer o que só conseguiu durante 30 minutos, diante do Palmeiras, deste Brasileiro: ter suas quatro estrelas ofensivas em campo. Deco, Fred e Emerson sofreram com as lesões e fomaram o contraste brutal com Conca, único jogador de linha a participar dos 38 jogos da Série A - sempre como titular.

Primeiro tempo: Fluminense nervoso e sem finalizar

Muito nervosismo, passes longos em demasia e dificuldade em finalizar. O Fluminense teve 45 minutos para tentar a vitória que lhe garantiria o título, mas falhou na primeira parte da missão. Bem fechado, o Guarani praticamente não correu riscos e, se Cruzeiro e Corinthians não faziam a sua parte, fez a dele. A equipe de Vagner Mancini, treinador que tirou a Copa do Brasil de 2005 do Flu, chegou a ameaçar algumas estocadas rápidas, mas se deu por satisfeita por impedir o time da casa de chegar à área.

Parte das dificuldades do Fluminense foi justificada pela sensível mudança que Muricy Ramalho realizou no desenho tático de seu time para tentar suprir as ausências de Deco, lesionado, e do substituto Tartá, suspenso. Valencia virou zagueiro e ficou preso entre Gum e Leandro Euzébio para tentar soltar os dois alas. Com a marcação do Guarani forte ao redor da área, sobrou para Diguinho a incumbência de organizar. Nervoso, o volante foi o pior em campo na primeira parte.

O Guarani, em um raro sistema de três zagueiros com Mancini, sofreu pouco perigo. Em 30min, o Fluminense só chegou duas vezes até a área. Na primeira, Júlio César foi quem recolheu a bola na frente e rolou bem para Emerson, que deixou a bola passar. Depois, na bola aérea de Conca, que Fred, livre, cabeceou para fora.

Aos 31min, reapareceu Emerson. Em bonita tabela com Conca, ele conseguiu romper a marcação e se aproximar da pequena área, mas acabou travado pela defesa do Guarani. O Flu nesse momento esboçava uma pressão e conseguiu levantar enfim sua torcida: Mariano cruzou para Fred, que mais uma vez tentou de cabeça - e foi parado pelo goleiro adversário.

Com dificuldades para tocar a bola, o Fluminense encontrou na bola pelo alto um recurso que Muricy Ramalho gosta. Assim, Mariano levantou de novo e Emerson ajeitou para Fred tentar bater a gol. Marcado, o camisa 9 não ameaçou. A chegada de verdade do Guarani foi aos 39min. Em escanteio, bola desviada de cabeça ficou limpa para Reinaldo, que diante da pequena área se esticou e só conseguiu raspar na bola.

Se lançando à frente, o Flu levou um susto no contra-ataque e respondeu na última jogada da primeira etapa. Conca resolveu tentar jogada pessoal, arrancou até a frente e lançou para Emerson, que não teve equilíbrio e só empurrou até a meta do Guarani. Assim, os dois times partiram para o vestiário: o Fluminense ciente de que precisava ter outra atitude nos últimos 45 minutos do Campeonato Brasileiro, embora seguisse líder e naturalmente campeão com os empates de Corinthians e Cruzeiro.

Segundo tempo: Emerson confirma o título

O Fluminense não fez substituições, mas ao menos ameaçou uma atitude diferente no retorno do intervalo. Com Valencia enfim jogando como volante, marcou mais à frente e conseguiu fazer a torcida tricolor jogar junto. Carlinhos já havia assustado ao invadir a área pela esquerda e cruzar para o meio e, apesar de faltar a finalização, assustar o Guarani. E foi com Carlinhos que começou a jogada do gol que encheu o Engenhão de esperança. O lateral foi ao fundo e botou no primeiro pau para Washington, de cabeça, tentar a finalização. Atento, Emerson pegou a sobra e não perdoou. Assim, o título brasileiro já ia ficando com as três cores do Flu.

O gol do herói Emerson teve sabor especial também para Washington. Se não encerrou o longo jejum que carrega desde 15 de setembro, quando marcou diante do Corinthians, ele participou diretamente do lance do título. Pouco depois de entrar no lugar do lesionado Júlio César, ele apareceu em sua melhor característica, de cabeça, na jogada mais importante da partida. Alguns minutos depois, Washington ainda recebeu na frente do gol, mas chutou fraco.

Sem grandes perspectivas, o Guarani resolveu tentar o ataque. Vagner Mancini mandou a campo Geovane e os jovens Pablo e Douglas, ambos cotados até para começar jogando. A marcação forte do Fluminense, em êxtase com o título se encaminhando, impedia o adversário de se aproximar da área. Conca, em jogada individual, quase chegou na meta de Emerson em bonita arrancada. Rodriguinho, aos 38min, também ficou perto de ampliar. Depois de lançamento da defesa, ganhou da marcação em velocidade. Nesse momento, não havia mais dúvidas de quem era o campeão brasileiro de 2010. O Fluminense foi totalmente seguro e não deixou nenhuma possibilidade aos seu rival.

FICHA TÉCNICA

Fluminense 1 x 0 Guarani

Gols
Fluminense:
Emerson, aos 16min do segundo tempo

Ponto Forte do Fluminense
Conca, que mais uma vez comandou o time em campo

Ponto Forte do Guarani
Marcação e valorização da posse de bola na etapa inicial

Ponto Fraco do Fluminense
Nervosismo dos jogadores

Ponto Fraco do Guarani
Ataque inoperante

Personagem do jogo
Emerson, autor do gol do bicampeonato tricolor

Esquema Tático do Fluminense
3-4-1-2
Ricardo Berna; Gum, Valencia e Leandro Euzébio; Mariano, Diguinho, Júlio César (Washington) e Carlinhos; Conca; Emerson (Rodriguinho) e Fred (Fernando Bob); técnico Muricy Ramalho

Esquema Tático do Guarani
3-4-2-1
Emerson; Guilherme (Pablo), Aislan e Aílson; Apodi, Maycon, Paulinho e Fabiano; Ronaldo e Márcio Careca (Geovane); Reinaldo (Douglas); técnico Vagner Mancini

Cartões Amarelos
Fluminense: Mariano, Gum e Emerson

Guarani: Ailson, Fabiano, Maycon e Paulinho

Árbitro
Carlos Eugênio Simon (RS)

Local
Estádio Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ)

Fonte: Terra
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