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Em alta, Renato foge dos pecados capitais do jogador repatriado

6 out 2011 - 13h11
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Dassler Marques

Voltar do exterior ao futebol brasileiro e rapidamente jogar em alto nível é coisa para poucos. Completar 17 partidas consecutivas com 90 minutos sem se lesionar nem ser suspenso, para menos jogadores ainda. Fazer tudo isso e ainda disputar o título brasileiro, em 2011, é uma exclusividade de Renato, uma das principais razões para o Botafogo anunciar que fará sua melhor campanha na Série A desde o título de 1995.

Esse processo de retorno, tão difícil para a maioria dos jogadores repatriados, também não foi simples para Renato. Meia-atacante no Sevilla, seu único clube na Europa por sete temporadas, ele foi reposicionado por Caio Júnior na função de volante e, aos 32 anos, continua com o mesmo fôlego e marcação leal e implacável nos tempos de Santos.

Para o Botafogo, Renato é alguém que conhece o caminho das pedras, pois até hoje no clube santista tem status de herói pela participação no título brasileiro de 2002. A ponto de admitir, nesta entrevista exclusiva ao Terra, que sua meta era retornar à Vila Belmiro e que até por isso descartou a possibilidade de jogar por São Paulo ou Corinthians.

Abaixo, confira os sete pecados capitais dos jogadores repatriados, uma categoria em que Renato definitivamente não se enquadra. Aos 32 anos, é um dos grandes nomes do Campeonato Brasileiro 2011.

I - PONDERAR A HORA CERTA DE VOLTAR

"A intenção era permanecer na Europa, mas conversei com a família e decidimos. Sabia da responsabilidade que ia encontrar e teria de provar de novo o que fiz antes de ir para a Europa"

"A proposta do Botafogo surpreendeu a todo mundo. Fui informado em uma sexta-feira e jogaria sábado contra o Espanyol. Meu procurador disse que era uma proposta boa e queriam alguém de peso lá dentro, alguém que ajudasse e somasse ao time. Falei com minha esposa e fiquei até mais tarde falando sobre isso. Conversamos bastante, ficamos meio assim em relação ao filho mais velho que estava na escola, conversamos muito, analisamos e voltamos para morar no Rio"

Casos de: Gilberto Silva (Grêmio) e Jô (Internacional)

II - ANALISAR AS PROPOSTAS PARA ESCOLHER O CLUBE CERTO

"Não tive outras propostas concretas e perguntei sobre o Santos porque meu desejo era de voltar para lá porque tenho um carinho enorme. Houve uma conversa, mas não proposta porque o Santos tinha problema de renovar com o Ganso. Houve uma conversa rápida e o Botafogo fez uma proposta, então acabamos aceitando. O Andrés (presidente do Corinthians) veio falar comigo, mas não queria voltar a São Paulo se não fosse ao Santos, e não conversei com ele. Especularam o Flamengo, não no papel não teve proposta"

"Quando eu já estava voltando, o Luís Fabiano falou 'vem para cá'. Ele falou 'não assina, vem pra cá, vamos conversar'"

Caso de: Guilherme (Atlético-MG)

III - CUIDAR DA PARTE FÍSICA

"O Botafogo deu total confiança principalmente quando cheguei, foi importante que tive uma folga. Eu tinha ritmo de jogo, era final de temporada e estava bem fisicamente. Tinha feito pré-temporada lá (em Sevilla), mas conversei com o preparador físico (do Botafogo) em ter folga porque não podia faltar perna em novembro"

"Entrei em acordo sobre folga, aceitaram, tive descanso e fiz um trabalho para não ficar inativo. Foi o fator primordial para voltar com confiança"

Casos de: Ibson (Santos) e Cribari (Cruzeiro)

IV - SE PREPARAR PARA UMA READAPTAÇÃO TÁTICA

"Faltou entrosamento nos primeiros jogos, mas isso foi passando jogo a jogo. É uma posição muito difícil de se jogar aqui no Brasil, porque surgem muitos talentos no meio-campo e procuro me destacar na marcação e na armação"

"Conversei com o Caio (Júnior) antes da estreia e ele me mostrou como queria que eu atuasse, de que maneira seria e eu disse que na Espanha joguei até como segundo atacante. Ele me queria jogando como segundo volante, para sair com a bola, e a função é igual da época do Santos"

Casos de: Dudu Cearense (Atlético-MG), Denílson (São Paulo) e Mancini (Atlético-MG)

V - SE AMBIENTAR AO CLUBE E SE SENTIR EM CASA

"Aqui tem um conjunto maravilhoso e um grupo que tem crescido. Assim como foi com o Santos, tem muitos jogadores subindo da base e o Botafogo acredita muito nisso, dá oportunidades aos garotos. Hoje estou adaptado ao clube, aos jogadores e foi tudo muito rápido. São jogos sábado e quarta, concentrações e lá na Espanha não concentrava quando o time jogava em casa"

VI - TER COM QUEM DIVIDIR AS RESPONSABILIDADES

"Não conhecia o Elkeson, que o Fluminense também queria e o Botafogo conseguiu trazer. É um menino que tem crescido muito, que chuta bem, tem força física e é jovem. O Cortês mostrou que tem um grande potencial, o Maicosuel voltou de uma lesão grave e muitos não acreditavam que ele poderia jogar futebol, até pelo porte físico dele, que é magrinho"

"O Antônio (Carlos) e o Fábio (Ferreira) estão muito bem, a gente conhece o Jefferson, tem o Lucas jogando no lugar do Alessandro e aproveitando as oportunidades, o Marcelo (Mattos) e eu nos encontramos bem, conversamos para melhorar, e o Herrera e Loco (Abreu) têm entrosamento

Caso de: Bobô (Cruzeiro)

VII - NÃO CHEGAR COMO A GRANDE LIDERANÇA DO TIME

"O Loco Abreu é um cara extrovertido. Quando está fora de campo, brinca bastante e tem essa liderança natural. Dentro de campo, está sempre querendo ganhar e mostra que temos que fazer história no clube. Se perder, que seja porque o adversário foi superior. Ele quer ganhar sempre, incentiva os mais jovens e é extraordinário"

Caso de: Henrique (Palmeiras)

- Os principais números de Renato segundo o Footstats

Jogos - 17

Desarmes - 2,6 por jogo

Passes - 38,5 por jogo

Acerto de passes - 91,1%

Assistências - 4 passes para gol

Faltas cometidas - 1,3 por jogo

Cartões - 2 amarelos

Desde sua estreia, Renato já soma 17 partidas consecutivas com 90 minutos em campo pelo Botafogo
Desde sua estreia, Renato já soma 17 partidas consecutivas com 90 minutos em campo pelo Botafogo
Foto: Fernando Soutello / Gazeta Press
Fonte: Terra
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