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De faixas viradas a "Barcelusa", saiba como Portuguesa reinou na Série B

8 nov 2011 - 22h21
(atualizado às 23h37)
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Diego Garcia

Foram incríveis 20 vitórias e apenas três derrotas em 35 partidas disputadas, além de 73 gols marcados e um espantoso aproveitamento próximo a 70% dos pontos conquistados. Foi assim, com uma campanha irretocável, que a Portuguesa reinou no Campeonato Brasileiro da Série B, conseguiu acabar com a síndrome das faixas viradas, virou "Barcelusa" - com referência ao poderoso time espanhol - e conquistou o título nacional com três rodadas de antecedência nesta terça-feira, ao empatar com o Sport por 2 a 2, no Canindé.

O resultado desta terça veio apenas para coroar uma campanha brilhante do time rubro-verde, que retornou à elite do futebol brasileiro após três anos de ausência. A Portuguesa foi soberana na segunda divisão do campeonato, tanto quando atuou dentro quanto fora dos seus domínios. Jogando em casa, a equipe paulista triunfou em 12 de 18 confrontos, marcou 43 gols e só sucumbiu em dois duelos - contra ABC, por 3 a 2, e Vila Nova, por 1 a 0. Já como visitante, foram oito vitórias e apenas um revés, contra o Asa, por 2 a 0.

Por isso, e graças às atuações brilhantes dos principais destaques da equipe no torneio, como o atacante Edno, o meia Marco Antônio, o volante Guilherme, e também à liderança do técnico Jorginho, a Portuguesa soube superar alguns "traumas" - entre eles, a lesão de Ferdinando e as constantes faixas viradas por sua torcida no Estádio do Canindé - e se consagrou como a campeã da temporada na segunda divisão. Enfim, a "Barcelusa" está de volta à Série A.

Principais destaques da campanha:

Edno - Antes ídolo da Portuguesa, onde chegou em meados de 2008 e logo conquistou a exigente torcida rubro-verde, Edno virou "persona non grata" no Canindé quando optou por se transferir para o Corinthians, no final de 2009. Entretanto, fracassou no Parque São Jorge, foi para o Botafogo e voltou para a Portuguesa por empréstimo.

Após uma estreia nula contra o Grêmio Barueri e outra atuação apagada diante do Guarani - jogo em que foi inclusive hostilizado pelos torcedores -, Edno deu a volta por cima e, atuando como falso centroavante, virou comandante de uma reação imprescindível do clube rubro-verde. Marcou seis gols na sequência de três goleadas contra Bragantino (5 a 0), Goiás (4 a 1) e São Caetano (5 a 2), além de outros seis tentos e nove assistências ao longo da irretocável campanha do título.

Jorginho - Após um bom trabalho no Palmeiras, quando fez bonito no cargo deixado pelo demitido Vanderlei Luxemburgo, e mesmo assim viu Muricy Ramalho assumir e desperdiçar até a vaga na Libertadores, o técnico Jorginho teve passagens apagadas por Goiás e Ponte Preta antes de chegar ao Canindé. Com a Portuguesa, entretanto, o treinador conseguiu enfim sorrir.

Deu um padrão de jogo semelhante ao do Barcelona, com dois zagueiros (Rogério e Matheus), dois alas que avançam ao ataque (Luis Ricardo e Marcelo Cordeiro), um volante de contenção (Ferdinando), dois meias que marcam e apoiam (Guilherme e Marco Antônio), dois pontas que sobem e descem (Henrique e Ananias) e um falso centroavante (Edno), e fez da Portuguesa o melhor time da Série B.

Setor defensivo impecável: Com Weverton no gol, Rogério e Mateus como dupla de zaga, Marcelo Cordeiro na ala esquerda e Luis Ricardo pela direita, Jorginho montou uma das melhores defesas dos últimos anos da Portuguesa. Para se ter uma ideia, os quatro deram, juntos, 264 desarmes ao longo da competição.

Rogério e Mateus, que vieram dos desconhecidos Uberlândia-MG e Ypiranga-RS, substituíram os "consagrados" Domingos e Preto Costa e Preto Costa, e deram conta do recado. Já Cordeiro e Ricardo imperaram nas laterais do campo e efetuaram, na somatória de seus números, incríveis 18 assistências para gols do time rubro-verde.

Meio de campo montado - Há dois anos no Canindé, o meia Marco Antônio deixou o status anterior de criticado e constantemente vaiado pela torcida e virou o "Iniesta" do time que foi apelidado de "Barcelusa" pelos torcedores mais exaltados. Capitão da equipe, o atleta foi o principal pilar do meio de campo rubro-verde e comandou o setor com nove assistências e seis gols.

Já Ferdinando e Guilherme foram os "equivalentes" a, respectivamente, Xavi e Busquets no esquema tático do poderoso clube catalão. O primeiro funcionava como um "cão-de-guarda¿ da defesa, posicionando-se no setor defensivo principalmente quando Luis Ricardo e Marcelo Cordeiro avançavam ao ataque. Contudo, se lesionou contra o Goiás no final de setembro e virou desfalque até o fim do ano. Guilherme, por sua vez, reinou no meio de campo ao lado de Marco Antônio e deve se transferir para o Corinthians na próxima temporada. Acabou recuado com a lesão de Ferdinando.

Jogos-chave do título da Portuguesa:

Portuguesa 4 x 0 Náutico: o time rubro-verde começou o Campeonato Brasileiro a todo vapor, despachando o futuro vice-líder Náutico com uma acachapante goleada por 4 a 0 na estreia. Jorge Fellipe, Ananias, Guilherme e Henrique marcaram os gols do confronto, que apesar de marcante, não serviu para embalar a equipe logo de cara no torneio.

Portuguesa 2 x 3 ABC: a derrota, ocorrida ainda na terceira rodada, caiu como um balde de água fria na animada Portuguesa que havia goleado o Náutico dias antes. Em casa, o time paulista cometeu diversos erros e não foi nem sombra do que seria mais à frente. O revés serviria para ajudar a levantar os ânimos da equipe que embalaria semanas depois.

Portuguesa 5 x 0 Bragantino: o massacre diante da equipe de Bragança foi o primeiro se uma série de três goleadas e também a verdadeira "reestreia" de Edno, que havia atuado de maneira apagada contra Barueri e Guarani nos jogos anteriores e fora até vaiado pela torcida. Com seis gols do camisa 11 em três jogos, a equipe rubro-verde despachou na sequência Goiás (4 a 1, no Serra Dourada) e São Caetano (5 a 2, no Canindé) e ganhou de vez o apelido de "Barcelusa".

Ponte Preta 0 x 3 Portuguesa: no duelo dos líderes, a Portuguesa surpreendeu a Ponte no Moisés Lucarelli e aplicou sonoros 3 a 0, com gols de Leandro Love, Mateus e Raí. Foi a partir desse triunfo que o time da capital embalou, abriu quatro pontos de diferença para a segunda colocada campineira e disparou na liderança da Série B.

Sport 2 x 3 Portuguesa: em uma das partidas mais difíceis do ano, o clube rubro-verde conseguiu impôr seu estilo de jogo ofensivo novamente fora de casa e derrotou o forte time do Sport diante de uma Ilha do Retiro lotada, coroando uma série de sete jogos sem perder. Marco Antônio, Henrique e Edno marcaram os tentos da vitória.

Portuguesa 2 x 1 Paraná: o suado triunfo contra os paranaenses não podia vir em melhor hora. A Portuguesa vinha em má fase com uma série de quatro jogos sem vencer e conseguiu quebrar o incômodo jejum. Com gols de Edno e Cleiton, a equipe paulista conseguiu se reerguer e voltar a jogar aquele futebol que encantou o Brasil no início do torneio.

Portuguesa 3 x 2 Vitória: a equipe paulista fez sofrer sua apaixonada torcida neste dia, mas conseguiu uma emocionante virada contra o Vitória, com tentos de Henrique, Leandro Silva e Edno. O triunfo ficou marcado na campanha rubro-verde como o responsável por fazer a torcida "desvirar" as faixas que permaneciam viradas no Canindé e fazer de vez as pazes com o clube.

Americana 2 x 3 Portuguesa: Em partida eletrizante, a Portuguesa selou seu acesso ao virar contra o Americana fora de casa e garantiu o acesso matemático à Série A do Brasileiro. O clube rubro-verde saiu perdendo por 1 a 0, virou com gols de Léo Silva, Marco Antõnio e Ivo e pode comemorar de vez seu regresso à elite do futebol brasileiro.

Portuguesa 2 x 2 Sport: no jogo do título, a equipe do Canindé novamente penou para fazer valer seu estilo de jogo ofensivo. Sofreu um gol no início, não desanimou e alcançou o empate na etapa complementar, com Marco Antônio - o segundo foi de Luis Ricardo. Nos minutos finais, sofreu para segurar o resultado, mas escutou o apito final e, enfim, saiu para celebrar o primeiro troféu nacional de sua história.

Torcida da Portuguesa comemora o título da Série B no Canindé
Torcida da Portuguesa comemora o título da Série B no Canindé
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Fonte: Terra
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