PUBLICIDADE
Logo do Corinthians

Corinthians

Favoritar Time

Em 415 dias, Tite barra estrelas e supera "fantasmas" pessoais

4 dez 2011 - 20h58
(atualizado em 5/12/2011 às 00h50)
Compartilhar
Diego Garcia
Emanuel Colombari
Direto de São Paulo

O Corinthians vivia crise interna após demitir Adilson Batista do cargo de técnico. Antes líder do Campeonato Brasileiro 2010 e então no terceiro posto, a oito rodadas do fim do torneio, o clube buscou dos Emirados Árabes o gaúcho Tite, que treinou o time em 2004/05. Sob críticas da torcida ele chegou e, mesmo com oito jogos de invencibilidade, não conseguiu o título. E, por 415 dias até a taça da Série A deste ano, o comandante permaneceu assim: barrou estrelas, encarou os percalços e conviveu com os "fantasmas" da desconfiança até a tão sonhada taça.

» Veja elenco, campanha e baixe pôster do Corinthians campeão

» Veja mais de 70 fotos da conquista corintiana

» De toliminado a penta, saiba como Corinthians renasceu em 2011

» Em 415 dias, Tite barra estrelas e supera fantasmas pessoais

Campeão nacional com o Corinthians neste domingo, após empate por 0 a 0 com o arquirrival Palmeiras, o técnico atingiu a maior glória da carreira. Se antes o troféu da Copa do Brasil 2001 com o Grêmio, ao lado da Copa Sul-Americana de 2009 com o Inter, eram as mais importantes conquistas dele, agora o gaúcho tem a taça do Brasileiro como maior feito na carreira.

Perda do Brasileiro e queda na Libertadores:

E não foi fácil. Tite chegou ao Parque São Jorge debaixo de oposição da torcida, que preferia o consagrado Carlos Alberto Parreira. Com a árdua missão de levar a equipe ao título de 2010, o treinador fez sua parte - venceu cinco e empatou três de oito jogos -, mas não foi o bastante para garantir sequer o segundo lugar, conquistado pelo Cruzeiro. E o tropeço na última rodada contra o rebaixado Goiás custaria caro.

Classificado apenas à primeira fase da Libertadores, o Corinthians precisaria passar por um mata-mata para avançar à etapa de grupos. Diante do modesto Tolima-COL, o time paulista sucumbiu e deu adeus à competição sem sequer entrar nela. Era um prato cheio para as gozações dos rivais e para a ira do torcedor corintiano, que depredou carros de jogadores, invadiu treinos, pichou muros do CT e pediu a cabeça do técnico.

Permanência, estrelas barradas e grupo unido:

Respaldado pelo presidente Andrés Sanchez, Tite permaneceu no cargo e ganhou novo fôlego com a vitória contra o Palmeiras, quatro dias após a queda na Libertadores. Aos poucos, foi reerguendo a confiança do elenco e ganhando ainda mais o grupo, que passava por período de reformulação: saíram Ronaldo, Roberto Carlos, Jucilei e Bruno César, entre outros, e a equipe perderia a final do Campeonato Paulista para o Santos.

Com a derrota, o Corinthians entrava no Brasileiro sob nova pressão dos torcedores, que queriam a saída do treinador e a chegada de um nome mais imponente. Tite continuou, recebeu estrelas do porte de Adriano, Emerson e Alex, e iniciou a montagem do elenco que seria pentacampeão de maneira peculiar: escalava a equipe não pelo nome, e sim pelo esforço nos treinos e nas partidas.

Dessa forma, barrou o capitão Chicão e o xodó Jorge Henrique, manteve o consagrado Alex no banco - ele acabaria conquistando a posição -, segurou Julio Cesar mesmo com a chegada da promessa Renan, colocava Emerson muitas vezes entre os reservas e não deixava Adriano, quando se recuperou de lesão, sequer entre os suplentes em algumas ocasiões. Confiando nos esforçados Willian, Paulo André, Fábio Santos, Danilo, entre outros, deu ao grupo a confiança necessária para brigar por ele.

Estabelecendo a união do elenco, Tite ganhou aliados importantes e formou um grupo de jogadores que incorporou a alma do Corinthians. Com viradas, vitórias, empates e atuações de garra, o time alvinegro viu os jogadores brigarem a cada jogada, a cada minuto e até o fim. Ao estilo corintiano, a equipe de 2011 levou o penta brasileiro do jeito que o torcedor gosta.

Saiba mais sobre a carreira do técnico Adenor Leonardo Bachi Filho, o Tite:

Natural de Caxias do Sul, Tite, 50 anos, começou a carreira no modesto Guarany de Garibaldi, em 1990. Passou por Veranópolis, Ypiranga de Erechim e Juventude até chegar ao Grêmio, logo após dar o título gaúcho ao Caxias. No time tricolor, venceria o Estadual e a Copa do Brasil e se firmaria em cenário nacional como promissor treinador. Passou pelo São Caetano antes de assumir o Corinthians pela primeira vez, em 2004.

Na passagem inicial pelo Parque São Jorge, salvou a equipe que beirava o rebaixamento e o levou a um honroso quinto lugar. Entretanto, vivia sob desconfiados olhares dos torcedores, que o julgavam defensivo demais para o Corinthians. Justamente por isso não duraria no clube e cairia logo no ano seguinte, com a chegada das estrelas Carlos Tevez, Javier Mascherano, Roger, e, principalmente, do iraniano dirigente Kia Joorabchian.

Rodou por Atlético-MG, Palmeiras, Al-Ain-EAU, Internacional e Al-Wahda-EAU, com maior destaque apenas pelo time colorado, onde venceu o Gaúcho de 2008, a Copa Sul-Americana de 2009 e a Copa Suruga Bank do mesmo ano. Contudo, convivia em constante conflito com os torcedores, que exigiam mudanças.

Acabou novamente no futebol árabe, pouco antes de ser convidado para assumir o Corinthians. Aceitou, voltou, enfrentou a desconfiança e a pressão de 30 milhões de torcedores. Corintianos que, agora, são pentacampeões brasileiros. E Tite, seu mais novo herói.

Técnico do Corinthians abraça presidente Andrés Sanchez após o título brasileiro
Técnico do Corinthians abraça presidente Andrés Sanchez após o título brasileiro
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade