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Cabañas "some" e frustra Tanabi; venda de camisa vira guerra

Anunciado com estardalhaço pelo Tanabi, atacante pode trocar o clube pelo Grêmio Barueri sem nem mesmo estrear, frustrando presidente; compradores de camisa do jogador reclamam de possível calote

6 mai 2014 - 08h34
(atualizado às 08h57)
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<p>Salvador Cabañas (à esquerda) e Irineu Alves Ferreira Filho (à direita): grande contratação do Tanabi para 2014 foi recebido com festa, mas voltou ao Paraguai e sumiu</p>
Salvador Cabañas (à esquerda) e Irineu Alves Ferreira Filho (à direita): grande contratação do Tanabi para 2014 foi recebido com festa, mas voltou ao Paraguai e sumiu
Foto: Marcelo Ferreira Fotos / Divulgação

O atacante paraguaio Salvador Cabañas nem estreou no Tanabi, clube que disputa a Segunda Divisão do Campeonato Paulista, mas já deverá sair. Com proposta para atuar pelo Grêmio Barueri, o jogador, 33 anos, pode nem sequer entrar em campo oficialmente pelo clube alviverde. E esse não é nem o único problema para a torcida tanabiense.

O primeiro problema é a demora para que o paraguaio finalmente estreie. Anunciado em março e apresentado no começo de abril, o atacante chegou a assistir in loco ao jogo Tanabi 2 x 2 Olímpia pela quarta divisão paulista, no dia 6 de abril. Depois disso, voltou a Assunção para buscar uma documentação exigida em sua inscrição na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e nunca mais voltou.

Neste intervalo, surgiu o interesse (oficial) do Grêmio Barueri em contar com o jogador para a disputa da Série D do Campeonato Brasileiro em 2014 e para a Série A3 do Campeonato Paulista de 2015. O Tanabi, mesmo sem ter promovido a estreia do astro paraguaio, aceitou negociá-lo. Assim, cabe ao próprio Cabañas decidir se jogará pelo Tanabi e depois pelo Barueri, se atuará apenas do Barueri, se atuará apenas pelo Tanabi e depois descansará, ou se nenhuma destas opções.

“Há este interesse. Ele (Grêmio Barueri) teve uma proposta direta. Nós fizemos uma reunião com o presidente do Barueri (Alberto Ferrari). Ele fez uma proposta de contrato para um ano, diante da qual ele (Cabañas) foi para o Paraguai para consultar”, disse o presidente do Tanabi, Irineu Alves Ferreira Filho, em contato por telefone com o Terra. “O nosso objetivo era dar a ele uma oportunidade de jogar futebol. A partir do momento que ele tenha oportunidade de jogar, não tem problema para o clube liberar, mesmo sem jogar”, completou.

<p>Recebido com festa, atacante paraguaio pode reforçar o Grêmio Barueri sem nem mesmo estrear oficialmente pelo Tanabi</p>
Recebido com festa, atacante paraguaio pode reforçar o Grêmio Barueri sem nem mesmo estrear oficialmente pelo Tanabi
Foto: Facebook / Reprodução

A estreia de Cabañas pelo Tanabi pode ser bastante simbólica, já que o clube anunciou um amistoso contra o Grêmio Barueri para o dia 18 de de maio, domingo, no Estádio Municipal Prefeito Alberto Victolo. Dias depois, os dois times devem fazer o “amistoso de volta” na Arena Barueri. Cabañas deve atuar nos dois, em jogos que ganham tons de despedida de quem ainda nem chegou.

“Jogar, ele vai jogar. Se é oficial ou não... Essa apresentação já está confirmada. Haverá outro jogo em Barueri, na quarta (21 de maio) ou quinta seguinte (22 de maio), está confirmado. Se der para inscrever no campeonato de novo... Se não der, pode ser uma despedida”, confirmou Irineu.

O retorno de Cabañas ao Brasil deveria ter acontecido em algumas ocasiões – a última delas na última sexta-feira (2 de maio). Para o presidente do Tanabi, a culpa é do próprio atleta, que demonstra pouco interesse em atuar, e estaria até mesmo dificultando o contato com os dirigentes tanabienses.

“Faltou um pouco de interesse do próprio jogador. (A contratação) não foi para enganar ninguém. Não deu para inscrever porque ele não veio com o documento”, afirmou. “Eu não estou tendo contato com ele como eu tenho com você, assim, de conversar mesmo. É difícil saber o que está acontecendo, se ele só queria aparecer”, acrescentou.

Segundo problema: venda de camisas

Enquanto Cabañas não chega (de verdade) ao Tanabi, os fãs esperam a entrega das camisas do jogador. A venda dos itens foi anunciada na internet no final de março ao preço de R$ 80. Algumas delas chegariam aos compradores com o autógrafo do próprio Salvador Cabañas.

Só que, desde que os compradores se manifestaram e depositaram os valores pedidos pelo clube, nenhuma das camisas foi entregue. Segundo um comunicado divulgado pelos responsáveis pela venda, “foi pedido uma quantidade grande para a fábrica, e com isto ela demorou a entregar”. Mesmo se elas tivessem chegado, não chegariam autografadas aos compradores em decorrência da viagem sem volta de Cabañas ao Paraguai.

<p>Colecionadores e torcedores se interessaram pela camisa de Cabañas, cuja venda foi anunciada no final de março; mesmo com depósitos feitos, consumidores reclamam de possível calote, mas clube culpa problema com fornecedora</p>
Colecionadores e torcedores se interessaram pela camisa de Cabañas, cuja venda foi anunciada no final de março; mesmo com depósitos feitos, consumidores reclamam de possível calote, mas clube culpa problema com fornecedora
Foto: Divulgação

A demora gerou uma intensa troca de e-mails entre os compradores e os responsáveis pela venda. O Terra teve acesso às mensagens trocadas. Muitas delas criticam um eventual calote, uma vez que os depósitos em conta foram feitos há pelo menos 30 dias.

“Isso é falta de respeito (...). Comprar as coisas de time pequeno é complicado. Será que podemos ir ao Procon ou algo assim?”, questiona um deles. Entre os compradores, já circula o telefone celular do presidente do clube. O tom se divide entre as cobranças mais exaltadas, reforçando a possibilidade de uma consulta com órgãos que defendem do direito do consumidor, e a desolação, diante da possibilidade da saída do atacante para o Grêmio Barueri. “Ele vai sair e ficaremos sem a camisa?”, pergunta outro interessado.

Irineu Alves Ferreira Filho, entretanto, garante que não haverá calote. “Estão chegando. Estou esperando uma pessoa que vem de São Paulo para poder começar a distribuir nesta semana. O problema foi com o fornecedor. Deu uma atrapalhada na confecção”, disse o dirigente. A reportagem tentou entrar em contato com a Bonano Sports, fabricante do uniforme do Tanabi, sem sucesso.

Sucesso nas contratações, nem tanto em campo

A contratação de Salvador Cabañas não é a primeira que causa estardalhaço no Tanabi. Desde que Irineu Alves Ferreira Filho assumiu o clube em 2011, o time já contratou – sempre por poucos jogos – atletas como Túlio Maravilha, Viola, Cristian Silva (irmão do lutador Anderson Silva), Marco Antônio Boiadeiro (aos 47 anos) e Jonnathan Gansinho (irmão do meia Paulo Henrique Ganso).

Apesar dos reforços que ajudaram a colocar o time na mídia, o acesso à Série A3 do Campeonato Paulista ainda não chegou. Em 2014, o time é o lanterna do Grupo 2 da primeira fase da Segunda Divisão, com um empate e três derrotas em quatro jogos. Mesmo assim, o presidente vê com bons olhos as contratações – inclusive a de Cabañas, que veio para reforçar um time montado praticamente na Copa São Paulo de futebol júnior.

<p>Cabañas foi anunciado com o grande reforço para um elenco jovem (foto); sem ele, Tanabi é lanterna do grupo na primeira fase da quarta divisão do Campeonato Paulista, sem vitórias em quatro jogos</p>
Cabañas foi anunciado com o grande reforço para um elenco jovem (foto); sem ele, Tanabi é lanterna do grupo na primeira fase da quarta divisão do Campeonato Paulista, sem vitórias em quatro jogos
Foto: Tanabi EC / Divulgação

“Nós brigamos (para subir). Ficamos em 13º lugar”, afirmou o dirigente, referindo-se à campanha do time em 2013 – o time foi eliminado como lanterna do Grupo 17, na terceira das cinco fases. “Neste ano, nós adotamos um projeto de jogar com a base da Copa São Paulo. Eu estou estruturando o time. Peguei o time parado (em 2011) havia mais de cinco anos. Estou na minha quarta temporada. Temos que subir com os pés no chão. Estou melhorando o clube para ir para um profissional, já que a Segunda Divisão é praticamente semiprofissional. Temos que estar estruturados para isso. Nossa Série B (Segunda Divisão) é Sub-23 e termina em novembro. A Série A3 começa em janeiro. Se você não estiver estruturado, você está perdido”, disse.

O dirigente ainda lembrou as passagens de outros jogadores renomados pelo Tanabi e que alcançaram o resultado alcançado pelo clube. A expectativa é repetir o mesmo com Cabañas antes que ele parta para o Barueri – mas cabe ao próprio paraguaio aparecer na cidade para entrar em campo e encerrar a novela.

“Em 2012, tivemos o projeto do Túlio de fazer os gols que estavam faltando para ir para o Botafogo (o atacante queria marcar seu milésimo gol pelo clube carioca). Ele jogou partidas oficiais para marcar oito gols. No ano passado, em 2013, veio o Viola e nós marcamos dois ou três jogos - que era o que ele podia, porque tinha um compromisso mais para frente. O Boiadeiro veio ajudar a gente, trabalhou com a gente. O problema agora é a comunicação - com o Cabañas, com o assessor dele. Fica difícil”, lamentou.

Fonte: Terra
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