Presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter deu um ultimato à Associação de Futebol do Catar. Responsável por sediar a Copa do Mundo de 2022, a entidade, que vê o país registrar temperaturas na casa dos 50ºC durante o verão, terá que se decidir rapidamente sobre em qual estação os jogos serão realizados, ou então poderá perder o mando.
Após escutar as reclamações do mandatário da Uefa, o francês Michel Platini, sobre o calor excessivo durante as partidas, Blatter declarou: "se os árabes quiserem mudar o calendário, trarão as competições dos Estados Unidos, Austrália, Coréia do Sul e Japão, que também querem sediar o Mundial".
No entanto, é necessário, primeiramente, o pedido formal dos catarianos. "Para que a Copa do Mundo seja disputada durante o inverno, é necessário que o Catar peça por isso. E eles não pediram nada ainda", encerrou Blatter, reafirmando que poderia haver uma outra votação para a escolha da sede.
O Mundial de 2022 já passou por outra polêmica. Após o país ser escolhido como sede, a revista France Football informou que a eleição foi fraudulenta. De acordo com as informações da publicação, autoridades do país compraram votos e apoio de diversos personagens do futebol.
A edição desta semana da revista francesa France Football acusa o Catar de comprar votos para obter o direito de organizar da Copa do Mundo de 2022. O veículo publica um dossiê de 20 páginas no qual afirma que os catarianos compraram o Mundial com o beneplácito da França, da Fifa e dos Emirados Árabes, que teriam atuado nesse sentido em uma troca justa. A publicação aponta ainda oito atores decisivos para a definição da sede dessa Copa, entre eles o presidente da Uefa, Michel Platnini, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e o ex-presidente da República Francesa, Nicolas Sarkozy. Entenda a suposta participação desses personagens no caso:
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Nicolas Sarkozy, ex-presidente da República Francesa
Sarkozy teria organizado um encontro secreto no Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente francês, em 23 de novembro de 2010, para firmar acordos de votos para o Catar. Do encontro teriam participado também Michel Platini (presidente da Uefa), Tamin Bin Hamad al-Thaini (príncipe catariano) e o então proprietário do Paris Saint-Germain, que na época pertencia ao grupo americano Colony Capital.
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Michel Platini, presidente da Uefa
Na mesma reunião organizada por Sarkozy, os catarianos teriam se comprometido com o resgate do PSG, devolvendo-o à época de glória, e a criar um canal de televisão que enfraquecesse a potência da rede francesa Canal +. Em troca, Platini deveria deixar de apoiar a candidatura dos Estados Unidos à sede do Mundial de 2022 e apoiar a do Catar, o que de fato fez. Em 2 de dezembro de 2010, o Catar foi confirmado como organizador dessa Copa do Mundo, batendo a concorrência de EUA, Coreia do Sul, Japão e Austrália. Em junho de 2011, o fundo de investimento Qatar Investment Authority, fundado em 2005 para administrar as reservas excedentes de petróleo e gás natural do governo local, comprou 70% do capital do PSG
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Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA)
Dirigente argentino, que também é vice-presidente sênior da Fifa, teria tipo o apoio cooptado pelos catarianos graças a um amistoso entre Brasil e Argentina disputado em novembro de 2010 em Doha, capital do Catar. Segundo a revista, a AFA recebeu cerca de US$ 7 milhões para organizar aquela partida; a seleção alviceleste venceu por 1 a 0, com gol do atacante Lionel Messi
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Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
Teixeira apoiou a candidatura do Catar à sede da Copa do Mundo de 2022. Seu apoio teria sido garantido também devido ao amistoso realizado no País entre Brasil e Argentina. Segundo a revista, a CBF costumava recebe 1,2 milhão de dólares por amistoso, mas naquele jogo faturou 7 milhões de dólares
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Jacques Anouma, ex-presidente da Federação Marfinense de Futebol (FIF)
Segundo a revista, Anouma e o presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), o camaronês Issa Hayatou, receberam US$ 1,5 milhão cada para votar em favor do Catar. Trata-se de uma acusação antiga, feita em 2011 por Phaedra Almajid, ex-integrante da campanha do Catar para a Copa de 2022. Posteriormente, Almajid voltou atrás das acusações e disse ter sido motivada pela raiva que sentiu após perder o emprego. A publicação francesa aponta ainda que o Catar investiu US$ 1,25 milhão num congresso da CAF para ter acesso exclusivo aos quatro eleitores do continente
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Tamin Bin Hamad al-Thaini, príncipe do Catar
Teria se comprometido a prestar favores a Sarkozy e Platini em troco de apoio à candidatura do Catar. Ele é o quarto filho do atual emir catariano, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani, e está na linha de sucessão ao trono (a foto é de Mohammed bin Khalifa Al Thani, irmão de Tamin, durante apresentação da candidatura catariana, em setembro de 2010)
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Sandro Rosell, presidente do Barcelona
Ex-responsável de marketing esportivo da Nike na Espanha e em Portugal e atual presidente do Barcelona, o empresário teria tirado benefícios da trama que levou o Catar a receber o direito de sediar o Mundial. Entre os benefícios estaria o patrocínio da Qatar Foundation ou da Qatar Airlines no uniforme do clube catalão
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Mohammed Bin Hammam, ex-presidente da Confederação Asiática de Futebol (AFC)
O dirigente catariano estaria envolvido no centro da armação, dividindo uma soma de US$ 6 milhões com Nicolas Leoz, presidente da Confederação Sul-Americana de futebol, Grondona Julio, ex-presidente da Associação de futebol Argentina, e Rafael Salguero, presidente da Associação de futebol da Guatemala. Bin Hammam foi afastado da Fifa por suspeitas de corrupção para angariar votos na eleição à presidência da entidade