Del Nero prioriza política em 1º mês de gestão na CBF
Empenhado em uma revisão quase completa da MP do Futebol, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, passou boa parte de seus primeiros 36 dias no comando da entidade em campanha política para conseguir a alteração do texto assinado pela presidente Dilma Rousseff, em março. Desde a sua posse na CBF, em 16 de abril, Del Nero já esteve pelo menos duas vezes com o ministro do Esporte, George Hilton. A peregrinação a parlamentares é recíproca. O dirigente tem ido ao encontro deles e também recebido visitas influentes na sede da entidade, mas Hilton cravou que não alterará o texto enviado ao congresso.
Logo na posse, Del Nero quase não teve tempo de dar atenção a tantos ilustres na sede da CBF. Eram vários deputados, ministros de Estado, com George Hilton à frente, desembargadores, além de representantes do Estado e da prefeitura do Rio. Del Nero chegou a conversar reservadamente com o ministro do Esporte, naquele dia, a quem comunicou pessoalmente sua determinação em alterar o texto da MP.
Alguns dias depois, Del Nero foi a Brasília para mobilizar a bancada da bola e pressionar politicos para a revisão da MP. Esteve com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e com o do Senado, Renan Calheiros. Tambem manteve encontro com os ministros do Turismo, Henrique Alves, e o da Justiça, José Eduardo Cardozo. Em um intervalo entre uma conversa e outra de pé de ouvido, sentou-se com o senador Sérgio Petecão, que preside a comissão mista do Congresso para analisar a MP.
Del Nero voltou de Brasília convicto do proveito da viagem. Na semana seguinte, recebeu na CBF o senador Helio José, também do Distrito Federal, e sua comitiva. As informações oficiais trataram a reunião do grupo como uma visita de cortesia. Mas na pauta estava mais uma vez a discussão sobre a MP do Futebol.
O último grupo que foi a Del Nero manifestar apoio em sua empreitada contou com a liderança do senador Valdir Raupp, de Rondônia, e do vice-governador do Estado, Daniel Pereira. Isso em 18 de maio. Os visitantes voltaram para o Norte com camisas autografadas da Seleção Brasileira.
Forte em Brasilia, Del Nero não quis acompanhar de perto a primeira reunião da comissão mista do Congresso, que avalia a MP, em 20 de maio. Despachou para lá o diretor financeiro da CBF, Rogério Caboclo.
O presidente vai manter o foco na aproximação com o parlamento. O pretexto é a MP. Mas políticos mais atentos aos rumos do futebol no País, como o senador Romário, apostam que o lobby tem outros motivos. Um deles seria o de impedir uma nova CPI, como as de 2000 e 2001, que investigasse a CBF e outras entidades esportivas.