Chicão tem números semelhantes aos de M.Carioca
Falta perto da grande área a favor do Corinthians. A torcida se antecipa e comemora como se fosse um gol. O batedor se aproxima e ajeita a bola para a cobrança. Na história do clube do Parque São Jorge, muitos poderiam ser o protagonista dessa cena. Os mais emblemáticos são Marcelinho Carioca e Neto, que se notabilizaram pela perfeição na bola parada. Hoje, porém, a esperança está depositada em pés que atravessam todo o gramado desde seu campo de defesa até chegar na bola. É o zagueiro Chicão. E os números mostram que, até o momento, ele está correndo lado a lado com um dos maiores ídolos do clube: o próprio Marcelinho Carioca.
Marcelinho chegou ao Parque São Jorge em 1994. Em seu primeiro ano e meio no clube, mesmo tempo em que Chicão está no Corinthians, anotou 19 gols de falta em 109 jogos - 11 em 94 e oito até meados de 95. Isso significa que o camisa 7 fez um gol de bola parada a cada cinco jogos com a camisa alvinegra, representando uma média de 0,17 gol por partida.
Ao longo de toda sua trajetória no clube, o meia fez 206 gols, sendo 51 de falta. A cada quatro gols marcados por ele, um foi de falta.
Até agora, Chicão repete a marca de Marcelinho nesse último quesito. Chicão fez 24 gols pelo Corinthians, sendo que seis foram de falta, o que dá exatamente a mesma média do meia: para cada quatro gols, um foi de falta. No entanto, Chicão, embora tenha ótimos números por se tratar de um zagueiro, precisa manter o ritmo para continuar no encalço das estatísticas de Marcelinho. Há um ano e meio no clube (mesmo período analisado pela reportagem em relação ao Marcelinho), em 78 jogos o camisa 3 estufou as redes seis vezes em bola parada - 13 a menos que o jogador do Santo André. Ou seja, um gol a cada 13 jogos. Uma média equivalente à 0,07 gol por jogo.
Marcelinho acredita que os números de Chicão são dignos de respeito. Além disso, ele destaca a importância de se ter um jogador com essas características no time, pois uma bola parada pode definir uma vitória ou até mesmo um título.
"Ele (Chicão) está vivendo uma grande fase e suas atuações estão ajudando o Corinthians. No futebol atual, que é marcado pelo equilíbrio, muitos jogos são decididos através da bola parada. Com isso, este tipo de jogada ganhou ainda mais importância e se tornou uma espécie de vantagem para quem conta com jogadores que tenham essa característica", diz.
Marcelinho foi decisivo nas bolas paradas nas conquistas do Campeonato Paulista contra o Palmeiras e da Copa do Brasil contra o Grêmio, em 95, quando em ambas as partidas fez um gol de falta. Porém, quando questionado sobre quem seria o cobrador oficial no caso de jogar no mesmo time de Chicão, o meia desconversa. "São dois estilos diferentes de cobrar faltas", contemporiza.
Neto, por sua vez, marcou 77 gols pelo Corinthians. No Campeonato Brasileiro de 1990, título mais importante que o jogador conquistou, o meia balançou as redes nove vezes, sendo cinco de falta. "Existe batedor de falta e cobrador de falta. Chicão é cobrador de falta", elogia, referindo-se à precisão do camisa 3. "Hoje temos muito poucos cobradores no Brasil e ele se destaca como um dos melhores e tem que ser mais valorizado justamente por ser um zagueiro", completa.
Também questionado sobre quem seria o cobrador oficial do time caso ele e Chicão atuassem na mesma equipe, o ex-camisa 10 não foi tão político quanto o outro ex-corintiano. "Quem você acha que bateria? Eu era muito melhor", brinca.
A exemplo de Marcelinho em 1995, Chicão pode ser decisivo para a conquista do título da Copa do Brasil nesta quarta-feira, no Beira-Rio, contra o Internacional. Seu retrospecto na competição é positivo. Ano passado, fez um gol contra o Botafogo, no Pacaembu, na semifinal. Em 2009, marcou contra o Fluminense, no Maracanã, pelas quartas.
