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Com medo do legado da Copa, Edmílson vê “Brasil inteiro” em crise

24 abr 2013 - 09h04
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Jogador do Barcelona entre as temporadas de 2004 e 2008, o pentacampeão Edmílson ainda vê o Brasil muito abaixo do que deveria estar a pouco mais de um ano da realização da Copa do Mundo. Na visão do ex-atleta que atuou como zagueiro e volante durante a carreira, o legado do Mundial de 2014 será nulo caso o País não se mobilize por objetivos sociais.

"Não adianta ter grandes teatros, grandes arenas, e não ter grandes atores", sentenciou o ex-jogador de 36 anos, e que agora vive às voltas com cursos de especialização para se tornar treinador ou dirigente em um futuro próximo e, além disso, gerencia a Fundação Edmílson, entidade que atende cerca de 350 crianças carentes na cidade de Taquaritinga, terra natal do jogador cortado da Copa de 2006 por conta de uma lesão no joelho. No mesmo ano, Edmílson deu os primeiros passos com sua Fundação.A principal preocupação de Edmílson é a "crise de princípios" que a sociedade brasileira vive. À GazetaEsportiva.Net, o ex-jogador explicou suas angústias: "Temos encontrado garotos que tinham futuro promissor e que estão abortando suas carreiras por detalhes sociais, não por falta de talento. Treinador, jogador, diretoria, imprensa, todo mundo tem que melhorar. O esporte pode mudar isso, nosso apelo é que tenhamos uma geração diferente, mais produtiva, com cidadãos melhores".

"A minha geração não verá mais uma Copa do Mundo e uma Olimpíada no Brasil, então eu gostaria que nós investíssemos mais na educação, na formação de grandes homens e grandes atletas, não só de jogadores. Antigamente você olhava para clubes europeus e tinha dois ou três brasileiros como referência, hoje não tem mais. Estamos vivendo uma crise de princípios na nossa sociedade, porque quando eu tinha 13, 14 anos se chegasse cabeludo, com brinco ou tatuagem nem entrava em casa", declarou Edmílson, preocupado com os rumos do futebol brasileiro.Entre os quatro semifinalistas da Liga dos Campeões da Europa, nenhum brasileiro ocupa papel de protagonista. O Barcelona, ex-clube de Edmílson, conta com Daniel Alves, Adriano e Rafinha, enquanto no Real Madrid todos atualmente são considerados reservas: Marcelo, Kaká e Casemiro. Nos dois alemães, as funções de defesa têm jogadores à disposição de Luiz Felipe Scolari: Dante, Rafinha e Luiz Gustavo, no Bayern de Munique, e Felipe Santana, no Borussia Dortmund.

"Eu joguei quatro anos no Barcelona e sei que o ensinamento vai desde o menino de 12 anos até o profissional. Do mesmo jeito que se joga no juvenil, no júnior, é como se joga no profissional. Isso no nosso futebol é difícil ser visto. Precisamos pegar as coisas boas de lá e utilizar aqui", disse Edmílson, um dia antes do Barcelona levar 4 a 0 do Bayern de Munique no primeiro jogo das semifinais da Liga dos Campeões da Europa.

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