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Maracanã acirra debate e diz que Carioca é prejuízo certo

28 jan 2015 - 23h11
(atualizado em 29/1/2015 às 08h47)
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<p>Administradora do estádio é contrária aos preços mais baixos nos ingressos</p>
Administradora do estádio é contrária aos preços mais baixos nos ingressos
Foto: Buda Mendes / Getty Images

Após declarações polêmicas do presidente da Ferj, Rubens Lopes, e questionamentos disparados pelo mandatário vascaíno Eurico Miranda, o Consórcio Maracanã divulgou uma nota oficial, nesta quarta-feira, discorrendo sobre sua legitimidade na questão que envolve a redução dos ingressos durante o Campeonato Carioca.

A concessionária não diz textualmente, mas deixa claro que prefere manter o estádio fechado por considerar um prejuízo certo a abertura para "jogos pequenos com baixíssimo potencial de atratividade de público". Ainda mais com ingressos com preços reduzidos.

"Quem pagará a conta do prejuízo líquido e certo com o Campeonato Carioca? A Concessionária? Os Clubes? A Federação? O Governo Estadual e/ou Municipal", questiona a concessionária.

Flamengo e Fluminense não concordam com os valores aprovados no Conselho Arbitral para o Campeonato Estadual, que estabeleceu que os preços ficariam entre R$ 10 e R$ 100 (com direito a meia-entrada). No entanto, o Governo do Rio vai subsidiar a meia-entrada e os valores cairão pela metade, variando entre R$ 5 (jogos entre pequenos) e R$ 50 (clássicos).

No texto, a organização do estádio revela ter responsabilidade em administrar o Maracanã e acrescentou seguir fiel aos clubes com os quais possui contrato - como Flamengo e Fluminense. Já o Vasco rompeu com a concessionária.

Em linhas finais, o Consórcio afirmou não ter assinado a nota irônica exposta pelo Fluminense contra a Ferj, entretanto, destacou o direito de expressão do clube das Laranjeiras.

Confira a nota exposta pelo Consórcio Maracanã na íntegra:

A Concessionária Maracanã vem a público para esclarecer pontos fundamentais sobre suas atribuições e suas relações com clubes e o Campeonato Carioca:

I) Papel da Concessionária Maracanã

Operamos de acordo com o contrato de concessão firmado com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, que determina que o Maracanã mantenha contratos com os clubes cariocas, atendendo às legislações que regem as atribuições de uma operadora de estádio. Além disso, como concessionária, temos o direito e o dever de gerir, operar e manter tanto o Estádio como o Maracanãzinho, além de explorar e zelar pela imagem e pelos espaços de todo o Complexo Maracanã. Temos, portanto, a responsabilidade perante o poder concedente de atuar de forma profissional, garantindo sua sustentabilidade técnica, econômica e financeira.

Desde junho de 2013, já realizamos 136 jogos, com 59 times, do Rio de Janeiro, de outros Estados e Países, como campeonatos Carioca e Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana, além de ter participado da operação da Copa do Mundo 2014. Neste período, tivemos excelente relação com torcedores, jogadores, clubes e entidades organizadoras das competições, atuando sempre em parceria em prol do desenvolvimento do futebol nacional. O Maracanã foi eleito em pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, no início de 2014, o preferido dos jogadores do Campeonato Brasileiro da Série A, com a nota 9,4.

Investimos e temos responsabilidade sobre os serviços prestados, em especial o conforto e a segurança dos torcedores, bem como com os resultados financeiros de nossas operações e dos clubes parceiros. Não alugamos simplesmente o espaço para a realização de jogos, como fazemos com shows e eventos em geral. No caso do futebol, temos participação nos lucros e nos prejuízos das partidas, sendo um dos mais interessados em mudar o quadro histórico de pouca presença de público nas competições do nosso futebol nos últimos anos.

Assim não somos entes estranhos ao futebol, nos interessamos diretamente e temos o direito de nos pronunciar, assim como nos mobilizar acerca de questões estratégicas na atração de público, como formas de competição, horários, preços e garantias de nossos direitos de exploração comercial do Estádio.

II) Relação com Fluminense Football Club e Clube de Regatas do Flamengo

Trabalhamos em conjunto com os clubes em prol do fortalecimento do binômio clube mandante e estádio. Com orgulho temos como principais parceiros os detentores de metade dos títulos brasileiros dos últimos seis anos. Com eles tratamos em alto nível questões diversas, sempre no espírito de tornarmos o conjunto mais forte e próspero.

Apoiamos os respectivos planos de sócios-torcedores, fundamentais no fortalecimento dos clubes, suportamos as agremiações que mandam seus jogos no Maracanã com campanhas publicitárias, ações em redes sociais e em nossos telões no intuito de atrairmos e fidelizarmos mais público. Somos fiéis parceiros no cumprimento de seus direitos estabelecidos em contrato e não temos nenhuma outra motivação nesta parceria senão o espírito de ganha-ganha.

III) Campeonato Carioca

É de conhecimento geral a crise de atratividade dos campeonatos estaduais em todo o país. E não é a adoção de preços irrisórios que vai levar o torcedor de volta aos estádios. Considerando que cerca de 20% de todo o público tem acesso de forma gratuita ao estádio, 40% pagam meia-entrada e que 20% de toda a renda é destinada ao pagamento de INSS, federações e custos de arbitragem, caso fosse adotada uma precificação de R$ 20 para a inteira no Norte/Sul e R$ 40 a inteira no Leste/Oeste, todos os jogos já seriam deficitários, tanto para os clubes como para a concessionária. Implantando-se o conceito de "meia-entrada universal", estes prejuízos seriam, portanto, ainda mais acentuados, independentemente da quantidade de público que se conseguisse atrair.

Considerando jogos do Fluminense e Flamengo na Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana, temos já um grande desafio de obtermos equilíbrio financeiro. A realidade é que não cabe num estádio de padrão internacional e com capacidade de 78 mil lugares jogos pequenos com baixíssimo potencial de atratividade de público como a grande maioria das partidas do atual Carioca.

Acreditamos que é hora de encarar a nova realidade de responsabilidade no futebol na qual alguém paga as contas. Quem pagará a conta do prejuízo líquido e certo com o Campeonato Carioca? A Concessionária? Os Clubes? A Federação? O Governo Estadual e/ou Municipal?

Esclarecemos que não participamos da nota emitida em 27/01 pelo Fluminense, mas respeitamos e apoiamos o direito do clube de se pronunciar. Também reafirmamos nosso compromisso firmado em manifesto com o Clube de Regatas do Flamengo e com Fluminense Football Club na luta por um futebol de fato profissional no Rio de Janeiro.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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