Contra racismo, federação inglesa quer dar lições culturais a jogadores estrangeiros
As autoridades do futebol da Inglaterra estão estudando a introdução de lições culturais para jogadores estrangeiros como forma de combater casos de racismo no esporte.
Segundo um documento divulgado pela Associação de Futebol inglesa (FA), os jogadores receberiam lições sobre o ''ambiente cultural britânico'' como parte de seus compromissos futebolísticos.
A medida seria uma resposta direta às acusações de racismo feitas ao atacante uruguaio Luís Suárez, em 2011.
Suárez, da seleção do Uruguai e da equipe do Liverpool, foi suspenso por oito partidas por ter usado palavras ofensivas e de conteúdo racista contra o lateral Patrice Evra, do Manchester United, que é negro.
O uruguaio reconheceu ter chamado o adversário de ''negrito'', mas se defendeu dizendo que o termo não teria conotação racista em seu país natal.
A FA rejeitou os argumento de Suárez mas, ao propor o curso sobre a vida e os hábitos culturais na Inglaterra, reconhece que mais precisa ser feito para ajudar a educar o grande número de jogadores estrangeiros que atuam na prestigiada Premier League, a primeira divisão do campeonato inglês - entre eles os brasileiros Oscar, Ramires, Lucas e David Luiz
A porcentual de jogadores estrangeiros na Inglaterra caiu, mas eles ainda constituem mais de 60% dos atletas da divisão.
Manifestações de racismo por torcedores e jogadores têm causado grande preocupação nas autoridades inglesas. Outro incidente que obteve grande destaque na imprensa foi o caso envolvendo o zagueiro do Chelsea e da seleção inglesa John Terry, acusado de xingar com termos racistas o colega Anton Ferdinand, do Queens Park Rangers.
Terry foi removido do cargo de capitão da seleção em 2011 e foi suspenso por quatro partidas.
Mais recentemente, novos casos de racismo voltaram aos jornais.
A polícia de Manchester está investigando acusações contra um torcedor que teria gritado ofensas racistas contra o zagueiro do Manchester United Rio Ferdinand, que também foi atingido por uma moeda arremessada contra ele, no jogo de domingo, contra o Manchester City.
Outro zagueiro, Sebastien Bassong, de Camarões, que joga no Norwich, acusou um torcedor do clube Swansea City de ter feito gestos racistas contra ele em uma partida no sábado.
A FA também estuda a introdução de cláusulas antidiscriminatórias nos contratos tanto de jogadores como treinadores.
O documento com as propostas é uma resposta também a cobranças do primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, para que fossem tomadas ações mais enérgicas contra o racismo no futebol.