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Terra na Copa

Alunos de favela do Rio ganham ingressos para final da Copa

10 jun 2014 - 07h36
(atualizado às 07h44)
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<p>Crianças da escola municipal Coronel José Gomes Moreira</p>
Crianças da escola municipal Coronel José Gomes Moreira
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Localizada em um prédio térreo simples, inaugurado em 1985 e construído para servir de abrigo temporário, a escola municipal Coronel José Gomes Moreira, na Vila Kennedy, atende, em sua maioria, alunos da favela, conhecida por ser uma das comunidades mais pobres e violentas da zona oeste do Rio de Janeiro.

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Como tantas escolas Brasil afora, a Coronel trocou a decoração junina pelo verde e amarelo, distribuído pelas paredes em forma de bandeiras e origamis feitos pelos alunos. Aqui, no entanto, mais que a Copa na cidade e o mês de férias que se aproxima, o principal assunto entre os 477 alunos é a, ainda indefinida, disputa da final do Mundial.

Por obra de um sorteio realizado pelo Ministério da Educação, 24 estudantes da escola foram escolhidos para acompanhar o jogo no Maracanã. Mãe de um dos sorteados, Cristina Costa Gomes, de 38 anos, demorou a acreditar quando a filha Ana Carolina, de 9 anos, chegou em casa dizendo que levaria o pai a final da Copa – cada aluno tem direito de ir ao jogo acompanhado de um responsável.

No ano passado ela e o marido, que trabalha como operador de empilhadeira, chegaram a sonhar em ver a final, mas desistiram ao descobrir o preço dos ingressos, entre R$ 330 e R$ 1980 no site da Fifa, podendo chegar a estratosféricos R$ 40 mil na mão de cambistas. “Não teríamos como tirar R$ 600, R$ 900 do nosso orçamento para levar toda a família ao estádio”, diz.

O passeio ao Maracanã será a primeira vez que Ana Carolina irá visitar o centro da cidade – o estádio fica a cerca de 40 quilômetros do bairro. Até hoje, a menina, que sonha em ser médica, tinha ido apenas a parques e shoppings próximos. Por via das dúvidas e para evitar “olho gordo”, Cristina não contou a novidade nem aos amigos, nem à família.

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A dona de casa Valquiria da Silva Portugal, de 34 anos, também demorou acreditar na novidade e diz que só vai estar 100% convencida no dia do jogo. Em sua casa o telefone não para de tocar desde que a família descobriu que as suas filhas gêmeas Ana Clara e Ana Cassia ganharam entradas para a final. “Fica todo mundo ligando e dizendo, ‘coloca eu, leva eu’”, conta. A pressão, segundo ela, só não é maior porque os ingressos são nominais.

Ao todo, o governo distribui, via sorteio através da loteria federal, 24 mil pares de entradas para escolas públicas das 12 cidades-sede da Copa. Entre os 901 instituições contempladas em todo o País, apenas a Coronel - que atende crianças do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental -, recebeu ingressos para a final.

O jogo será realizado no dia 13 de julho no Estádio do Maracanã, às 16h (de Brasília). “Muita gente com poder aquisitivo nem sequer conseguiu comprar as entradas. Foi como se a comunidade ganhasse na loteria”, define a diretora da escola, Marli Rodrigues dos Santos, que irá ao jogo como representante da escola e planeja fretar um ônibus para levar os pais e alunos até lá. “Tomara que a gente possa ver o Brasil jogar”, diz.

Fonte: Terra
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