Após polêmica, Fifa adia visita de Valcke ao Brasil
- Marcus Vinícius Pinto
- Direto do Rio de Janeiro
O secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, não fará visita de inspeção ao Brasil que estava marcada para a próxima semana. A informação, que já havia sido feita pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também foi confirmada pela Fifa nesta sexta-feira.
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Por meio de uma nota no site oficial, a entidade máxima do futebol mundial confirmou que a viagem agendada para a próxima semana foi cancelada. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, escreveu pessoalmente uma carta solicitando um encontro com a presidente Dilma Rousseff e Aldo Rebelo para que seja resolvida a polêmica envolvendo o nome de Valcke antes de tomar uma posição.
Em visita ao Maracanã na manhã desta sexta-feira, Rebelo adiantou que o número dois da entidade que rege o futebol não viria ao País, mas não explicou se a Fifa trocará o interlocutor que lidará com o Brasil.
"Não sei o que pode acontecer. Não sei o que a Fifa pensa sobre manter ou não o interlocutor. A viagem do Valcke semana que vem foi cancelada", explicou o ministro. "Tudo o que foi pedido, foi pedido por carta. A resposta também virá por carta", acrescentou.
Rebelo aproveitou para criticar novamente Valcke, que afirmou na última semana que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" para entregar a Copa do Mundo rapidamente. "Todos podemos sofrer criticas, mas não podemos aceitá-las quando são feitas de modo inadequado. Vocabulário, modos e educação fazem a diferença", comentou.
O ministro desconversou sobre se o governo vai manter ou não o pedido para que a Fifa designe um novo interlocutor para lidar com o Brasil. "As perguntas são sempre claras, mas as respostas que envolvem hipóteses nem sempre podem ser claras", disse Rebelo, sem explicar muito.
Entenda a polêmica
Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".
As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.
Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.
No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.
Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa¿.
No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.
Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".
Aldo Rebelo aceitou o pedido de desculpas, mas disse que "este tipo de episódio não pode se repetir". O ministro ainda disse que organizará um encontro entre a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e Joseph Blatter para encerrar a polêmica.