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Terra na Copa

Brasil bate Colômbia, chora de alegria e volta às semifinais de Copa do Mundo

4 jul 2014 - 19h14
(atualizado às 19h34)
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Os psicólogos de plantão da seleção brasileira podem ter folga amanhã. Com gols de Thiago Silva e David Luiz, o Brasil venceu a Colômbia por 2 a 1 no Castelão, em Fortaleza, e voltou a uma semifinal de Copa do Mundo após 12 anos.

Tachado como "chorão", pelas lágrimas que derramou no jogo contra o Chile pelas oitavas de final, o capitão da seleção voltou a viver dia de "Monstro", relembrando o apelido que ganhou nos tempos de Fluminense. Além de abrir o placar aos 7 minutos do primeiro tempo, Thiago Silva ainda teve atuação impecável na defesa. A nota negativa, no entanto, foi o cartão amarelo recebido durante a partida, que o tira do próximo jogo.

Já o camisa 4 verde e amarelo, símbolo de descontração da equipe comandada por Luiz Felipe Scolari, foi às lágrimas, mas depois de anotar um golaço de falta aos 24 minutos da etapa final, ampliando o marcador na capital cearense.

O fim do jogo, contudo, foi de agonia. Os colombianos descontaram nove minutos após o segundo gol brasileiro, com James Rodríguez cobrando pênalti e fazendo seu sexto gol na competição. Com isso, o meia superou os artilheiros das últimas duas Copas: Miroslav Klose em 2006, e Thomas Müller, Wesley Sneijder, David Villa e Diego Forlán em 2010.

No fim do jogo, coube justamente a David Luiz consolar o goleador máximo dessa edição da Copa do Mundo. Chorando copiosamente, o camisa 10 colombiano ganhou um abraço do brasileiro ao se despedir da competição, da qual é um dos principais astros.

Com a vitória de hoje, o Brasil disputará seu primeiro jogo de semifinal desde 2002, quando bateu a Turquia por 1 a 0 e foi à decisão, em que bateu a Alemanha. A adversária no duelo da próxima terça-feira, às 17h (horário de Brasília), no Mineirão, em Belo Horizonte, será justamente a seleção tricampeã mundial.

Os 'Cafeteros', por outro lado, voltam para casa após realizar no Brasil a melhor campanha colombiana em Copas do Mundo, já que pela primeira vez chegaram às quartas de final.

Para o jogo no Castelão, Felipão "interditou a avenida" Daniel Alves, um dos mais criticados jogadores no início da campanha verde e amarela, colocando Maicon na lateral direita, repetindo alteração em treinos durante a semana. Outra mudança com relação ao jogo contra o Chile pelas oitavas foi a entrada de Paulinho na vaga do suspenso Luiz Gustavo.

Já o comandante da seleção colombiana, José Pekerman, fez duas substituições, colocando o volante Guarín e o atacante Ibarbo. Com isso, deixaram a equipe Aguilar e Martínez. Bacca, outro homem de frente dos 'Cafeteros', se recuperou de lesão, mas ficou no banco de reservas.

Apesar das várias mudanças nas escalações das duas equipes, o que parecia diferente mesmo no Castelão era a postura brasileira. Na entrada em campo e na execução do hino, não houve choro. Os jogadores apresentavam caras fechadas. Em campo, de fato, a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari se mostrou outra com relação aos jogos passados, marcando de maneira agressiva a saída de bola do rival e lembrando a forma de jogar da conquista da Copa das Confederações no ano passado.

Justamente em um desarme, feito por Fernandinho aos 5 minutos, o Brasil abriu caminho para o primeiro gol. O volante tomou a bola e tentou acionar Neymar, que foi travado por Zapata. Na sequência, o Brasil ganhou escanteio, que o camisa 10 cobrou na área. Thiago Silva se aproveitou de vacilo da zaga colombiana, apareceu no segundo pau e, sem marcação, escorou para as redes.

O capitão então deixou o polêmico choro de lado e rugiu em direção as arquibancadas, bradando: "é Brasil". Com 7 minutos, a seleção deixou a alegria enfim ganhar espaço nesta Copa do Mundo, exatamente do jeito que a torcida pentacampeã mundial prefere.

Claro que não faltaria espaço para sustos na partida contra uma seleção perigosa como a colombiana. Aos 10, Oscar foi mal em disputa com Armero na intermediária. Na sobra, Cuadrado bateu forte de perna esquerda, mas não acertou o gol de Julio César, em bola que saiu pela linha de fundo.

A seleção brasileira sufocava o rival, com Fred, enfim, participando do jogo. Aos 15, Zapata se virou para impedir que David Luiz finalizasse para o gol logo após batida de Hulk que foi cortada por Yepes. Logo depois, o "super-herói" verde e amarelo teve nova chance, defendida por Ospina, que ainda pegou o rebote de Oscar.

A pressão alta, com marcação no campo de defesa rival, e o lançamento de quase todos os jogadores ao ataque, causava problemas, contudo. Aos 22, Rodríguez puxou contra-ataque em alta velocidade em que três brasileiros precisaram conter quatro colombianos. Thiago Silva se lançou aos pés de Cuadrado e fez o desarme, resolvendo a parada.

David Luiz, um dos destaques da seleção nos primeiros jogos da Copa, deixou claro que o espírito era dos mais aguerridos. Ao roubar uma bola de Téo Gutiérrez na defesa, o zagueiro disparou, aos trancos e barrancos, tentando levar o Brasil ao ataque, sem ter sucesso.

O lance, aparentemente, acendeu um alerta. A empolgação precisava dar lugar a tranquilidade. Com isso, o Brasil passou a prender mais a bola e buscar o ataque "na boa". Os seguidos erros de Hulk e Oscar na hora do domínio, no entanto, dificultaram as ações dos anfitriões.

Depois do intervalo, a Colômbia voltou com substituição: Adrian Ramos entrou no lugar de Ibarbo, que teve atuação apagada e ainda apresentou problemas musculares no fim da etapa inicial. No posicionamento, a seleção 'cafetera' também tentou mudar, avançando as linhas de defesa e meio.

A agressividade do primeiro tempo parecia mais contida, e a alegria do gol havia dado lugar a tensão pelo placar apertado em jogo de quartas de final da Copa do Mundo. Até porque, em 10 minutos, o Brasil não conseguiu dar finalizar. O lado positivo era que o adversário também não chegava.

Isso até os 14 minutos do segundo tempo, quando os colombianos conseguiram envolver a defesa verde e amarela. James Rodríguez pegou sobra na entrada da área e ajeitou para Guarín. O volante bateu de primeira por cima do gol e ainda levou bronca do companheiro.

Aos 19, Thiago Silva até balançou as redes de novo, mas em lance que o Brasil saiu no prejuízo. O zagueiro atrapalhou reposição de bola de Ospina, tomou a bola do goleiro e bateu para o gol aberto. O árbitro espanhol Carlos Velasco marcou falta e deu cartão amarelo para o brasileiro, o que o tira das semifinais da Copa.

Gol, de fato anulado, foi o marcado pelos colombianos, em seguida. Após falta cobrada na área por Rodríguez, houve bate e rebate, e Yepes balançou as redes. A arbitragem, contudo, anotou impedimento no início da jogada, invalidando o lance.

Coube a outro zagueiro brasileiro por fim ao momento mais complicado do Brasil no jogo. Aos 24, após falta dura de Rodríguez em Hulk, David Luiz cobrou falta com perfeição, acertando o ângulo esquerdo de Ospina, ampliando o placar.

O camisa 4 foi o responsável por trazer as lágrimas de volta para o campo de jogo. Depois de comemorar com a torcida que ocupava as arquibancadas atrás de um dos gols do Castelão, David Luiz se emocionou e chorou, enquanto era abraçado pelos companheiros.

Pekerman mexeu outra vez no ataque, com Bacca na vaga de Gutiérrez. Foi o Brasil, no entanto, que quase marcou, aos 28, em chute de longa distância, em que a bola saiu pela linha de fundo, bem perto do gol de Ospina.

O gol poderia ter dado o alívio, mas a tensão voltou a atingir nível alto aos 33, quando Julio César derrubou Bacca e a arbitragem marcou pênalti. A cobrança ficou por conta de James Rodríguez, chutou na esquerda, deslocando o goleiro brasileiro e descontando o placar.

Desencontrada, a seleção brasileira passou a levar sufoco. Logo após o gol, o camisa 10 colombiano cruzou na área e, por muito pouco, Bacca não marcou de cabeça. O lance, no entanto, acabou invalidado porque o atacante estava em condição irregular.

Após mexer duas vezes na equipe, com Ramires e Hernanes nos lugares de Hulk e Paulinho, Felipão precisou tirar seu craque - apesar da atuação abaixo da média. Aos 43, Neymar deixou o campo após tomar uma joelhada de Zúñiga nas costas. Henrique foi responsável por substituir o craque.

Nos minutos finais, a Colômbia bem que tentou partiu para o abafa e conseguiu marcar pela segunda vez. Até o goleiro Ospina foi para a área tentar balançar as redes, mas não conseguiu nada. Sendo assim, cada brasileiro teve o direito de comemorar como preferiu. Lágrimas de agonia, só para os eliminados 'cafeteros'.

Ficha técnica:.

Brasil: Julio César; Maicon, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Paulinho (Hernanes), Fernandinho e Oscar; Hulk (Ramires), Neymar (Henrique) e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Colômbia: Ospina; Zúñiga, Zapata, Yepes e Armero; Guarín, Sánchez, Cuadrado (Quintero) e Rodríguez; Ibarbo (Ramos) e Gutiérrez (Bacca). Técnico: José Pekerman.

Árbitro: Carlos Velasco (Espanha), auxiliado pelos compatriotas Alonso Fernandez e Yuste Jimenez.

Gols: Thiago Silva e David Luiz (Brasil); Rodríguez (Colômbia).

Cartões amarelos: Thiago Silva e Julio César (Brasil); Rodríguez e Yepes (Colômbia).

Estádio: Castelão (Fortaleza).

EFE   
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