Buenos Aires se cala diante de vitória e título alemão

Em um, hoje não tão distante, 8 de julho de 1990, a Alemanha superou a seleção da Argentina em um magro 1 a 0 na final da Copa do Mundo da Itália. Se, há 24 anos, o cenário foi Roma, neste domingo o duelo foi no Rio de Janeiro, mais precisamente no Estádio do Maracanã. O novo triunfo por 1 a 0 da equipe europeia silenciou a cidade de Buenos Aires que, melancólica, teve que voltar para casa levando o gosto amargo de outra derrota frente à Alemanha.

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"Lutamos até o final", dizia o narrador da televisão Pública, única voz que ecoava no auditório do Parque Centenário no bairro de Caballito, onde cerca de 10 mil portenhos foram acompanhar a seleção. As expressões de tristeza e sonho perdido cobriam o anoitecer de Buenos Aires de uma melancolia impensada há três dias, quando a cidade saiu às ruas para festejar a vitória sobre a Holanda e a passagem à final.

Neste domingo, o que se via eram ruas vazias, silêncio, amargura. Já não se escuta mais o ritmo da canção "decime que se siente, tener en casa a su papa", que, de fato, não foi entoada nenhuma vez durante os mais de 100 minutos de jogo. E se, outrora, esse era o hino que buscava provocar o já previamente derrotado Brasil, neste momento perdeu um pouco o sentido. Se antes havia a esperança de ganhar na casa do rival, agora os torcedores argentinos somam-se de alguma maneira aos milhões de brasileiros amargurados pela máquina alemã.

"Chegamos tão perto", disse o torcedor Jonatan Caseres, que olhava desapontado para um dos dois telões disponibilizados no local. Sem poder acreditar na derrota acontecida nos últimos minutos da prorrogação, os torcedores que se retiravam do Parque seguiam em um cântico carregado de orgulho e morbidez: "sou argentino, esse sentimento não posso controlar".

E se a crise econômica que ronda o país até agora não havia afetado o humor do cidadão, sublimada pelo clima de festa que a boa campanha da seleção levou, agora a expectativa é de que uma onda de pessimismo possa invadir o país. O cenário em Buenos Aires demonstrava que, após a derrota para a Alemanha, o futuro reserva um inverno mais frio do que o esperado.

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