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Casa da Seleção exibe cicatrizes de tragédia que matou 900

Três anos depois, Teresópolis ainda guarda marcas das chuvas que deixaram centenas de mortos em 2011

29 mai 2014 - 08h06
(atualizado às 08h32)
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Longe dos olhos da imprensa mundial, os moradores do bairro de Campo Grande, em Teresópolis, um dos locais mais atingidos pelas chuvas em 2011, se esforçam para retomar a rotina depois da tragédia que deixou centenas de mortos em toda a região serrana do Rio de Janeiro. Por ali, a cerca de 15 quilômetros da Granja Comary, onde treina a Seleção Brasileira, não há sinal da Copa do Mundo pelas ruas, e as marcas da destruição permanecem nas casas destruídas pela água e abandonadas pelos moradores.

<p>Cartolino e Marcos sobreviveram à tragédia de 2011</p>
Cartolino e Marcos sobreviveram à tragédia de 2011
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O pedreiro Cartolino Ferreira, 49 anos, perdeu 27 pessoas da sua família, incluindo a mulher, e viu o filho Marcos, então com 11 anos, sobreviver depois de ser arrastado por quatro quilômetros pela torrente de água que tomou conta da região, transformando o que antes era um bairro populoso ao pé da serra em um monte de escombros. Ele vive até hoje com o aluguel social pago pela prefeitura e só há três meses recebeu a indenização a que tinha direito.

Apesar de reconhecer a agilidade do governo em realizar a obras estruturais necessárias para a região, cortada por um córrego agora quase todo assoreado e com as margens contidas por blocos de concreto, Cartolino reclama do descaso com os moradores. “A Copa é da cidade para lá. Deveriam ter feito muito mais. Em Teresópolis há muito decepção. Tem morador aí há mais de ano esperando por indenização, por uma solução”, diz.

Tímido, Marcos voltava para casa no fim da tarde de terça-feira ao lado do pai usando uma camiseta da Seleção e evitou falar da tragédia. Em seu rosto ainda é possível ver as cicatrizes da enxurrada. “Somos todos sobreviventes”, diz Cartolino.

Devanir José Pinto, 66 anos, que trabalha como encanador e eletricista, mudou para o bairro em 1965 e foi um dos poucos moradores que teve a casa preservada. Na época, chegou a passar três meses em um abrigo depois que a Defesa Civil classificou a região como área de risco. Assim como outros vizinhos, voltou para casa logo que a água baixou e passou tinta branca por cima da numeração vermelha pintada pela prefeitura em seu portão, identificando as residências que deveriam serem removidas.

“Conheci todo mundo que morreu. Teve gente que sumiu e nunca mais apareceu”, diz, mostrando as margens do córrego, hoje cercadas por um gramado verde, e os morros vizinhos, em que uma ou outra casa permanece. “Eram prédios de um lado e de outro, um movimento. Isso aqui ficou irreconhecível.”

<p>Teresópolis foi uma das cidades atingidas pelas chuvas de 2011</p>
Teresópolis foi uma das cidades atingidas pelas chuvas de 2011
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Segundo ele, quem ficou sofre tanto com a falta de definição sobre o futuro das casas quanto com a falta de trabalho. “Mudou tudo.”

Somente em Teresópolis a enxurrada que caiu na madrugada de 12 de janeiro de 2011 deixou 392 mortos confirmados, além de 180 desaparecidos, segundo dados da prefeitura da cidade. Somando os outros municípios da Região Serrana o número de mortos supera os 900. O Ministério Público investiga se o dinheiro enviado à cidade pelo governo federal para obras referentes às chuvas foi devidamente aplicado.

Fonte: Terra
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