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Terra na Copa

Comissão do Senado rejeita visita do secretário-geral da Fifa

3 abr 2012 - 14h01
(atualizado às 14h54)
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A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado rejeitou nesta terça-feira a presença do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. O francês representaria o órgão em audiência pública no dia 11 de abril sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e a aprovação da Lei Geral da Copa.

» Quem está envolvido na Copa de 2014 merece levar um chute no traseiro?

O senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da comissão, mostrou entender que o convite para a audiência era válido apenas para Joseph Blatter, presidente da Fifa, que ainda não se pronunciou oficialmente sobre a posição do Senado brasileiro.

"A comissão já havia aprovado na última semana um convite para ouvir Blatter sobre a lei no próximo dia 11, mas o dirigente afirmou que, por dificuldades na agenda, enviaria Valcke em seu lugar", afirmou à agência Efe o secretário da comissão, Júlio Linhares.

Segundo Linhares, diante da ausência de Blatter e como a Fifa terá que ser ouvida nas três comissões, a Comissão de Educação, Cultura e Esportes preferiu cancelar a audiência com Valcke e enviar um novo convite para que Blatter possa ser escutado por todos em outro dia.

"A audiência da próxima semana foi cancelada, e o convite a Blatter foi reiterado. A data da reunião dependerá da disponibilidade do presidente da Fifa", acrescentou o secretário, após esclarecer que, pelo menos na reunião da comissão, ninguém descartou oficialmente Valcke como interlocutor da entidade máxima do futebol.

Nesta segunda, a Fifa anunciou que Valcke substituiria Blatter no evento. A viagem de Valcke ao Brasil seria a primeira depois da polêmica declaração do secretário, que disse que os organizadores do Mundial do Brasil precisavam levar um "chute no traseiro" para agilizarem o processo. A afirmação gerou um grande desconforto entre a Fifa e o ministério do Esporte, comandado por Aldo Rebelo.

Entenda a polêmica

Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".

As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.

Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.

No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.

Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".

No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.

Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".

Aldo Rebelo aceitou o pedido de desculpas, mas disse que "este tipo de episódio não pode se repetir". Ficou ainda acertada uma renião de Blatter com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ocorrida na sexta-feira dia 16 de março. Nela, as diferenças foram discutidas e o mandatário da Fifa pediu tempo para resolver o problema Valcke.

Francês Jérôme Valcke viajaria ao Brasil pela primeira vez depois de se envolver em polêmica
Francês Jérôme Valcke viajaria ao Brasil pela primeira vez depois de se envolver em polêmica
Foto: Getty Images
Fonte: Lancepress!
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