Em lua de mel com a torcida, Brasil se prepara para encarar Panamá
Neymar se mexe, a torcida grita. Neymar tenta uma bicicleta, a arquibancada enlouquece. Se Neymar não faz gol, não tem problema, o público incentiva. O treino da seleção brasileira parece uma lua de mel permanente entre torcida e jogadores.
Nesta segunda-feira, o estádio Serra Dourada de Goiânia recebeu 20.000 torcedores que observaram cada passo da preparação da seleção, que receberá na terça-feira o Panamá em amistoso preparatório para a Copa do Mundo.
O zagueiro David Luiz, o atacante Hulk e o goleiro Júlio César, além de Neymar, claro, foram os mais aclamados.
Mesmo se nas ruas do Brasil protestos são convocados contra os gastos públicos no Mundial, o futebol parece funcionar nos últimos dias como um sedativo que acalma o ânimo, mas que acerba outro: a vontade de vencer a Copa do Mundo pela sexta vez, agora em casa.
Num treino aberto ao público, a seleção trabalhou principalmente a pontaria, com exercícios de finalização. Neymar, depois de várias tentativas, conseguiu passar pelo goleiro Jefferson, levando a torcida à loucura.
O técnico Luiz Felipe Scolari também aproveitou para testar diversos jogadores na equipe titular. Na entrevista coletiva após o treino, Felipão admitiu que usará todas as seis substituições que tem direito no amistoso.
Este romance com a torcida não é algo que motive Felipão, que não gostou nada do treino do último domingo, pedindo seriedade aos jogadores e garantindo que ainda há detalhes a ajustar.
"Não havia marcação fixa, deixaram muito espaço no meio, com um posicionamento duvidoso. Não podemos esquecer nossa atitude a uma semana da Copa, não podemos perder esta identidade que ganhamos na Copa das Confederações", reclamou o técnico, lembrando da competição vencida no ano passado, quando o Brasil derrotou a Espanha na final por 3 a 0.
Felipão não escondeu o jogo. No lugar de Paulinho e do capitão Thiago Silva, que ficaram em Teresópolis para fazer trabalhos específicos, o técnico escalou Ramires e Dante no time titular.
"Eu gosto do Ramires também numa outra posição, do lado do campo, porque ele compõe o quarto homem pelo lado direito muito bem. Para amanhã, é essa colocação do Ramires", analisou.
Felipão fez questão de pregar calma e respeito ao Panamá, um adversário modesto que não deve dificultar a vida dos brasileiros.
"Eles tinham 98% de chances de estar no Mundial, mas acabaram ficando de fora pelo saldo de gols", lembrou Felipão.
Na última rodada das eliminatórias, o Panamá chegou a vencer por 2 a 1 os Estados Unidos, resultado que eliminava os mexicanos, mas acabou sofrendo a virada nos acréscimos, perdendo por 3 a 2 e desperdiçando uma chance de ouro de disputar a repescagem.
"É uma boa equipe, estamos seguindo o trabalho deles. Temos que encarar esta partida com seriedade e ver se estamos evoluindo", explicou Felipão, que alertou para a partida de 6 de junho contra a Sérvia - último amistoso antes do Mundial-, na qual a seleção terá que mostrar "maior regularidade".
O técnico elogiou também a seleção de Camarões, rival do Grupo A que empatou com a Alemanha por 2 a 2 em amistoso no domingo.
"Quem acha que vai ser fácil vencer Camarões, Croácia e México está enganado", afirmou.
O Brasil estreia na Copa no dia 12 de junho, na Arena Corinthians de São Paulo.
Brasil: Júlio César - Daniel Alves, Dante, David Luiz, Marcelo - Ramires, Luiz Gustavo - Hulk, Oscar, Neymar - Fred.
Panamá: Oscar McFarlane - Román Torres, Carlos Rodríguez, Leonel Parrish, Roberto Chen - Armando Cooper, Gabriel Gómez, Amílcar Henríquez, Alberto Quintero - Nelson Barahona, Nicolás Muñoz.