Em missão de "paz", Blatter chega ao Brasil e janta com Aldo Rebelo
- Diogo Alcântara
- Direto de Brasília
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, chegou a Brasília na noite desta quinta-feira para encontro com a presidente Dilma Rousseff, marcado para amanhã. O primeiro compromisso do cartola na capital foi um jantar com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, no apartamento do ministro.
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Aldo passou a tarde desta quinta-feira reunido com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e ministros de diversos setores ligados à Copa do Mundo para fazer um balanço do que está sendo preparado para o Mundial. A presidente Dilma Rousseff queria detalhes antes do encontro com Blatter.
O encontro acontece semanas após a declaração polêmica do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que disse que as autoridades brasileiras precisavam de "um pé na bunda" para acelerar o ritmo das obras. Valcke não compõe a comitiva que veio desta vez. Além de Blatter, participarão do encontro o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o embaixador honorário da Copa do Mundo, Pelé.
O presidente da Fifa também resolverá uma questão sobre a venda de bebidas alcoólicas durante o Mundial. Em meio à crise política entre aliados no Congresso, o governo teria anunciado não haver compromisso com a Fifa para a venda e consumo em estádios. Contudo, o próprio relator da lei, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) confirmou que a permissão está prevista na Lei Geral da Copa.
Entenda a polêmica
Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".
As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.
Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.
No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.
Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".
No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.
Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".
Aldo Rebelo aceitou o pedido de desculpas, mas disse que "este tipo de episódio não pode se repetir". O ministro ainda disse que organizará um encontro entre a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e Joseph Blatter para encerrar a polêmica.