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Terra na Copa

Estádios quase prontos salvam aparências a um mês da Copa das Confederações

14 mai 2013 - 10h34
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A um mês da Copa das Confederações, os seis estádios estão praticamente prontos e o Brasil oferecerá a infraestrutura básica para receber o torneio, mas repetidos atrasos continuam deixando sérias dúvidas para a Copa de 2014, principalmente na questão dos aeroportos.

O evento, considerado um ensaio-geral do Mundial, marcará o início de uma era que faz do país o centro do mundo esportivo durante três anos, até os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.

Cerca de 335.000 turistas brasileiros e estrangeiros são esperados nas seis cidades-sede durante os 15 dias do torneio, que reúne oito seleções.

Pela primeira vez, quatro campeões mundiais participarão da competição (Brasil, Itália, Uruguai e Espanha), além de Nigéria, Japão, México e Taiti.

Em 2014, o Brasil terá que encarar um desafio muito maior. A expectativa de receber 600.000 torcedores de fora do país para acompanhar 32 equipes na maior competição de futebol do planeta.

Por mais que a Copa das Confederações seja um evento de menor expressão, algumas questões preocupam.

O estádio Mané Garrincha de Brasília, que receberá o jogo de abertura entre Brasil e Japão, no dia 15 de junho, ainda não está pronto e deve ser inaugurado apenas no próximo sábado.

Apenas dois dos seis estádios foram concluídos no prazo estipulado pela Fifa quando a competição foi atribuída ao Brasil: o Mineirão de Belo Horizonte e o Castelão de Fortaleza.

A Fonte Nova de Salvador, a Arena Pernambuco de Recife e o Maracanã do Rio de Janeiro, palco da final, foram entregues apenas em abril, após vários adiamentos nos prazos.

E mesmo assim, eventos-testes mostraram que restam alguns ajustes a serem realizados, como ficou claro no jogo entre amigos de Ronaldo e Bebeto organizado no dia 27 de abril para a reabertura do Maracanã.

O estádio está cercado de várias controvérsias. O custo da obra ultrapassou um bilhão de reais, o dobro do previsto, e a licitação foi suspensa em razão de irregularidades.

"Com o esforço conjunto de todas as partes tudo ficará pronto à tempo. Fizemos algumas concessões em relação aos prazos de entrega dos estádios, o que não poderá ocorrer para a Copa do Mundo", explicou o secretário-geral da Fifa, o francês Jerôme Valcke.

Os 12 estádios do Mundial precisam ter suas obras concluídas até o dia 31 de dezembro deste ano. Além das seis cidades-sede da Copa das Confederações, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Natal, Cuiabá, Manaus também receberão partidas.

O estádio que que mais preocupa é o Itaquerão de São Paulo, que enfrenta problemas no repasse de verbas do BNDES.

A maior cidade do país corre até o risco de perder o jogo de abertura, sendo que Brasília já foi apontada como plano B.

Após ter desencadeado uma enorme polêmica ao declarar em março de 2012 que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" para acelerar os preparativos da Copa, Valcke passou a usar um tom mais ameno.

Em dezembro, o francês chegou a confessar que sua entidade passou a ter cara de "Fifa-samba, mais flexível".

Ne entanto, os próprios dirigentes brasileiros já admitiram que os problemas existem.

"O maior problema é a qualidade dos aeroportos", reconheceu em abril Luis Fernandes, secretário executivo do Ministério de Esportes e representante do governo no Comitê Organizador Local (COL).

"O plano de modernização dos aeroportos vai até 2018, mas em 2014 tudo funcionará bem", prometeu Fernandes.

Além dos aeroportos das seis cidades-sede da Copa das Confederações, foram previstos outros 27 terminais de conexão. A capacidade de estacionamento dos aviões aumentou em 140% e o quadro de funcionários em 77%.

Mesmo com essas garantias, o país continua recebendo críticas.

"Será que o Brasil vai poder viabilizar o deslocamento de milhares de pessoas ao redor do país? Duvido. Só o fato de que é impossível comprar passagem para voos domésticos com uma cartão de crédito internacional já complica tudo", explicou Christopher Gaffney urbanista americano que estuda os impactos da Copa e dos Jogos de 2016 sobre o Brasil

A capacidade hoteleira vem aumentando, inclusive com a transformação de motéis, mas o que mais preocupa é o preço abusivo da diária em cidades como o Rio de Janeiro, que chega a ser mais cara do que em Nova York, Londres e Paris.

A Embratur pediu um "pacto naiconal" para reduzir as tarifas.

A cobertura internet 4G foi instalada às pressas nas cidades-sede e o governo vem pressionando as operadoras, cobrando melhorias no serviço, já que a própria conexão 3G ainda é problemática em várias capitais do país.

Em termos de segurança, 3.000 policiais e 5.000 militares e 2.000 agentes privados serão mobilizados. O esquema foi reforçado após os atentados da Maratona de Boston e contará até com o apoio de aviões não tripulados (drones).

O essencial foi feito para salvar as aparências, mas o impacto dos eventos sobre a população corre o risco de não corresponder às expectativas.

"O legado da Copa não será o esperado. Poderíamos ter feito mais, mas agora é tarde", lamenta José Roberto Bernasconi, do Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), que fiscaliza as obras de forma independente.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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