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Extravagante, Herrera recria México e ganha fãs na internet

Contratado no final de 2013, Miguel Herrera reconstrói a seleção mexicana com talento e humor; nas redes sociais, treinador faz sucesso com estilo peculiar à beira do campo

24 jun 2014 - 11h23
(atualizado às 13h01)
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Torcida do México levanta cartaz que reproduz a cabeça de Miguel Herrera; técnico assumiu a equipe no fim de 2013, e faz sucesso com a torcida após reconstrução
Torcida do México levanta cartaz que reproduz a cabeça de Miguel Herrera; técnico assumiu a equipe no fim de 2013, e faz sucesso com a torcida após reconstrução
Foto: Getty Images

Em outubro de 2013, muita gente deve ter pensado: esse cara é louco.

O cara em questão era Miguel Herrera, o quarto técnico da seleção mexicana em um mês. Depois do vexame da equipe na Copa das Confederações e da classificação sofrida para a Copa do Mundo de 2014, o México procurava por uma novidade capaz de dar um novo fôlego a Chicharito Hernandez e companhia. A solução encontrada foi Miguel Herrera, então treinador do América do México e, desde esta segunda-feira (23), um dos principais responsáveis pela classificação do país para as oitavas de final do Mundial. De louco, virou celebridade na internet.

Depois de quase três anos sob o comando de José Manuel de la Torre (2010 a 2013), a seleção mexicana sentiu que era hora de mudar de ares, antes que a fraca campanha nas eliminatórias da Concacaf deixasse o país fora do Mundial de 2014. Assim, no dia 7 de setembro de 2013, após uma derrota por 2 a 1 para Honduras em pleno Estádio Azteca, De la Torre foi sacado. Luiz Fernando Tena assumiu interinamente, e perdeu seu único jogo à frente da equipe: 2 a 0 para os Estados Unidos em Houston.

A batata quente então caiu nas mãos de Victor Manuel Vucetich, treinador do Monterrey, que estreou vencendo o Panamá (2 a 1) e perdeu para a Costa Rica (2 a 1) na última rodada das eliminatórias. Com dois jogos, Vucetich foi sacado do cargo, deixando a classificação mexicana pendente: para chegar ao Brasil em 2014, o time precisaria derrotar a Nova Zelândia pela repescagem intercontinental.

Em 2013, conquistou pelo América seu primeiro título como treinador; na foto, aparece ao lado do brasileiro Tuca Ferreti, treinador do Tigres da la UANL
Em 2013, conquistou pelo América seu primeiro título como treinador; na foto, aparece ao lado do brasileiro Tuca Ferreti, treinador do Tigres da la UANL
Foto: Getty Images

Voltemos um pouco no tempo. Miguel Herrera foi contratado em 2011 para comandar o América do México. Levou dois anos no clube para conquistar seu primeiro título como treinador. Mas, quando o fez, fez de forma dramática.

Cruz Azul e América chegaram à final da Liguilla do Torneo Clausura de 2013. No primeiro jogo, o Cruz Azul venceu por 1 a 0, e ficou perto da conquista. Na partida decisiva, em 26 de maio de 2013, o time azul abriu 1 a 0 de novo e pressionou para aniquilar qualquer chance do rival. Porém, o América empatou aos 44min do segundo tempo, com Aquivaldo Mosquera, e virou aos 48min, com gol de cabeça do goleiro Moises Muñoz. Nos pênaltis, o time de Miguel Herrera venceu por 4 a 2 e faturou a taça. Para quem gosta de jogo sofrido...

O título colocou o ex-lateral em evidência no futebol mexicano. Então, depois das passagens de Juan Manuel de la Torre, Luis Fernando Tena e Victor Manuel Vucetich, alguém na Femexfut deve ter pensado: por que não dar a ele uma chance?

A estreia à frente da seleção mexicana aconteceu em 13 de novembro, justamente diante da frágil Nova Zelândia: 5 a 1 no Estádio Azteca, e a classificação para a Copa do Mundo mais perto. No segundo jogo da repescagem intercontinental, em Wellington, vitória por 4 a 2 e a vaga assegurada pelo sexto Mundial seguido – em 1990, os mexicanos foram banidos das eliminatórias por terem escalado jogadores irregulares na Olimpíada de 1988, em Seul.

Foto: Twitter

Em 2 de dezembro, a boa notícia chegou a ele: seu contrato foi prorrogado, e ele comandaria a equipe na Copa do Mundo. “Aqui, os contratos são abertos, não há data de validade. Vou falar com Miguel para revisar seus planos e objetivos. A meta é começar o projeto Miguel Herrera – Brasil 2014 e continuar com esta comissão técnica (até 2018)”, disse Hector Gonzalez Iñarritu, diretor esportivo da Femexfut, na ocasião.

Em relação ao time que disputou a Copa das Confederações, nove jogadores perderam espaço na seleção e ficaram fora da Copa do Mundo. Na defesa, Jorge Torres Nilo e Jesús Molina deixaram de ser opções para as convocações do experiente Rafa Márquez, do seguro Miguel Layún e do ascendente Hector Moreno; no meio de campo, Gerardo Torrado, Pablo Barrera e Jesús Zavala foram deixados de lado para que Marco Fabián, Isaác Brizuela e Carlos Peña fossem à Copa do Mundo; no ataque, os duvidosos Angel Reyna e Aldo de Nigris perderam espaço para Alan Pulido e para Oribe Peralta, um dos principais nomes surgidos no país nos últimos anos.

<p>Herrera não foi à Copa do Mundo de 1994, mas seu mullet loiro no álbum de figurinhas é lembrado até hoje</p>
Herrera não foi à Copa do Mundo de 1994, mas seu mullet loiro no álbum de figurinhas é lembrado até hoje
Foto: @MiguelHerreraDT / Twitter

O resultado apareceu na Copa do Mundo. Jogando no difícil Grupo A ao lado de Brasil, Croácia e Camarões, o México conquistou sete pontos. Estreou vencendo Camarões por 1 a 0, em jogo de arbitragem duvidosa, empatou por 0 a 0 com o Brasil, em grande atuação do goleiro Guillermo Ochoa, e conquistou a vaga para as oitavas de final ao vencer a Croácia em confronto direto por 3 a 1.

O desempenho coloca Miguel Herrera nos holofotes, não só pelos resultados, mas também pelo estilo peculiar. Dono de um vistoso mullet loiro na década de 90, quando chegou a defender o México na Copa América de 1993 (ele não jogou a Copa do Mundo de 1994, apesar de estar presente no álbum de figurinhas da ocasião), Herrera ganhou alguns quilinhos desde que se aposentou dos gramados em 2000. Hoje, com o cabelo mais discreto, o treinador chama a atenção pelo estilo paizão e pelo bom humor. Na internet, ficou famoso por seu selfie com o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e pelo photobomb na imagem dos jogadores.

 

Foto: Twitter

Com seu jeitão extravagante, Herrera chama a atenção em suas comemorações vibrantes, e rapidamente virou sensação nas redes sociais - algumas das imagens deste texto são montagens retiradas do Twitter. Mesmo assim, ele segue sendo o técnico com o salário mais baixo da Copa do Mundo: R$ 471 mil por ano, contra os mais de R$ 25 milhões anuais que Fabio Capello recebe na Rússia.

Herrera voltará a comandar o México no domingo, quando a equipe encara a Holanda em Fortaleza pelas oitavas. Se conseguirá avançar, ainda não se sabe. O que se sabe apenas é que os bons resultados dos mexicanos devem-se em grande parta ao treinador gordinho e muito bem humorado. Talvez, de fato, esse cara seja um pouco louco.

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Fonte: Terra
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