Felipão começa hoje a dar sua cara à Seleção; gremista pode ser aposta
Treino nesta 3ª deve começar a moldar uma Seleção mais com a cara de Felipão do que em sua reestreia diante da Inglaterra. Principal mudança será a volta de pelo menos um volante "pegador", e o elogiado Fernando é opção
Luiz Felipe Scolari foi claro em seu diagnóstico depois da derrota brasileira em sua reestreia contra a Inglaterra, em fevereiro: a marcação no meio-de-campo deixou a desejar. A dupla de volantes utilizada por Felipão na partida fora a mesma que Mano Menezes apostou em seus últimos meses de trabalho: Ramires e Paulinho, dois jogadores que não têm como principal característica o combate ao adversário.
Contundidos, ambos estão fora do duelo contra a Itália, nesta quinta-feira, mas mesmo se contasse com os dois – presentes na convocação original – o treinador não repetiria a formação. Como ficou marcado nos times em que comandou na carreira, não vai faltar um volante com características defensivas em seu meio-campo.
Em 2002, Felipão armou a equipe do pentacampeonato com Edmílson atuando ora como terceiro zagueiro, ora como volante. David Luiz, que já realizou a mesma função no Chelsea, poderia ser uma alternativa para Felipão emular um sistema de jogo parecido. Mas a primeira tentativa deve ser no teste de um volante de origem para a função.
Na convocação para os jogos contra italianos e russos, Luiz Gustavo e Fernando foram lembrados para preencher este vácuo. Os dois jogaram pouco com Mano Menezes, mas principalmente o gremista recebeu muitos elogios quando o treinador apresentou a lista no Rio de Janeiro.
"Pelas características dele, acredito que pode ser o mais indicado para a posição”, disse o treinador, que elogiou o desempenho de Fernando principalmente na vitória por 3 a 0 sobre o Fluminense no Engenhão, pela Copa Libertadores. Com idade olímpica, o gremista chegou a ser convocado por Mano durante a preparação olímpica, mas acabou preterido.
A favor de Luiz Gustavo, conta a experiência na Europa e o bom momento que vive no Bayern de Munique. "A minha função é essa mesmo, primeiro volante. Mas jogo numa equipe de qualidade. Tive que aperfeiçoar minha saída com a bola. Isso me fez evoluir, sendo mais ofensivo. Se ele me escalar posso ajudar nas duas posições", afirmou em sua apresentação. Não será surpresa se Felipão escalar os dois lado a lado.
Homem de referência
Outra mudança em relação ao time esboçado por Mano em seu final de trabalho ocorreu já na partida contra a Inglaterra. Felipão gosta de jogar com um centroavante fixo, e em sua reestreia revezou Luís Fabiano e Fred. Contra os italianos, o atacante do Fluminense deve ser mantido, com Neymar como seu companheiro.
Autor do gol brasileiro contra os ingleses, Fred acha que pode fazer mais na quinta. "Naquela época estava um pouco sem ritmo de jogo, era início de temporada. Agora com todo mundo bem melhor fisicamente, vamos aguardar o que o Felipão vai fazer. Se tiver a chance vou me mexer para deixar o Felipão feliz", disse.
Versatilidade
Júlio César no gol e a linha defensiva com Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo são questões praticamente resolvidas na cabeça de Felipão para este início de trabalho. Assim como Neymar e Fred surgem como dupla favorita para o ataque. Porém, além da dupla de volantes, Felipão conta com variadas opções para mudar o estilo de jogo a partir do meio-de-campo.
Jogar no 4-4-2, com Oscar e Kaká como meias é uma opção. Formar um losango, com um volante fixo e um meia mais avançado é outra. E manter um 4-2-3-1, com dois pontas ou meias abertos, assim como Mano fez em grande parte de seu trabalho, também pode ser utilizado por Felipão. Depois de manter a base para a reestreia, nesta terça ele começará a montar um time mais à sua feição.
