A nova comissão técnica da Seleção Brasileira reconhece que a atual fase da equipe nacional não é nem de longe semelhante aos momentos áureos da "amarelinha" e que, apesar de disputar a Copa do Mundo de 2014 em casa, não está entre as favoritas ao título. Entretanto, o treinador Luiz Felipe Scolari e o coordenador Carlos Alberto Parreira foram apresentados nesta quinta-feira na sede da CBF com um objetivo bem definido: fazer a Seleção chegar ao Mundial entre os principais candidatos ao troféu.
"Não somos os favoritos, mas vamos trabalhar para isso. Não temos o intuito de ser vice, terceiro ou quarto", disse Felipão, que incia sua segunda passagem pela Seleção - ele retorna ao time nacional dez anos depois do pentacampeonato em 2002. O gaúcho, aliás, assumiu a equipe verde-amarela em 2001 em situação de semelhante crise após a demissão de Emerson Leão.
"Em 2002 estávamos desacreditados e quando, chegamos às quartas de final, demos um grande passo. Agora no Brasil temos a possibilidade de ganhar a Copa em casa", acrescentou Felipão.
Felipão terá a seu lado Carlos Alberto Parreira, que treinou a também desacreditada Seleção na campanha do tetra em 1994, mas que fracassou com a badalada equipe de 2006. O novo coordenador técnico, aliás, reconheceu o atual momento do futebol brasileiro.
"Essa dobradinha com o Felipão espero que seja vitoriosa como a que fiz com o Zagallo, só que agora estou em outra função. O objetivo é um só, ser campeão em casa. Agora não somos os favoritos, mas daqui um ano e meio seremos", declarou Parreira.
Parreira teve Zagallo como coordenador nas campanhas em 1994 e 2006. Agora, Parreira assume a função que era exercida pelo "Velho Lobo", enquanto Felipão será novamente treinador. E o gaúcho se mostrou empolgado com o novo colega.
"O Parreira e eu vamos discutir nomes e vamos trabalhar juntos. Não fiquel 1000 vezes, mas 1001 vezes feliz por tê-lo ao meu lado. Estou feliz por estar voltando com pessoas que confiam no meu nome e ter alguém com quem eu possa dividir os rumos da Seleção. Nosso projeto de Copa está começando de uma forma forte e visando à conquista do título de 2014", complementou Felipão.
O novo treinador, porém, preferiu não falar em "família Scolari" - disse ainda ser muito cedo para classificar o momento da Seleção. Contudo, pediu envolvimento da torcida nacional. Já Parreira quer que o time se modernize sem perder o "estilo verde-amarelo" de jogar.
Carlos Alberto Parreira está de volta à Seleção Brasileira. Técnico do tetra em 1994 e eliminado em 2006, o veterano, 69 anos, retorna para assumir a função de coordenador do time nacional - que será comandado por Luiz Felipe Scolari até a Copa do Mundo de 2014, no País
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Diferentemente de muitos treinadores, Parreira não foi jogador profissional. Preparador físico na década de 1960, ele chegou à Seleção e integrou a comissão técnica que faturou o tri na Copa de 1970
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Parreira se firmou como técnico na década de 1980, especialmente depois de conquistar o título do Campeonato Brasileiro de 1984 pelo Fluminense. Depois, passou pelo Oriente Médio entre 1985 e 1991, comandando as seleções de Emirados Árabes e Arábia Saudita. Chegou ao comando do Brasil em 1991, depois da trágica campanha do País na Copa de 1990 - o time verde-amarelo de Sebastião Lazaroni caiu nas oitavas de final diante dos argentinos
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O auge da carreira de Parreira foi em 1994: à frente de um time comandado dentro de campo por Romário e Bebeto, derrotou a Itália nos pênaltis na decisão e conquistou o tetracampeonato
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Com a tarimba de tetracampeão, Parreira passou pelo Valencia, da Espanha, e pelo Fenerbahce, da Turquia. No entanto, retornou ao comando de uma seleção para treinar a Arábia Saudita em 1998. O país, contudo, teve uma campanha pífia no Mundial da França: perdeu dois jogos, empatou um e foi eliminado na primeira fase
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Depois da Copa de 1998, Parreira passou por Fluminense, Atlético Mineiro, Santos e Internacional, mas teve enorme sucesso à frente do Corinthians: conquistou o Torneio Rio-São Paulo e a Copa do Brasil, montou aquilo que chamou de "o melhor lado esquerdo do mundo", com Kléber, Ricardinho e Gil e ainda foi vice-campeão do Brasileiro
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Credenciado pelo ótimo ano de 2002 no Corinthians, Parreira substituiu Luiz Felipe Scolari na Seleção Brasileira; o gaúcho deixou o comando do time verde-amarelo depois do penta
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Assim como na Copa de 1994, Parreira assumiu o cargo de técnico da Seleção tendo como braço direito o veterano Mário Jorge Lobo Zagallo
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A campanha de Parreira à frente da Seleção Brasileira começou vitoriosa, com o título da Copa América de 2004
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No ano seguinte, o Brasil goleou a Argentina na final e conquistou também a Copa das Confederações. A Seleção, famosa pelo "quadrado mágico" de Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo, chegaria mais do que favorita para o hexa em 2006
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Em 2006, porém, a badalação na concentração marcou o período de treinamentos antes da Copa - algo que renderia muitas críticas a Parreira
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Sem encantar ao longo da Copa, a Seleção Brasileira foi eliminada da Copa do Mundo de 2006 nas quartas de final, após derrota por 1 a 0 para a França
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Parreira chegou ao Brasil e teve que se explicar da campanha decepcionante da Seleção, que não justificou o favoritismo e falhou na busca pelo hexacampeonato mundial
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Pouco depois de deixar a Seleção Brasileira em 2006, Parreira assumiu o comando da África do Sul, país-sede da Copa de 2010. Depois de conquistar a Copa Cosafa (Conselho de Associações de Futebol do Sul da África) de 2007, porém, pediu demissão do cargo alegando problemas particulares e indicou Joel Santana para a função
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No Brasil, Parreira chegou a treinar o Fluminense em 2009, mas não obteve sucesso. A equipe tricolor realizou uma péssima campanha no início do Campeonato Brasileiro e foi demitido quando o time se encontrava na zona de rebaixamento do torneio
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Ainda assim, Parreira aceitou o convite para retornar à seleção da África do Sul, assumindo o lugar de Joel, demitido em 2009
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A África do Sul fez uma campanha interessnte na Copa do Mundo, terminando na terceira colocação do Grupo A - com os mesmos quatro pontos que o México, vice-líder e classificado para as oitavas de final por ter melhor saldo de gols. A seleção de Parreira terminou à frente da França, que deu vexame no Mundial e amargou no último lugar da chave. Ao final de 2010, Parreira anunciou que havia se aposentado da função de treinador