Fifa muda estratégia e cria fórum com governo para agilizar Copa
- Ulisses Neto
- Direto de Zurique (Suíça)
Faltando apenas 13 meses para a Copa das Confederações e dois anos para a Copa do Mundo de 2014, a Fifa e o governo brasileiro decidiram mudar de estratégia para garantir que os preparativos do País finalmente entrem no ritmo adequado.
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A solução apresentada nesta terça-feira na sede da federação internacional de futebol prevê a criação de um fórum entre o Comitê Organizador Local (COL), a Fifa e o governo federal. Na prática, significa aproximar o Palácio do Planalto dos cartolas suíços para reduzir as polêmicas e discussões sobre os atrasos nas obras. E garantir que as questões técnicas não fiquem apenas nas mãos do COL.
Depois de seis horas de reunião em Zurique com Aldo Rebelo, ministro do Esporte, e José Maria Marin, presidente da CBF e do COL, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, anunciou que o novo fórum irá se reunir a cada seis semanas no Brasil. O representante do governo Dilma Roussef no triunvirato será Luis Fernandes, braço direito de Rebelo no Esporte.
Para Valcke, "não é mais importante falar de atrasos. O importante agora é encontrar respostas para as questões colocadas e trabalhar juntos com o governo e as cidades-sede para que a organização seja perfeita".
O secretário disse que o fórum irá debater questões como os problemas de mobilidade, aeroportos, bases militares (que podem ser usadas como aeroportos durante ao Mundial) e o setor hoteleiro. "Vamos criar um elo com o governo federal para assegurar que todos possam assistir às partidas da Copa", declarou. "A principal decisão dessa reunião de hoje foi afirmar que a Copa não pode ser feita por um sem o outro. O governo agora vai fazer parte dessa grande plataforma com o COL e a Fifa".
Essa será apenas a segunda vez que um governo entra diretamente na organização de uma Copa do Mundo, compartilhando as responsabilidades que deveriam ser exclusivas do comitê organizador. A outra exceção foi a África do Sul, onde os atrasos e polêmicas também marcaram os preparativos antes do evento esportivo.
Questionado sobre o porquê de tal decisão só ter sido tomada agora, faltando apenas dois anos para a Copa, Jérôme Valcke ironizou: "às vezes cometemos erros e temos que tomar decisões na vida. Antes tarde do que nunca. Essa é a reflexão do dia".
Aldo Rebelo também seguiu a linha de contemporizar os problemas entre Fifa e governo federal. "Encerramos a reunião de hoje com a convicção e confiança fortalecidas de que somos capazes de superar desafios e trabalhos. Vamos realizar a Copa com êxito e harmonia, administrando nossas diferenças, quando surgirem, em função do objetivo maior e comum", disse.
O presidente da entidade máxima do futebol, Joseph Blatter, que nas últimas semanas criticou reiteradamente os atrasos no Brasil, também amenizou o discurso. "Hoje foi um grande dia para o futebol mundial", afirmou.
Segundo Blatter, todas as crises foram superadas e o momento agora é de focar na etapa final de organização do evento. "Não existe nenhuma discordância, tudo foi resolvido, primeiramente com a presidente Dilma Roussef, com quem me encontrei há seis semanas. Não há mais discordância, nem problemas pessoais. Tudo isso foi resolvido".