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Terra na Copa

Fifa se recusa a comentar veto e mantém mistério em "caso Valcke"

4 abr 2012 - 11h31
(atualizado às 12h15)
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Celso Paiva
Direto de São Paulo

A Fifa se recusou a comentar o veto da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado à presença do secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, na audiência pública a respeito da Copa do Mundo de 2014, marcada para o próximo dia 11 de abril. Em contato com o Terra, o órgão que comanda o futebol mundial declarou que não se posiciona a respeito do assunto.

» Quem está envolvido na Copa de 2014 merece levar um chute no traseiro?

Ainda não há nenhuma confirmação oficial a respeito da presença de Valcke em audiências após o Senado anunciar a rejeição ao secretário, que virou "persona non grata" no governo brasileiro desde a declaração de que o País precisava de um "chute no traseiro" para acelerar as preparações para o Mundial.

Segundo o secretário da Comissão, Júlio Linhares, a audiência do dia 11 será cancelada, e um novo convite enviado ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, para uma reunião em outra data. Porém, oficialmente, o nome de Valcke como interlocutor da entidade máxima do futebol não está descartado. A viagem do francês ao Brasil seria a primeira após a declaração polêmica.

Entenda a polêmica

Em entrevista concedida em 2 de março, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".

As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou em 3 de março que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.

Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.

No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.

No dia 5 de março, Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".

No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.

Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".

Aldo Rebelo aceitou o pedido de desculpas, mas disse que "este tipo de episódio não pode se repetir". Ficou ainda acertada uma renião de Blatter com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ocorrida na sexta-feira dia 16 de março. Nela, as diferenças foram discutidas e o mandatário da Fifa pediu tempo para resolver o problema Valcke.

Nome de Jérôme Valcke em audiência pública sobre a Copa foi vetado pelo Senado
Nome de Jérôme Valcke em audiência pública sobre a Copa foi vetado pelo Senado
Foto: AP
Fonte: Terra
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