PUBLICIDADE

Terra na Copa

Freguês em Copas e agora "pedra no sapato", México arranca empate com Brasil

17 jun 2014 - 18h11
(atualizado às 18h18)
Compartilhar

Não adiantou emoção do hino, mais marcação no meio, nem a habilidade de Neymar, pois no retorno ao emblemático Castelão, o Brasil fez uma partida abaixo da média nesta terça-feira e apenas empatou com a seleção mexicana em 0 a 0, em jogo válido pela segunda rodada do grupo A da Copa do Mundo.

Esta foi a primeira vez em quatro duelos em que os mexicanos não foram batidos em partidas pelo torneio: em 1950, 1954 e 1962, perderam por 4 a 0, 5 a 0 e 2 a 0, respectivamente. No entanto, o velho freguês se tornou uma pedra no sapato do Brasil desde o fim dos anos 90, levando a melhor em diversos confrontos, e hoje reforçou o novo "status".

Apesar da frustração do público de 60.342 pessoas no estádio cearense - muitas delas mexicanas, é verdade -, a seleção brasileira continua líder da chave, com quatro pontos e saldo de dois gols. O México também tem quatro pontos, mas saldo positivo de um.

Nesta quarta-feira, Camarões e Croácia, que foram derrotadas no jogo de estreia, completam a segunda rodada do grupo A, às 19h (horário de Brasília), na Arena da Amazônia, em Manaus. A seleção que for derrotada estará eliminada.

A execução do hino nacional acabou sendo o momento mais marcante hoje no Castelão. Depois do fim do trecho reduzido executado pela Fifa, jogadores e torcedores continuaram cantando a plenos pulmões, como aconteceu no ano passado, no marcante duelo com os próprios mexicanos pela segunda rodada da fase de grupos da Copa das Confederações.

Atendendo aos pedidos feitos na véspera da partida pelo capitão Thiago Silva, o público brasileiro que estava presente nas arquibancadas cantou o hino abraçado. A emoção, que tomou conta do estádio, chegou aos gramados, inclusive levando Neymar às lágrimas.

Para o segundo compromisso na Copa, Luiz Felipe Scolari perdeu o atacante Hulk, que se recupera de lesão muscular. Com isso, Ramires ganhou vaga no time titular, ocupando o lado direito do setor ofensivo, mas também atuando na recomposição do setor defensivo, ajudando na marcação dos alas do adversário.

Já 'La Tri' veio para o jogo com a mesma formação que derrotou Camarões na primeira rodada por 1 a 0, jogando com linha de três zagueiros, dois jogadores abertos pelos lados, três meias e dois atacantes. Dúvida na partida de estréia, novamente Guillermo Ochoa foi escalado como goleiro titular, deixando Jesús Corona no banco.

Com relação do duelo do ano passado, os brasileiros repetiram 10 titulares - somente Hulk ficou fora -, enquanto os mexicanos repetiram os zagueiros Moreno e Rodríguez, o meia Guardado e o atacante Giovanni dos Santos, apenas. Ochoa e o meia Herrera estavam no banco de reservas naquele jogo.

Os primeiros minutos de jogo no Castelão foram de muita marcação, trombadas e faltas: quatro em apenas seis minutos. No Brasil, até Neymar voltava para ajudar Marcelo na marcação, enquanto o México apostava em pressionar a saída de bola, avançando a linha defensiva.

O bom futebol só apareceu aos 10 minutos, quando a seleção saiu em alta velocidade pela esquerda, Neymar enfiou para Fred, que bateu de primeira à direita do gol defendido por Ochoa. A arbitragem comandada pelo turco Cuneyt Çakir anulou o lance, marcando impedimento do centroavante.

Aos poucos a equipe de Felipão entrou no jogo, encaixando a marcação e impondo a posse de bola no setor ofensivo. Paulinho e Neymar dividiram a função de armar as jogadas, com Ramires aberto na direita e Oscar na esquerda. Enquanto isso, o adversário apresentava dificuldade em sair da defesa.

A primeira boa chegada dos mexicanos aconteceu apenas aos 23 minutos, quando Herrera partiu pela direita e arriscou de longe, obrigando Julio César a fazer boa defesa. A arbitragem, no entanto, ignorou o toque do goleiro antes de a bola sair pela linha de fundo, marcando tiro de meta.

A resposta brasileira veio dois minutos depois, quando Neymar iniciou jogada pela esquerda, e depois partiu para a área. Daniel Alves cruzou na medida, e o atacante do Barcelona ganhou de Rafa Márquez para testar certeiro. Ochoa, contudo, se esticou todo para espalmar e impedir a abertura do placar.

Como o gol verde e amarelo não saía, os muitos mexicanos que estavam nas arquibancadas resolveram pegar no pé da seleção, gritando "olé" a cada toque dos comandados de Miguel Herrera, que chegaram a levar perigo aos 40 minutos, em finalização de longa distância feita por Vázquez, que saiu à esquerda do gol defendido por Julio César.

Pouco depois, aos 44, o Brasil teve boa chance, a última da primeira etapa. Após falta cobrada na área, Thiago Silva ajeitou de peito para Paulinho, que finalizou para nova defesa de Ochoa, que segurou o 0 a 0.

Insatisfeito com a produção ofensiva, o time de Felipão voltou do intervalo com uma mudança: Bernard no lugar de Ramires. Na primeira jogada, o "menino da alegria nas pernas", como definiu o técnico, arrancou pela direita, se livrou de Rodríguez e cruzou procurando Neymar. Moreno conseguiu chegar tempo e cortar para escanteio.

Depois do lance, no entanto, a seleção brasileira não conseguiu mais encontrar o melhor jogo, mostrando incapacidade de articular jogadas. Atrevido, o México apertou a marcação e começou a recuperar bolas antes da linha do meio de campo.

Aos 11, Herrera levou perigo de novo ao receber na direita. Desta vez, o meia carregou a bola para o meio e soltou a bomba. A bola subiu um pouco mais do que o esperado pelo jogador, raspou o travessão e acabou saindo pela linha de fundo.

Apagado no jogo até então, aos 18 minutos do segundo tempo, Neymar apareceu. Primeiro, o atacante sofreu falta de Vázquez, o que resultou no cartão amarelo ao meia. Na cobrança, o camisa 10 arriscou, mesmo de longe, e por pouco não acertou o ângulo direito de Ochoa.

Aos 23, após exibição muito abaixo da média, Fred deixou o campo para dar lugar a Jô. Logo no primeiro lance como o novo centroavante em campo, Bernard cruzou da esquerda para Neymar, que bateu firme, parando outra vez na defesa de Ochoa.

O desespero da seleção brasileira era evidente, tanto é que, em um lande de ataque, David Luiz se transformou em volante, Marcelo em ala ainda mais ofensivo, e Paulinho apareceu como centroavante. Aproveitando o mal momento dos anfitriões, Miguel Herrera também mexeu no ataque, lançando Hernández no lugar de Peralta.

Aos 30, em bola que começou com reposição de Julio César, Neymar brigou com a defesa adversária, acionou Bernard que deu bela enfiada para Jô. O centroavante girou para cima da marcação, mas finalizou muito mal, à esquerda do gol mexicano.

Faltando menos de 10 minutos, Felipão fez a última alteração, tirando Oscar de campo para colocar Willian. A ida do jovem jogador do Chelsea para o centro do campo, onde acontece a alteração, levou ao delírio o torcedor no estádio.

Em seguida, o grito de gol quase saiu da garganta. Aos 40 minutos do segundo tempo, Neymar cobrou falta na área, onde apareceu Thiago Silva, sozinho no meio dos zagueiros rivais, para testar com força. De novo, Ochoa impediu que a bola entrasse.

Nos minutos finais, o torcedor brasileiro precisou se segurar na cadeira. Primeiro quando Guardado dominou na entrada da área e bateu forte por cima do gol. Em seguida, quando Jiménez - que entrou no lugar de Giovanni dos Santos, acertou um forte chute para defesa de Julio César, que evitou maior estrago para a seleção.

Ficha técnica:.

Brasil: Julio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho, Ramires (Bernard) e Oscar (Willian); Neymar e Fred (Jô). Técnico: Luiz Felipe Scolari.

México: Ochoa; Márquez, Moreno e Rodríguez; Aguilar, Vázquez, Herrera (Fabián), Guardado e Layún; Giovanni dos Santos (Jiménez) e Peralta (Hernández). Técnico: Miguel Herrera.

Árbitro: Cuneyt Çakir (Turquia), auxiliado por seus compatriotas Bahattin Duran e Tarik Ongun.

Cartões amarelos: Ramires e Thiago Silva (Brasil); Aguilar e Vázquez (México).

Estádio: Castelão, em Fortaleza.

EFE   
Compartilhar
Publicidade