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Terra na Copa

SP: grito de "golaço" encerra festa argentina com briga

Torcedores argentinos e brasileiros se reuniram em bar da zona leste e aplaudiram a seleção sul-americana, mas comentário pró-Alemanha terminou com soco e tiro para o alto

13 jul 2014 - 20h44
(atualizado às 21h08)
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A confusão por um grito de “golaço” dado por um brasileiro após o gol da Alemanha sobre a Argentina na final da Copa do Mundo encerrou a festa de torcedores argentinos, na noite deste domingo, na zona leste de São Paulo, quando os alemães foram campeões. A briga, com direito a soco na cara e tiro para o alto, começou em um bar argentino da Mooca (zona leste da cidade) e foi parar na rua, onde a Polícia Militar interveio com uso de gás pimenta.

<p>No bar Moocaires, torcedora argentina lamenta derrota para a Alemanha</p>
No bar Moocaires, torcedora argentina lamenta derrota para a Alemanha
Foto: Alan Morici / Terra

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O gás invadiu o bar, e famílias que estavam dentro passaram mal. Na briga, já na rua, uma pessoa atirou para o alto, e outra quebrou uma lixeira e jogou garrafas no chão. Ninguém foi preso.

A maioria dos clientes que pagou R$ 70 para entrar no estabelecimento era composta por brasileiros que torceram para o time de Lionel Messi. Segundo a assessoria do bar, não havia policiamento durante o jogo – mesmo com as provocações de brasileiros que passavam de carro ou moto pelo local durante e após a partida.

“Foi completamente desnecessário jogar gás pimenta na porta do bar. Foi depois do jogo, os torcedores argentinos aplaudiam a equipe, estavam tranquilos – a briga mesmo havia acabado”, relatou o especialista em estratégia de cobrança Édson Guilherme, 26 anos.

“Isso é covardia. Somos vândalos, decerto, para ter que respirar esse gás? Não sabem lidar com multidões? E aqui nem era multidão”, constatou o estatístico Bruno Larizza, 33 anos.

Na festa argentina, domínio de brasileiros

Apesar da confusão no final, a torcida que se reuniu no bar, mais brasileiros que argentinos, aplaudiu a equipe alviceleste ao final do jogo. Gritos de “soy argentino, no puedo parar” eram facilmente ouvidos de não portenhos.

Veja o gol de Alemanha 1 x 0 Argentina pela Copa 2014 em 3D:

Um dos brasileiros de azul era Nathália Leishman, 27 anos, profissão: “mãe do Guilherme”. Além do filho de um ano, ela foi ver o jogo com o marido e a irmã, torcendo todos para a Argentina. Nathália, vale frisar, é filha de brasileira e argentino.

“Quando o Brasil perdeu de 7 a 1 (para a Alemanha), chorei de passar vergonha, de borrar a maquiagem. Mas sou contra levar a rivalidade entre argentinos e brasileiros para fora do campo, tanto que eles têm essa veia do ser latino-americano muito mais forte que nós”, disse.

O marido da jovem, o analista de infraestrutura Wellington Silva, 31 anos, concordou. “A gente tem que relevar certas coisas. Acima de tudo, a América. Chega dessa arrogância de time europeu se achar superior a latino, sendo que os craques mais valiosos deles vêm da América Latina”, constatou.

Também brasileiros e torcedores da Argentina, os amigos Éverton Lima, 32 anos, administrador de empresas, e Max Serra, 38, técnico em eletricidade, apoiam a equipe alviceleste desde 1998, depois que o Brasil, na Copa da França, foi derrotado na final pelos anfitriões.

“Depois daquela palhaçada do Brasil em 98, virei argentino. Eles jogam com muito mais raça e levam a rivalidade com a gente apenas dentro de campo”, analisou Correa. “O único inconveniente em torcer para a Argentina é a zoeira dos amigos na internet. Se perdermos, é um mês, pelo menos, fora das redes sociais”, riu Serra.

Amigo da dupla, o administrador de empresas paulistano Eduardo Correa, 42 anos, era o único "alemão" camuflado entre os torcedores. Se gritaria gol caso os alemães marcassem? “Sou educado, não gritaria, não. Mas estou triste é por não ser o Brasil na final”, resumiu.

Para o engenheiro argentino Nícolas Catalán Acuña, 29 anos, há dois deles no Brasil, mesmo com a derrota, o desempenho do time “foi emocionante”. “Caímos de pé, com raça”, disse a mulher de Acuña, Soledad Misco, 29 anos.

Depois do jogo, torcedores passaram pelo bar xingando os argentinos, em carros, e eram lembrados pelos portenhos do 7 a 1 que despachou o sonho do hexacampeonato para o Brasil.

Fonte: Terra
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