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Terra na Copa

Inferno vermelho: "em casa" no Maracanã, Chile elimina Espanha na 1ª fase

18 jun 2014 - 18h17
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Nem o torcedor espanhol mais pessimista poderia imaginar que sua seleção chegaria ao Brasil como atual campeã mundial e deixaria o país eliminada ainda na fase de grupos com uma rodada de antecipação, mas foi o que se desenhou nesta quarta-feira no Maracanã.

Apoiada por quase todos os cerca de 70 mil torcedores que compareceram ao estádio no Rio de Janeiro, a equipe sul-americana levou a melhor no duelo de 'Rojos' pelo placar de 2 a 0, com gols de Eduardo Vargas, ex-Grêmio, e Charles Aranguíz, do Internacional, garantiu-se nas oitavas de final e marcou a data da passagem de volta da equipe de Vicente del Bosque: 24 de junho.

O Chile definirá o primeiro colocado do grupo B daqui a seis dias, na Arena Corinthians, em São Paulo, contra a Holanda, que também venceu seus dois jogos. A atual vice-campeã jogará pelo empate para fugir do líder do grupo A nas oitavas, que pode ser o Brasil. Já a 'Fúria' realizará um amistoso de luxo com a Austrália na Arena da Baixada, em Curitiba. antes de retornar para casa.

É a segunda vez seguida que a detentora do título cai na primeira fase. Na África do Sul, a Itália protagonizou o vexame. Além disso, o Maracanã se consolidou como "inferno vermelho", com a colaboração de "endiabrados" torcedores brasileiros e chilenos. Local da eliminação precoce desta, o estádio já havia sido palco da dura derrota para o Brasil por 3 a 0 na final da Copa das Confederações do ano passado e da maior goleada sofrida pela seleção espanhola: 6 a 1 também diante dos donos da casa, em 1950.

Os titulares da 'Fúria' que pagaram a conta pela goleada holandesa por 5 a 1 na estreia, na última sexta, foram o zagueiro Piqué e o experiente meia Xavi, ambos considerados lentos por boa parte da imprensa e dos torcedores. Com isso, Martínez fez dupla de zaga com Sergio Ramos, e Pedro compôs um trio de ataque com David Silva e Diego Costa, mantido entre os titulares.

Já o técnico do Chile, Jorge Sampaoli, provou que em time que está ganhando também se mexe. O argentino optou por uma formação com três zagueiros, sacando o meia Valdivia e escalando o defensor Francisco Silva em seu lugar.

Foi preciso apenas um minuto de bola rolando para que a Espanha percebesse que novamente não teria uma tarde fácil. Vidal desceu pela esquerda e encontrou Vargas dentro da área. O jogador do Valencia chutou, a bola desviou na zaga e saiu em escanteio. Sánchez cobrou e Jara cabeceou à direita da meta.

Mesmo pressionada pela necessidade de vencer, a atual campeã mundial não abandonava seu estilo de jogo de troca paciente de passes, que, no entanto, se mostrava infrutífera. O time foi levar perigo pela primeira vez apenas aos 14 minutos, quando Diego Costa serviu Iniesta, que tocou para o meio da área. Xabi Alonso bateu, o goleiro Bravo defendeu e, na sequência, a arbitragem marcou impedimento.

Os chilenos atacavam menos, mas eram mais eficientes. E mostraram isso da melhor forma possível aos 19 minutos, com gol, em falha do 'tiki taka'. Xabi Alonso errou passe na esquerda de defesa, Sánchez aproveitou e serviu Aranguíz, que rolou para a chegada de Vargas. Com calma, o ex-atleta do Grêmio cortou Casillas e concluiu entre o goleiro e Sergio Ramos.

A 'Fúria' tentou responder quatro minutos depois, com Xabi Alonso, mas pecou na finalização. Diego Costa brigou com a defesa e a bola na esquerda da área e passou para o volante, que isolou. O próprio Diego teve sua chance logo depois, aos 26, quando foi acionado por Iniesta, mas acertou o lado de fora da rede. Foi um prato cheio para muitos brasileiros nas arquibancadas, que pegavam no pé do atacante sergipano naturalizado espanhol.

Cada vez mais nervosa, a defensora do título se enrolava em seus toques lentos e até mesmo em alguns raros lançamentos. Aos 38, Pedro recebeu bola esticada na direita com certa liberdade, mas embolou as pernas e desperdiçou a oportunidade.

Se o erro na frente foi inofensivo, atrás, não houve quem consertasse a besteira feita por Casillas. Sánchez cobrou falta a dois passos da área, mas não colocou muito no canto. Mesmo assim, o capitão espanhol rebateu para o meio, Aranguíz dominou e chutou tirando do goleiro.

Com uma substituição - Koke em lugar de Alonso - e mais "sede de vitória", a Espanha iniciou o segundo tempo pressionando. Logo com dois minutos, Iniesta descolou um de seus belos passes e achou Diego Costa, que, contudo, demorou a chutar e foi travado.

Aos sete, Bravo cometeu falha parecida com a de Casillas no segundo gol chileno, mas foi salvo pela zaga... da Espanha. Silva bateu falta, e o goleiro socou para o meio. No bate-rebate, Diego Costa cruzou de bicicleta, e Sergio Ramos, na pequena área e com o canto aberto, completou para fora.

O 'tiki taka' continuava sendo um aliado, mas o tique taque do relógio era um inimigo cada vez mais forte e aumentava o nervosismo dos comandados de Vicente del Bosque. Nem as trocas de Del Bosque, que sacou Diego Costa - fortemente vaiado na saída - e Pedro para pôr Torres e Cazorla mudaram esse panorama.

O Chile, por sua vez, estava cada vez mais confortável na partida, e saía apenas "na boa". Aos 23, no contra-ataque, a equipe sul-americana esteve em quatro contra três, mas Isla pegou mal na bola. Três minutos depois, Sánchez arrancou pela direita e levantou para Vargas, que cabeceou para fora.

Cazorla teve apenas duas oportunidades para aparecer, a primeira delas aos 34 minutos, quando recebeu passe de Iniesta, mas parou em Bravo, que se esticou todo no canto esquerdo e espalmou para o lado. Na sequência, aos 38, foi a vez do próprio Iniesta parar no arqueiro rival.

Embora não seja sua especialidade, o Chile soube segurar a vantagem fazendo a bola rodar, além de tentar encaixar contra-ataques, o que parou de acontecer nos instantes finais. A última boa tentativa da Espanha aconteceu aos 42, em cobrança de falta de Cazorla. Bravo pegou mais uma e garantiu que o placar do adversário permanecesse em branco.

Nem os seis minutos de acréscimo dado pelo americano Mark Geiger serviram para a atual campeã fazer ao menos o de honra. O Chile precisou apenas se segurar, esperar o apito final, ao som de "olé" e depois saudar o público no Maracanã, que mais parecia o do Estádio Nacional de Santiago.

Ficha técnica:.

Espanha: Casillas; Azpilicueta, Sergio Ramos, Javi Martínez e Alba; Busquets, Xabi Alonso (Koke) e Iniesta; Pedro (Cazorla), David Silva e Diego Costa (Torres). Técnico: Vicente del Bosque.

Chile: Bravo; Jara, Silva e Medel; Isla, Aránguiz (Gutiérrez), Díaz, Vidal (Carmona) e Mena; Vargas (Valdivia) e Sánchez. Técnico: Jorge Sampaoli.

Árbitro: Mark Geiger (Estados Unidos), auxiliado pelo compatriota Mark Sean Hurd e pelo canadense Joe Fletcher.

Cartões amarelos: Xabi Alonso (Espanha); Vidal e Mena (Chile).

Gols: Vargas e Aranguíz (Chile).

Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

EFE   
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