PUBLICIDADE

Terra na Copa

Máfia dos ingressos: sobrinho de Blatter pode depor

7 jul 2014 - 23h03
(atualizado às 23h04)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>O CEO da Match, Raymond Whelan, chega &agrave; delegacia no Rio de Janeiro</p>
O CEO da Match, Raymond Whelan, chega à delegacia no Rio de Janeiro
Foto: Stringer / Reuters

Horas após a prisão do britânico Raymond Whelan, CEO da Match, empresa parceira da Fifa que detém o direito de venda de ingressos e pacotes da federação, o delegado responsável pelo caso afirmou que pode chamar para depor Phillipe Blatter, sobrinho do presidente de Fifa, Joseph Blatter.

Quer acompanhar as notícias e jogos da sua seleção? Baixe nosso app. #TerraFutebol

"Não descartamos a possibilidade de chamar Phillip Blatter para prestar depoimento", disse Fábio Baruck, delegado titular da 18ª DP, que é responsável pelo caso da máfia dos ingressos. Phillipe é um dos sócios da Match.

Whelan foi preso após ser acusado de fornecer ilegalmente ingressos de jogos da Copa do Mundo. Ele faria parte de um esquema de comércio ilegal de ingressos que estaria em curso desde antes do início do Mundial no Brasil.

Há suspeitas de que os envolvidos vendiam ingressos de cortesia dados pela Fifa a ONGs, federações e jogadores a preços que poderiam chegar a até R$ 35 mil. A polícia já apreendeu ingressos, máquinas de cartão de crédito, dinheiro e computadores – 12 pessoas já foram presas.

Segundo o inquérito, o grupo teria atuado em quatro Copas e poderia ter levantado até R$ 200 milhões por torneio.

Em comunicado, a Fifa disse que continua colaborando plenamente com as autoridades locais e fornecerá todos os detalhes solicitados para auxiliar nesta investigação em andamento.

"A Fifa gostaria de reiterar a sua posição firme contra qualquer forma de violação da lei criminal e dos regulamentos de emissão de ingressos. A Fifa está apoiando totalmente as autoridades de segurança nos nossos esforços conjuntos para reprimir todas as vendas de ingressos não autorizadas", informa o órgão.

Lamine Fofana

Entenda caso de crime envolvendo revenda de ingressos da Copa:

Segundo o delegado, Whelan disse ter amizade com o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, que seria um dos suspeitos de chefiar a quadrilha. Ele foi preso na semana passada em um apartamento do ex-jogador Junior Baiano, na Barra da Tijuca.

Whelan, segundo o delegado, negou que tivesse feito negociações ilegais para Fofana. "O que não se sustenta (a negação de Whelan) porque temos muitas evidências que provam o contrário", disse o delegado.

Questionado sobre o papel de Whelan como chefe da quadrilha, o delegado hesitou. "Nessa altura não dá pra falar nisso. Ele é o facilitador dos ingressos, é um elo importante entre a quadrilha e Fifa."

Baruck também adiantou que o suspeito dormirá na delegacia e que ainda não se sabe se deporá ou não na manhã desta terça-feira. Caso seus advogados decidam pelo depoimento, ele será ouvido às 9h na Polinter.

Diogo Malan, um dos advogados de Whelan, disse que ainda não havia pedido o habeas corpus de seu cliente e que não poderia confirmar se ele irá depor nesta terça. Segundo o delegado, há divergências entre os advogados do britânico.

Baruck confirmou ainda que o britânico será acusado pelo artigo 41 do estatuto do torcedor, ou seja, fornecimento ilegal de ingressos para cambismo, que daria até 4 anos de prisão, além de associação criminosa.

Atlanta Sportif

Whelan disse, segundo o delegado, que a Match vendeu ingressos para a empresa de Fofana, a Atlanta Sportif, mas de maneira totalmente legal.

Mais cedo, a Match Hospitality anunciou que iria bloquear os pacotes vendidos para a Atlanta Sportif, que incluem reserva em hotéis e ingressos vip, e para outras três empresas.

"Em decorrência da prisão de Lamine Fofana, CEO da Atlanta Sportif, por ligação com revenda ilegal [de ingressos], a Match Hospitality está cancelando todos os pacotes de hospitalidade comprados pela Atlanta Sportif para os jogos remanescentes", disse a empresa, em nota.

As outras companhias são: Reliance Industries Ltd, Jet Set Sports e Padmodzi.

Ajuda internacional

Investigadores da Polícia Civil haviam revelado mais cedo nesta segunda-feira que a polícia tem recebido ligações de vários países oferecendo ajuda nas investigações e dizendo que a Match já estava no radar dessas polícias.

Segundo eles, foram apreendidos no quarto de Whelan telefones e 100 ingressos. A polícia pediu imagens do circuito interno do Copacabana Palace, hotel onde ele estava hospedado e local onde a prisão ocorreu.

Baruck disse ainda que outras sete pessoas devem ser presas nos próximos dias e que várias outras estão sendo investigadas.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade