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Terra na Copa

Manifestantes resistem, mas PM ocupa museu do índio no Maracanã

22 mar 2013 - 17h16
(atualizado às 17h18)
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Em ação que sofreu forte resistência por parte de manifestantes, o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro ocupou nesta sexta-feira a sede do antigo Museu do Índio, que fica ao lado do estádio do Maracanã e era o local onde desde 2006 viviam membros de diversas etnias.

Houve confronto durante a ocupação, e policiais chegaram a fazer disparos com balas de borracha e a usar spray de pimenta e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Pelo menos duas pessoas foram detidas, e um índio e um jornalista precisaram de atendimento médico.

O antigo museu, um palacete construído em 1850, ficou aberto ao público entre 1910 e 1978. Depois que o governo estadual transferiu o acervo para outra sede, no bairro de Botafogo, a edificação permaneceu abandonada por quase três décadas, até que em 2006 foi ocupada por índios que a usavam para se hospedar em suas visitas à capital fluminense.

A disputa pelo antigo museu começou quando o governo anunciou que o demoliria para ampliar o estacionamento do estádio como parte das obras de remodelação do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.

O anúncio gerou protestos dos índios, que consideram a edificação um patrimônio de sua cultura, e a essa causa se somaram estudantes, partidos de esquerda, membros de organizações de direitos humanos, sindicatos e militantes de movimentos sociais.

A rápida mobilização destes grupos impediu que a polícia executasse uma primeira ordem de desocupação no final do ano passado, quando também houve enfrentamentos entre agentes e manifestantes, e obrigou as autoridades a modificar seus planos e a garantir a preservação do prédio.

O governo estadual decidiu então transformar o palacete na sede de um museu olímpico para reforçar o ambiente de parque esportivo em todo o entorno da Maracanã e em função dos Jogos Olímpicos de 2016.

No entanto, as autoridades condicionaram a preservação da estrutura à mudança dos índios para outro lugar onde seria construído um novo centro cultural, e para isso ofereceram três terrenos. As opções, porém, foram rejeitadas pelos indígenas.

Com isso, o governo estadual pediu à justiça que ordenasse a desocupação, cujos prazos não foram acatados pelos índios, motivo pelo qual a polícia tomou hoje a edificação após uma última tentativa de negociação.

"Conseguimos que os mais velhos, as crianças e grande parte dos adultos saísse pacificamente do edifício e ainda esperávamos a resposta do resto dos ocupantes quando os agentes receberam a ordem para a desocupação", afirmou o defensor público Daniel Macedo, um dos intermediários das negociações.

Segundo a polícia, a operação foi autorizada porque os ocupantes, aos quais acusou de não serem índios, atearam fogo em uma oca construída no jardim e provocaram um esforço de incêndio.

Pouco antes da desocupação, os índios aceitaram um dos terrenos oferecidos, onde o governo se comprometeu a construir um centro cultural e um alojamento em um prazo de três anos.

Sem saber do acordo, os manifestantes concentrados nos arredores bloquearam uma importante avenida próxima, a Radial Oeste, quando perceberam a ocupação policial, o que levou aos confrontos.

EFE   
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