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Terra na Copa

Médico que sugeriu doping de Ronaldo processa CBF por demissão há 5 anos

Em 2008, Bernardino Santi indicou possível uso de esteroides com Ronaldo na Holanda para justificar tantas lesões. E foi demitido por Ricardo Teixeira...

1 mar 2013 - 15h01
(atualizado às 21h08)
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Bernardino Santi é autoridade internacional no controle de doping
Bernardino Santi é autoridade internacional no controle de doping
Foto: Ibramed / Divulgação

Uma declaração. Pinçada "de forma maldosa, como se eu acusasse o jogador", assegura o médico Bernardino Santi ao Terra. Mas que, há cinco anos, custou a ele a coordenação do controle de dopagem da CBF em São Paulo. Disse à Folha de S. Paulo na ocasião: "Eles (médicos do PSV Eindhoven, da Holanda) tinham suplementado o Ronaldo, que era muito franzino. Dentro dessa suplementação incluíam algumas substâncias anabolizantes, que poderiam eventualmente fazer ele crescer um pouco mais", disse, de certa forma, com ingenuidade na ocasião. 

Meia década depois do episódio, Bernardino Santi, que presta serviços a três confederações ligadas ao Comitê Olímpico Brasileiro (boxe, esgrima e taekwondo) e autoridade internacionalmente respeitada no controle antidoping, ainda lamenta ter sido dispensado por Ricardo Teixeira, então presidente da CBF. Mas aguarda, na Justiça, o sucesso de uma ação movida contra a entidade por conta da dispensa. 

"Isso (a demissão) está sub júdice a nível trabalhista e nesse assunto eu não gostaria mais de tocar, até por orientação. Sou um cara que trabalha sério e nunca me envolvi em nenhum problema", explica Bernardino Santi ao Terra. "Foi uma infelicidade de quem tomou a decisão, do ex-presidente da CBF que nem me chamou para conversar, como coordenador respeitado em todo o mundo", lamenta.

A CBF, agora presidida por José Maria Marin, espera mais informações para se pronunciar sobre o processo. Na época, a entidade não escondeu que o motivo da demissão era o mal-estar provocado pela entrevista. Ronaldo, também em 2008, respondeu com firmeza às declarações do médico. "Eu nunca fiz uso de anabolizantes. A pessoa que falou isso, eu nunca vi na minha vida e nunca trabalhou comigo". 

Ronaldo em 1994 e três anos depois: impressionante evolução física que chamou a atenção de Bernardino Santi
Ronaldo em 1994 e três anos depois: impressionante evolução física que chamou a atenção de Bernardino Santi
Foto: Getty Images

O inchaço de Ronaldo e também de Daniel Carvalho

Bernardino conta que as declarações reproduzidas pela Folha à época se deram em uma universidade. Naquele momento, o médico sustentava a hipótese de que as sérias lesões de Ronaldo nos joelhos tinham relação com o crescimento desproporcional de seu corpo. "É muito difícil alguém crescer do jeito que ele cresceu depois da puberdade", falou.

De 75 kg em 1994, Ronaldinho, como era chamado, chegou a 82 kg em 2000, quando teve sua lesão mais grave. No fim da carreira, em 2011 no Corinthians, se recusava a subir na balança. Ninguém, no clube, soube ao certo qual era seu peso, mas especula-se que girava em torno de 100 kg. 

Hoje, Bernardino lamenta que o esporte brasileiro tenha perdido, há cinco anos, a oportunidade de uma boa discussão sobre o inchaço dos jogadores brasileiros que atuam na Europa, em especial nos centros menores onde há menos rigor no controle de doping. No último ano, por sinal, Daniel Carvalho, então no Palmeiras, afirmou ter recebido anabolizantes em sua passagem pela Rússia. Bernardino Santi, ao ser recordado sobre o problema de Daniel, que também teve problemas com o peso, faz uma observação.

"Daí o problema da obesidade, do inchaço. O esteróide eleva os vasos linfáticos e você não consegue mais perder peso. Depois, ele (Daniel Carvalho) recuou (sobre as declarações) porque foi pressionado. O atleta no exterior se suplementa sem saber o que usou. Óbvio que o jogador não foi na farmácia e comprou algo", defende. "Mas pode eventualmente haver com atletas que vão para o exterior, muito jovens, e tomam sem saber, são vítimas dos clubes", observa.

Fonte: Terra
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