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Terra na Copa

Messi decide, e Argentina vence Bósnia na volta do Maracanã à Copa

15 jun 2014 - 22h11
(atualizado às 22h17)
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Não foram as 200 mil pessoas de 64 anos atrás, mas com um excelente público para os padrões atuais - de 74.738 pessoas -, o Maracanã voltou a uma Copa do Mundo no domingo em que a seleção argentina, apesar do pouco brilho, correspondeu ao papel de favorita e venceu a Bósnia por 2 a 1, na abertura do grupo F do torneio, que ainda tem Irã e Nigéria.

O placar mexeu pela primeira vez logo aos 3 minutos, no gol mais rápido da competição até aqui, quando Messi cobrou falta na área e Sead Kolasinac marcou contra. Na segunda etapa, depois de ser provocado com gritos de Neymar pelo torcedor brasileiro, o camisa 10 'albiceleste' fez um gol após lance de pura genialidade, e balançou a rede pela segunda vez em um Mundial.

Ao marcar, Messi quebrou um jejum de 629 minutos sem fazer gol pela competição. Em sete jogos disputados anteriormente, o craque só havia marcado uma única vez, justamente em sua estreia, contra Sérvia e Montenegro, em 2006.

Os torcedores brasileiros e bósnios, enfim, puderam comemorar juntos aos 40 minutos do segundo tempo, quando Lulic arrancou pela esquerda, acionou Ibisevic, que invadiu a área e bateu cruzado para vencer Romero, marcando o primeiro gol da seleção do país na história das Copas.

Aliás, em sua estréia na Copa do Mundo, a Argentina não conseguiu ser "dona da casa", apesar do grande número de torcedores do país que estiveram no Maracanã. Animados e muito barulhentos, os torcedores da seleção compareceram em bom público, mas tiveram um "rival" nas arquibancadas.

A rivalidade com a seleção brasileira fez com que a torcida anfitriã se voltasse contra os 'hermanos'. Não faltaram vaias de um lado, provocações de outro, em aperitivo do que pode ser um confronto entre os tradicionais adversários numa fase mais adiantada do torneio.

Alheia aos torcedores rivais, a seleção bicampeã do mundo voltará a campo no próximo sábado, às 13h (horário de Brasília), para enfrentar o Irã, no Mineirão. Os bósnios farão sua segunda partida pela competição no mesmo dia, às 19h (também horário de Brasília), contra a Nigéria, na Arena Pantanal, em Cuiabá.

Um dos grandes mistérios desta primeira rodada da Copa, a escalação da Argentina foi anunciada sem um centroavante de ofício, já que Gonzalo Higuaín se recupera de lesão. Sem ele, Alejandro Sabella optou por formação com três zagueiros - Campagnaro, Federico Fernández e Garay. No setor de meio, Maxi Rodríguez ganhou a vaga de Fernando Gago na última hora.

Na seleção bósnia, o treinador Safet Susic não apresentou surpresas. Recém-saído do departamento médico, o meia Sejad Salihovic ficou no banco. O goleador Edin Dzeko veio para o jogo, enquanto o outro homem de área do elenco, Vedad Ibisevic, começou o duelo na reserva.

O "pré-jogo" - período entre o aquecimento dos jogadores até o pontapé inicial - de certa maneira, acabou sendo um presente para o Maracanã, que amanhã completa 64 anos de idade. Os torcedores argentinos fizeram jus aos grandes públicos que o palco já recebeu, cantando e vibrando, transformando o estádio em um caldeirão.

Mal o confronto começou e o lado 'albiceleste' do Maracanã explodiu de alegria. Aos 3 minutos, Mujdza fez falta em Agüero no lado direito do ataque argentino. Messi cruzou área na cobrança, Rojo desviou, mas Kolasinac acabou interrompendo a trajetória da bola, que não levaria perigo, jogando contra as próprias redes.

O gol foi o primeiro feito no Maracanã em Copas do Mundo desde o marcado por Alcides Ghiggia, na partida final do torneio em 1950, quando os uruguaios impuseram silêncio a quase 200 mil pessoas que estavam no estádio, ao derrotar o Brasil por 2 a 1 e ficar com a taça mais desejada do futebol mundial.

Em desvantagem, os bósnios não se intimidaram com o poderoso rival e partiram para cima. Aos 15, Pjanic lançou Hajrovic, que se esticou todo para matar a bola, mas acabou sendo interceptado pelo goleiro Romero, que afastou o primeiro lance de perigo contra os argentinos.

Com 20 minutos, apesar do placar contrário a seleção da antiga república iugoslava,a arquibancada iniciou o grito de "olé", a cada toque na bola de Dzeko e companhia. Enquanto isso, Messi era "marcado" pelo torcedor brasileiro, que o vaiava a cada vez que era acionado.

O camisa 10 e toda a seleção argentina pareciam sucumbir à pressão dos torcedores brasileiros, e também ao atrevimento adversário, que tentava sair para o jogo, principalmente, pelos pés de Pjanic, maestro do time. Incomodados, os torcedores argentinos tentaram fazer sua parte, cantando e incentivando.

A força foi bem-vinda, já que aos 32 minutos, depois de longa troca de passes na intermediária ofensiva, Mascherano pegou rebote após um corte da defesa e soltou uma bomba, que parou na defesa de Begovic, fazendo o volume do lado 'albiceleste' do Maracanã ficar mais bem mais alto.

A resposta bósnia foi quase imediata, com Dzeko, que recebeu na intermediária e bateu com categoria, tentando encobrir Romero. A força do atacante do Manchester City foi demasiada, no entanto, e a bola acabou saindo por cima do travessão argentino.

Incansáveis, os comandados de Safet Susic deram susto outro vez aos 41 minutos do primeiro tempo, quando Pjanic cobrou escanteio da direita, e Lulic ganhou da zaga e cabeceou com estilo. Romero trabalhou bem e espalmou, em bela defesa.

A insatisfação de Alejandro Sabella com a atuação de sua equipe no primeiro tempo ficou evidente, tanto é que na volta para o segundo tempo, o técnico colocou Gago e Higuaín em campo, tirando Maxi Rodríguez e Campagnaro, acabando com a linha de cinco defensores.

Apesar das mudanças, a Bósnia continuou incomodando. Aos 5 minutos, Federico Fernández fez falta na entrada da área em Dzeko. Na cobrança, Hajrovic não conseguiu pegar bem na bola, e Romero conseguiu fazer defesa segura.

Quando a Argentina conseguiu sair bem para o ataque, aos 11 minutos, Agüero teve momento de "perna de pau". Ao receber passe de Messi, o atacante do Manchester City bateu de primeira, da esquerda da área, mas isolou, tomando uma sonora vaia de quem torcida contra.

Messi, em cobrança de falta muito mal cobrada, foi muito vaiado. A torcida brasileira começou a gritar o nome de Neymar. No minuto seguinte, aos 20, em lance característico, o craque do Barcelona disparou da esquerda, cortou para o meio e depois de disparar, acertou chute preciso no canto direito de Begovic, fazendo o segundo argentino.

O Maracanã entrou em transe. Afinal, os argentinos estavam cantando "Ole, ole, ole, ole, Messi, Messi" no momento em que o gol aconteceu, e os gritos só aumentaram de intensidade. O camisa 10, comemorou como há muito tempo não fazia, com raiva. A corrida em direção aos torcedores de seu país acabou sendo uma resposta, que calou os gritos adversários. Com o 2 a 0 no placar, o "olé" trocou de lado, inclusive.

A desvantagem fez o técnico Safet Susic mexer no atacado em sua equipe, colocando Ibisevic, Visca e Medunjanin nos lugares de Mujdza, Hajrovic e Misimovic, em tentativa de se tornar mais ofensivo.

Aos 40 minutos, o resultado apareceu, quando Lulic arrancou pela esquerda, acionou Ibisevic que fuzilou Romero, descontando para a seleção estreante em Copas do Mundo, e levando ao delírio os brasileiros nas arquibancadas, que terminaram o jogo gritando "pentacampeão", apesar da vitória argentina.

Ficha técnica:.

Argentina: Romero; Zabaleta, Campagnaro (Gago), Federico Fernández, Garay e Rojo; Mascherano, Maxi Rodríguez (Higuaín) e Ángel Di María; Messi e Agüero (Biglia). Técnico: Alejandro Sabella.

Bósnia: Begovic; Mujdza (Ibisevic), Bicakcic, Spahic e Kolasinac; Besic, Hajrovic (Visca), Pjanic, Misimovic (Medunjanin) e Lulic; Dzeko. Técnico: Safet Susic.

Árbitro: Joel Aguilar (El Salvador), auxiliado pelos compatriotas William Torres e Juan Zumba.

Gols: Kolasinac (contra), Messi (Argentina); e Ibisevic (Bósnia).

Cartões amarelos: Rojo (Argentina); e Spahic (Bósnia).

Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

EFE   
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