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Terra na Copa

Mitológico: Samaras cava pênalti, marca e leva Grécia às oitavas pela 1ª vez

24 jun 2014 - 19h50
(atualizado às 20h09)
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A mitologia grega ganhou nesta terça-feira um novo herói: o atacante Georgios Samaras, que "arrumou" um pênalti aos 48 minutos do segundo tempo, converteu a cobrança e deu à Grécia a vitória sobre a Costa do Marfim por 2 a 1 no Castelão e a inédita classificação de sua seleção às oitavas de final da Copa do Mundo.

Mas, assim como os semideuses da Grécia Antiga, Samaras tem seus defeitos, que foram expostos em Fortaleza. Jogador de técnica discutível, ele caiu ao ser travado por Giovanni Sio dentro da área e obteve a penalidade. Sem se importar com qualquer discussão, o camisa 7 pegou a bola, chutou forte no canto esquerdo e marcou o segundo, levando a alegria a seus companheiros e o choro aos "reles mortais" marfinenses. Antes disso, Samaris abrira o placar ainda no primeiro tempo, e Bony deixara tudo igual já depois do intervalo.

O resultado deu à campeã europeia o segundo lugar do grupo C da Copa, com quatro pontos, atrás apenas da Colômbia, que goleou o Japão por 4 a 1 em Cuiabá e chegou a nove. Costa do Marfim somou três, enquanto o campeão asiático obteve apenas um.

A próxima batalha de Samaras e companhia está marcada para o próximo domingo, diante da surpreendente Costa Rica, líder do grupo D, na Arena Pernambuco. Um dia antes, os colombianos medirão forças com o Uruguai no Maracanã.

A Grécia teve três mudanças em relação ao empate com o Japão na última quinta-feira, uma delas por obrigação e duas por decisão do técnico português Fernando Santos. Suspenso, Katsouranis deu lugar a Karagounis, e no ataque, Salpingidis e Christodoulopoulos ganharam a disputa com Fetfatzidis e Mitroglou.

O francês Sabri Lamouchi também fez três trocas em Costa do Marfim, a principal delas a escalação de Didier Drogba, que enfim foi titular nesta Copa. O zagueiro Kolo Touré e o também atacante Salomon Kalou foram as outras duas novidades.

Embora o empate fosse melhor para os marfinenses que para os gregos, era a representante que mantinha mais a bola no ataque no começo. No entanto, os erros eram muitos, tanto de passe quanto de finalização. Em uma das poucas boas tramas do começo de partida, Yaya Touré conseguiu espaço pela direita e levantou buscando Drogba, mas o goleiro Karnezis se antecipou e ficou com a bola.

Os deuses pareciam do lado oposto no começo, já que a Grécia teve dois problemas de contusão ainda na primeira metade da etapa inicial. Primeiro com Kone, que teve que dar lugar a Samaris devido a dores na coxa logo aos nove minutos. Karnezis, que ia se virando bem com as jogadas áreas do adversário, sentiu a coxa e foi substituído por Glykos, aos 23.

O panorama era todo favorável aos africanos, que tinham o jogo sob controle. No entanto, justamente quando parecia mais fraca, a campeã europeia de 2004 passou a dar mais trabalho. Foram dois sustos em sequência, aos 32 e aos 34 minutos. Na primeira, Holebas partiu sozinho no contra-ataque pela direita, encheu o pé e carimbou o travessão. Pouco depois, Karagounis bateu falta com força no canto esquerdo baixo, e Barry segurou.

Esperando o momento certo, a Grécia "deu o bote" aos 42. Os marfinenses erraram na saída de jogo, Samaras fez o desarme e tocou para Samaris. O meia avançou e tocou na saída do goleiro.

Como era de se esperar, a representante da Uefa voltou do vestiário disposta a se trancar na defesa. Mesmo assim, foi ela quem atacou primeiro na segunda etapa, logo com um minuto. Christodoulopoulos teve espaço, arriscou de longe e carimbou a marcação. Na resposta dos 'Elefantes', logo na sequência, Tioté recebeu de Gervinho e bateu forte, mas Glykos segurou.

O contra-ataque grego, embora raro, ia se mostrando perigoso. Mesmo isolado, Christodoulopoulos se virava bem. Aos oito, ele partiu em jogada individual e bateu cruzado perigosamente à esquerda do alvo. Aos 13, Salpingidis foi quem teve espaço, arriscou de fora e obrigou Barry a se esticar todo para espalmar.

Pouco inspirada, a seleção de Costa do Marfim criou uma boa oportunidade apenas aos 21, com Kalou, que foi levando da esquerda para o meio e passou por dois, mas errou o alvo por muito. Com a mira mais calibrada, Salpingidis respondeu mandando uma bomba no travessão.

Na base da insistência, sem muita organização, a representante da África, que a essa altura já era toda ataque, chegou ao empate aos 28 minutos. Kalou tocou para Gervinho, que abriu com Bony. O atacante, que entrara instantes antes no lugar do volante Tioté, completou no cantinho direito, tirando de Glykos.

Agora era a Grécia que precisava se lançar à frente, mas faltava dom para uma equipe historicamente defensiva, e parecia que sequer Ares, deus da guerra, resolveria. Torosidis, que se tornou uma das principais armas, cruzou com efeito e viu a bola raspar a trave, aos 32 minutos.

Tentando resolver sozinho, Christodoulopoulos matou bonito no peito e soltou a bomba, mas bateu para fora, aos 38. Dois minutos depois, Salpingidis entrou na área pela direita e chutou cruzado, mas nenhum grego apareceu para completar.

Quando tudo parecia perdido, Samaras "achou" um pênalti para se classificar. Nos acréscimos, aos 47, o jogador do Celtic armou o chute da grande área e foi travado por Sio, segundo a arbitragem, com falta. Ele mesmo cobrou no canto direito e superou Barry, que até acertou o canto, mas não defendeu. O goleiro chorou copiosamente, enquanto o atacante foi para os braços dos companheiros, coroado como o mais novo herói grego.

Ficha técnica:.

Grécia: Karnezis (Glykos); Torosidis, Manolas, Papastathopoulos e Holebas; Maniatis, Karagounis e Kone (Samaris); Salpingidis, Samaras e Christodoulopoulos. Técnico: Fernando Santos.

Costa do Marfim: Barry; Aurier, Kolo Touré, Bamba e Boka; Serey Die, Tioté (Bony) e Yaya Touré; Kalou, Gervinho e Drogba . Técnico: Sabri Lamouchi.

Árbitro: Carlos Vera (Equador) auxiliado pelos compatriotas Christian Lescano e Byron Romero.

Cartões amarelos: Drogba, Kalou e Die (Costa do Marfim).

Gols: Samaris e Samaras (Grécia); Bony (Costa do Marfim).

Estádio: Castelão, em Fortaleza.

EFE   
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