PUBLICIDADE

Terra na Copa

Moradores de Gramado (RS) contam histórias de Felipão

Com casa na cidade, técnico da seleção é apreciador de pimentas e ajudou a eleger um vereador

12 jul 2014 - 14h37
Compartilhar
Exibir comentários

Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção brasileira tem a responsabilidade de comandar uma das quatro melhores seleções da Copa de 2014. Devoto de Nossa Senhora do Caravaggio, Felipão viveu histórias que poucos sabem em Gramado, no Rio Grande do Sul.

A relação dele com a família Adam é um exemplo. Naturais de Gramado, na serra gaúcha, onde Felipão tem uma casa, os Adam conhecem Luiz Felipe desde 1990, quando João Carlos Adam (Patriarca da família) teve o primeiro contato com Felipão, na pré-temporada de 1990, quando ele era técnico do Grêmio.

Anos mais tarde, em 2001, o técnico do Brasil decidiu passar férias na cidade e hospedou-se na antiga pousada de João Carlos. Foi aí que a amizade começou. “Eu tinha mais ou menos a idade do Fabrício, filho do Felipão, e nos aproximamos também. A parceria dura até hoje”, conta o filho de João Carlos, Rafael Adam.

<p>Rafael e João Carlos Adam nas pontas ao lado de Felipão e seu assistente Murtosa. Nestor Tissot, prefeito de Gramado, está entre o treinador e seu assistente</p>
Rafael e João Carlos Adam nas pontas ao lado de Felipão e seu assistente Murtosa. Nestor Tissot, prefeito de Gramado, está entre o treinador e seu assistente
Foto: Divulgação

“Acredito que nos tornamos amigos porque uma família fechou com a outra. Eu e o Fabrício, por exemplo, nos tornamos próximos devido ao futebol. Toda vez que ele ia para Gramado passávamos tardes jogando bola, o meu pai e o dele ele falavam sobre tudo, desde negócios até o futebol, a dona Olga, mulher do Felipão, e a minha mãe sempre estavam por perto também. Foi uma somatória de fatos que fizeram a nossa proximidade”, explica.

Um dos momentos de maior união dos Scolari com os Adam de Gramado aconteceu antes das eleições municipais de 2012. Nesta fase, Rafael decidiu candidatar-se a vereador da cidade. O amigo Felipão foi incentivador e apoiou a campanha eleitoral de “Rafinha”, emprestando sua imagem aos materiais de divulgação do então candidato.

“A parceria dele foi sem palavras. Muitos políticos recebem apoios por segundas intenções, mas como ele não foi assim. Passei na convenção do partido e ele me ligou dizendo que ia me ajudar de alguma forma, pois acreditava muito em mim e sabia que eu não iria decepcioná-lo. Particularmente, além de tê-lo como um ídolo, o considero como se fosse da família”, diz Rafael,  vereador de Gramado.

Às escondidas

 As correspondências entre João Carlos Adam e Felipão não se resumiam apenas ao apreço pelo futebol e a conexão com Gramado – ambos também se assemelhavam fisicamente. No passado, quando o vistoso bigode de João se equivalia ao de Luiz Felipe, o artifício foi usado como disfarce para que eles pudessem andar tranquilamente pela cidade, sem o assédio de fãs. “Uma vez, para fugir do pessoal que assediava o Scolari eles se disfarçaram para despistar a multidão e foram jantar. Ele é muito engraçado e simples, então histórias assim se repetiram aos montes”, afirma Rafael.

O aposentado Sady Sartori, de 78 anos, fornece as pimentas cultivadas em seu sítio para o técnico da seleção brasileira - que também é seu primo
O aposentado Sady Sartori, de 78 anos, fornece as pimentas cultivadas em seu sítio para o técnico da seleção brasileira - que também é seu primo
Foto: Gran Mariano / Divulgação

Apimentando a seleção

 Nem só de futebol vive Luiz Felipe Scolari. A receita mágica para  a seleção vencer a Holanda, na disputa pelo 3º lugar na Copa, no entanto, é cristalina aos olhos de Sady Oscar Sartori: “Pimenta nos olhos dos adversários, Felipão!”. Aos 78 anos, o aposentado mora em um sítio na Linha Marcondes, interior de Gramado, no Rio Grande do Sul, com sua esposa, Leonor. Sua relação de parentesco – mesmo que distante – com Luiz Felipe, porém, não é o único elo  entre ambos: Sady é o fornecedor oficial de pimentas de Felipão.

 O sorriso que estampa em sua face, acentuando as marcas e sinais de quem viveu quase oito décadas, se transforma em protagonista quando o assunto é seu primo mais distante.

“Um dia encontrei Felipão na casa de um amigo e disse: ‘Tu és o parente mais difícil que eu tenho pra encontrar!’. O avô dele e a minha avó são irmãos.  Ele não sabia disso, eu que descobri”, diz orgulhoso.

 A familiaridade de Sady Sartori com o plantio das pimentas apreciadas por Scolari começou há 15 anos. Os experimentos do agricultor foram aperfeiçoados e hoje se converteram em fonte de trabalho e lazer. A primeira aproximação de Felipão e seus produtos aconteceu quando Sady trabalhava na Casa do Colono de Gramado. 

“Na época, eu dei uns molhos de pimenta pra ele. Se ele gosta ou não gosta de pimenta, eu não sei. Só sei que ele já levou um bocado”, lembra.

As histórias de Rafael e João Carlos Adam e Sady Sartori refletem apenas que, seja próximo às quatro linhas do campo - na imagem de líder do time brasileiro que carrega a esperança de incontáveis de pessoas às costas - ou em sua casa, em Gramado - no papel de turista que busca descanso -, a opinião é uma só: com ou sem futebol, Luiz Felipe incorporou a figura do “paizão Scolari” que une os 200 milhões de brasileiros em uma só família. 

Supervisão: professora Anelise Zanoni

Unisinos Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Compartilhar
Publicidade
Publicidade