PUBLICIDADE

Terra na Copa

Não a europeus faz Seleção ter ataque "100% brasileiro" em jogo

3 set 2011 - 07h50
(atualizado às 08h10)
Compartilhar

Fábio de Mello Castanho
Direto de Londres

Leandro Damião, Paulo Henrique Ganso e Neymar sofreram assédio de grandes clubes da Europa na última janela de transferência e tiveram chances reais de deixarem o futebol brasileiro. Porém, optaram pela permanência no Brasil e permitiram à Seleção uma situação incomum nos últimos anos: com Ronaldinho também confirmado, Mano escalará um ataque todo "nacional" para o amistoso contra Gana, segunda-feira, em Londres.

Quando assumiu o cargo em agosto do último ano, o técnico colocou como uma das prioridades de seu trabalho prestigiar mais os jogadores que atuam no próprio País. A nova política chegou ao auge para este amistoso, com 10 jogadores entre 24 convocados atuando por times brasileiros. Para a Copa do Mundo de 2010, Dunga levou apenas três.

Porém, o aumento do número também é reflexo da força econômica do País e do planejamento de clubes brasileiros para se defender do assédio europeu. Contratos com multas rescisórias altas, assinados graças à possibilidade de se oferecer um maior rendimento, acabaram com a facilidade de europeus em conseguir "pechinchas" de jovens jogadores.

Durante a última janela de transferência, o Tottenham ofereceu, sem sucesso, cerca de 20 milhões de euros ao Internacional por Leandro Damião. A multa rescisória do atacante é de 50 milhões de euros. Valor próximo dos 45 milhões de euros que terão de ser pagos por um clube que queira tirar Neymar do Santos. Em época de moeda nacional forte, os rendimentos do santista superam R$ 500 mil mensais.

"Com certeza os clubes estão conseguindo segurar jogadores e o nosso futebol está valorizado. O Neymar, o Ganso e o próprio Dedé acabaram ficando. Está crescendo muito o futebol do Brasil", afirmou Damião.

A valorização do futebol brasileiro tem dado segurança para que os jogadores não forcem uma saída do País logo na primeira grande proposta que apareça. Nas entrevistas de sexta, curiosamente Leandro Damião, Neymar e Lucas apresentaram o mesmo discurso: têm vontade de jogar na Europa, mas vão esperar o momento e o clube certo para a transferência.

"Claro que eu um dia tenho vontade de jogar em um grande clube da Europa, mas por enquanto estou feliz no São Paulo", disse o meio-campista reserva da Seleção, que deu o aval para o São Paulo recusar uma proposta de 27 milhões de euros da Inter de Milão por seu futebol. A multa rescisória do jogador é a maior do futebol brasileiro e beira os 90 milhões de euros.

Paulo Henrique Ganso também sofreu assédio europeu, recusou propostas e ficou no Santos para jogar o Mundial de Clubes. Porém, o jogador tem colocado empecilhos em renovação de contrato e deve antecipar o início da vida na Europa. Alexandre Pato e Hulk, já estabilizados no futebol europeu, são as outras opções de Mano para o setor.

Na contramão

O caso de Ronaldinho mostra outro aspecto do futebol brasileiro atual: a volta de jogadores consagrados ao País. O flamenguista ainda tinha mercado na Europa e em países árabes conhecidos por pagarem salários irreais, mas preferiu voltar para Brasil. A vontade de voltar para a casa só foi possível graças a possibilidade de uma remuneração menos desigual em relação ao exterior.

O ataque utilizado contra Gana deve ser o mesmo de Brasil x Argentina, que duelarão nos dias 14 e 28 de setembro apenas com jogadores que atuam dentro do país. A convocação para o primeiro jogo, marcado para Córdoba, ocorrerá logo depois do amistoso contra Gana.

Damião prefere Internacional a jogar no futebol inglês
Damião prefere Internacional a jogar no futebol inglês
Foto: Mowa Press / Divulgação
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade