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Terra na Copa

No dente e na raça, Uruguai mata Itália com gol de Godín e vai às oitavas

24 jun 2014 - 15h29
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Com a raça e a garra que são tradicionais no extremo sul das Américas, o Uruguai garantiu nesta terça-feira sua classificação às oitavas de final da Copa do Mundo ao vencer a agora eliminada Itália por 1 a 0, em duelo dramático disputado na Arena das Dunas, em Natal, válido pelo grupo D.

Em decisão intensamente brigada, com cartão vermelho para Claudio Marchisio, dentada de Luis Suárez em Giorgio Chiellini e grandes defesas de Gianluigi Buffon, coube a Diego Godín ser o autor do gol que valeu a classificação para a 'Celeste', aos 36 minutos do segundo tempo.

O zagueiro, assim, volta a representar o papel de herói, já que marcou na conquista do título do Atlético de Madrid no Campeonato Espanhol. Entre outros gols importantes na campanha da conquista da equipe, Godín quase deu o título da Liga dos Campeões para os 'Colchoneros', após abrir o placar contra o Real Madrid.

Com o resultado, o Uruguai permanece vivo na luta pelo terceiro troféu de Copa do Mundo - e o segundo em território brasileiro - ao chegar a seis pontos e assumir a vice-liderança do grupo D. A Costa Rica, com sete, ficou com o primeiro lugar.

Em sua próxima partida no Mundial, o Uruguai vai reencontrar o palco da segunda de suas duas maiores glórias no torneio: o Maracanã. Da última vez que jogou no mítico estádio em uma Copa, a 'Celeste' conquistou o título da edição de 1950 ao vencer o Brasil por 2 a 1 - o famoso 'Maracanazo'.

Os italianos, por outro lado, estão eliminados por permanecerem com três pontos. Esta, aliás, é a sétima vez em 18 participações que a 'Azzurra' não passa da primeira fase, a segunda consecutiva. As outras desclassificações foram em 1950, 1954, 1962, 1966, 1974 e 2010.

As escalações para o jogo de hoje evidenciaram o impacto das partidas anteriores para cada seleção. Os italianos fizeram inúmeras mudanças, inclusive no desenho tático, com a equipe passando a ter três zagueiros (Barzagli, Bonucci e Chiellini) e dois atacantes de área (Balotelli e Immobile).

Embalado pela boa vitória sobre os ingleses, a Celeste entrou em campo com a mesma formação do jogo da última sexta-feira, com Luis Suárez no time titular. Desfalque na segunda rodada, Diego Lugano, que chegou a ser liberado para a partida após se recuperar de lesão, acabou ficando no banco de reservas.

Como era de se esperar, o duelo de campeões mundiais teve cara de final desde o primeiro minuto. A luta por cada bola e a tentativa de impôr melhor futebol faziam o panorama na Arena das Dunas. Aos 3, depois de ganhar dividida, Cáceres arriscou da intermediária um chute por cobertura, que saiu sem força e foi facilmente defendido por Buffon.

Melhor armado em campo, o Uruguai logo dominou as ações, e conseguia sair melhor do campo de defesa, mas sentia dificuldades em levar perigo. Aos 11, quem assustou foi a Itália, em cobrança de falta executada com muita precisão por Pirlo, que acabou com defesa desajeitada de Muslera.

Mesmo após os lances, a Celeste seguiu melhor, mas Rodríguez, Lodeiro e Cavani não conseguiam encaixar o último passe para deixar companheiros na cara do gol. Foi assim até os 32 minutos, quando o jogador do Corinthians tabelou com Suárez, que recebeu e bateu cruzado para o meio da área, sendo interceptado por Buffon. No rebote, Lodeiro encheu o pé, mas o goleiro fez grande defesa.

Se os atacantes não conseguiam resolver, aos 36, Cáceres resolver tentar mais uma vez surpreender Buffon. Antes da linha central, o zagueiro, que vem atuando de lateral direito, ousou ao bater para o gol, tentando encobrir o companheiro de Juventus, mas a bola acabou saindo sem direção, indo pela linha de fundo.

Para o segundo tempo, ambas as seleções voltaram com alterações. A Celeste passou a ter Maxi Pereira, que entrou no lugar de Lodeiro. Com isso, González deixou a posição de ala direito e voltou ao meio. Na Itália, o meia Parolo substituiu Balotelli, que corria maior risco de ser expulso por já ter recebido cartão amarelo, seu segundo na Copa, e que o tiraria das oitavas caso a Itália avançasse.

Aos 5 minutos, os uruguaios se revoltaram quando Cavani caiu na área, alegando ter sido agarrado por Bonucci, e o árbitro mexicano Marco Rodríguez não viu falta no lance.

O calor de Natal - de 33ºC de acordo com a Fifa - fez os times imprimirem ritmo mais lento na segunda etapa. Suárez, no entanto, destoou, dando arrancada aos 12 minutos, se livrando da marcação e servindo Rodríguez, que bateu muito mal, em bola que saiu à esquerda de Buffon.

Cinco minutos depois, a situação ficou ainda mais complicada para a Itália, que até ali segurava a classificação para às oitavas de final, quando Marchisio deu uma solada em Arévalo Ríos bem na frente do árbitro Marco Rodríguez e acabou expulso de maneira direta.

Logo depois, o técnico Oscar Tábarez deixou sua equipe ainda mais ofensiva, com a entrada do atacante Stuani. Álvaro Pereira deixou o gramado. Mesmo sem mudança imediata de jogadores, a 'Azzurra' ficou ainda mais defensiva, com apenas Immobile ficando no campo de ataque.

A Celeste partiu para cima com tudo, e aos 20, Cavani se livrou da marcação e serviu Suárez, que ficou cara a cara com Buffon. O atacante bateu com perna direita, mas não conseguiu superar o veterano goleiro, que fez defesa espetacular. Após o lance, o camisa 1 vibrou como se tivesse marcado um gol.

Se Buffon exibiu toda sua classe em um lance, Immobile deu demonstração contrária pouco depois. Após receber bola na área em posição irregular, o atacante que acabou de trocar o Torino pelo Borussia Dortmund finalizou de maneira bisonha, depois de a arbitragem ter parado o lance. Aos 25, justamente o camisa 17 deixou o campo de jogo para dar lugar a Cassano.

Esgotada, a Itália ia segurando de todas as maneiras possíveis. Aos 30 minutos do segundo tempo, Verratti desabou em campo com cãimbras. No lugar do volante, o brasileiro naturalizado Thiago Motta entrou em campo.

Pouco depois, o clima esquentou. Suárez e Chiellini se estranharam dentro da área. O atacante do Liverpool cravou os dentes nas costas do defensor, repetindo mordida que deu no zagueiro sérvio Branislav Ivanovic, em jogo contra o Chelsea, em abril de 2013. O defensor da Juventus respondeu com uma cabeçada. Nenhum dos dois jogadores foi punido, no entanto.

Aos 35 minutos do segundo tempo, entrou em cena o habitual herói do Atlético de Madrid, Diego Godín. Em escanteio cobrado por Ramírez, que havia entrado pouco antes no lugar de Rodríguez, o defensor subiu desajeitado e atacou a bola de costas, mas conseguiu vencer Buffon, abrindo o placar do duelo.

O clima na torcida italiana passou a ser de luto, enquanto a maioria uruguaia comemorava enlouquecida a vantagem. Aos 39, Pirlo tentou arriscar em chute de longa distância, mas a zaga cortou. Logo depois, Suárez teve tudo para colocar Cavani na cara do gol, mas prendeu a bola e foi desarmado.

Aos 50 minutos do segundo tempo, Buffon virou centroavante para tentar aproveitar uma falta cobrada por Pirlo. O goleiro até tentou pressionar a saída de bola, sem sucesso. Para os uruguaios, foi esperar o apito final e comemorar intensamente a sobrevivência no "grupo da morte".

Ficha técnica:.

Itália: Buffon; Barzagli, Bonucci e Chiellini; Darmian, Pirlo, Verratti (Thiago Motta), Marchisio e De Sciglio; Balotelli (Parolo) e Immobile (Cassano). Técnico: Cesare Prandelli.

Uruguai: Muslera; Cáceres, Giménez, Godín, Álvaro Pereira (Stuani); Arévalo Ríos, González, Rodríguez (Ramírez) e Lodeiro (Maxi Pereira); Cavani e Suárez. Técnico: Oscar Tabárez.

Árbitro: Marco Rodríguez (México) auxiliado pelos compatriotas Marvin Torrentera e Marcos Quintero.

Gol: Godín (Uruguai).

Cartões amarelos: Balotelli e De Sciglio (Itália); Arévalo Ríos e Muslera (Uruguai).

Cartão vermelho: Marchisio (Itália).

Estádio: Arena das Dunas, em Natal.

EFE   
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