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Terra na Copa

Pernambuco tem dois dias de protestos contra obras da Copa

16 mai 2014 - 18h30
(atualizado às 18h30)
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Nesta sexta-feira, o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, foi surpreendido e teve de antecipar o fim da sua fala quando manifestantes subiram ao palco levando faixas escritas "#nãovaitercopa" e "Copa pra quem?", durante o Diálogos Governo-Sociedade Civil: Copa 2014, no Recife. No dia anterior, mais de 100 manifestantes fizeram um protesto no Loteamento São Francisco, pedindo a construção de um conjunto habitacional para as cerca de 200 famílias desapropriadas pelo Governo de Pernambuco na localidade.

Gilberto Carvalho acabou sua fala pouco depois do início do protesto
Gilberto Carvalho acabou sua fala pouco depois do início do protesto
Foto: Eduardo Amorim / Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra

O ministro não perdeu a compostura e lembrou que o fato dos manifestantes estarem ali, protestando diante de um ministro de Estado era simbólico da democracia brasileira. Antes do início da apresentação, a reportagem do Terra chegou a entrevistar Gilberto Carvalho, que preferiu não se colocar em relação aos atrasos nas obras do Terminais Integrados de Camaragibe, Cosme e Damião e do Ramal da Copa, todas de responsabilidade do Governo do Estado.

“Temos acompanhado essa situação em todo o país. Nós entendemos que o assunto remoção é um assunto específico e que nem a rigor depende de Copa. Estamos construindo um protocolo de práticas de como trabalhar com remoção involuntária de uma população seja para a construção de uma avenida, metrô ou um estádio”, explicou o representante do Governo Federal, em relação às famílias desapropriadas para obras do Mundial.

O ministro estava na mesa com o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, e o secretário executivo da Copa do Recife, Danilo Moreira. Na quinta-feira, em meio ao clima de tensão que tomou conta da Região Metropolitana do Recife por conta da greve da Polícia Militar, Camaragibe recebeu um ato contra o Mundial denominado 15M. O protesto mundial anti-Copa, em Pernambuco teve como foco denunciar a situação das mais de 200 famílias removidas para as obras de ampliação do Terminal Integrado de Camaragibe e do Ramal da Copa, no Loteamento São Francisco, a cerca de sete quilômetros da Arena Pernambuco.

As famílias do Loteamento São Francisco se uniram a lideranças de diversos grupos estudantis, políticos e de usuários de transporte para pedir o pagamento das indenizações pelas casas demolidas, auxílio moradia e a construção de um conjunto habitacional no local onde elas foram desapropriadas para abrigar aqueles que deixaram de ter casa própria. O Governo do Estado também vem recebendo críticas em relação aos atrasos das obras no local, mas o secretário da Copa, Ricardo Leitão, prometeu em recente seminário promovido pelo Instituto Ethos a entrega do Ramal da Copa até o fim de maio, somente com duas pistas (ida e volta), como será utilizado pelo BRT durante os jogos do Mundial de 2014 em Pernambuco.

Na semana passada, o Terminal Integrado de Camaragibe (ao lado do Loteamento São Francisco, onde foi realizado o 15M) foi palco de protesto e de confronto entre policiais e usuários do transporte público que reclamaram dos problemas nos TIs, após falha no metrô que ocasionou a suspensão do serviço. Representantes da Frente de Luta pelo Transporte Público solicitam a implantação do bilhete único, que poderia facilitar a utilização do terreno hoje em obras muito lentas para construção de moradias para os desabrigados.

Depois de encerrado o ato das famílias removidas, na quinta-feira, jovens continuaram fechando a Avenida Belmínio Correia. Mas o ato simbólico foi pacífico e homenageou também sete moradores falecidos durante o período de negociação com o Governo do Estado e após as demolições. 

Fonte: Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra Brisa Comunicação e Arte - Especial para o Terra
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