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Terra na Copa

Presidente da Câmara diz que Valcke merece "chute de volta"

5 mar 2012 - 18h56
(atualizado às 20h37)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

Após o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, ter provocado as autoridades brasileiras e dito que organizadores da Copa do Mundo de 2014 precisavam de um "chute no traseiro" para conseguir viabilizar a tempo a infraestrutura para realizar o Mundial, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse nesta segunda-feira que o dirigente da entidade máxima do futebol mereceria um "chute de volta" pelas declarações.

"As pessoas dizem o que querem e o que bem entendem, mas as entidades são superiores", disse Maia
"As pessoas dizem o que querem e o que bem entendem, mas as entidades são superiores", disse Maia
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

» Veja fotos das obras e o que falta para os estádios da Copa de 2014

"É uma declaração deselegante que não condiz com o papel que qualquer dirigente de qualquer entidade séria tenha. Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", disse o parlamentar, que havia recebido Valcke na residência oficial da presidência da Câmara quando o cartola francês esteve em Brasília.

"Nós compreendemos a expectativa e a ansiedade da Fifa em relação à preparação da Copa de 2014, mas o Brasil é um País democrático, é um País que tem a sua própria dinâmica, que tem um parlamento que debate todos os temas. Aqui não há nada imposto", completou Marco Maia, que disse não ver nas declarações do secretário-geral da Fifa o estopim para o rompimento das autoridades brasileiras com o órgão futebolístico.

"A entidade Fifa, a entidade CBF e o próprio governo, as instituições do Brasil são superiores aos homens. As pessoas dizem aquilo que querem e aquilo que bem entendem, mas as entidades são superiores. Um fato como esse não vai levar a nenhum tipo de rompimento que inviabilize a realização da Copa do Mundo no Brasil. Ao contrário: temos de tirar disso ensinamentos e repudiar esse tipo de atitude, mas ao mesmo tempo continuar trabalhando com todas as nossas forças para a realização desses eventos", opinou o presidente da Câmara.

Em carta enviada à Fifa, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, comunicou oficialmente nesta segunda que o governo brasileiro não aceita mais o secretário-geral Jérôme Valcke como interlocutor para tratar da organização da Copa do Mundo de 2014. No documento, dirigido ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, Rebelo oficializou o pedido para que um novo interlocutor seja escolhido pela entidade.

Entenda a polêmica

Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".

As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.

Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.

No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.

Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".

No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.

Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".

Fonte: Terra
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