Seleção volta a palco de decepção olímpica para recomeço com Felipão
Basta um olhar ou apenas alguns passos para os jogadores da Seleção Brasileira se depararem com um passado recente que gostariam de esquecer. O Hotel Hilton, escolhido para a concentração brasileira em Londres, fica exatamente em frente ao Estádio Wembley, local em que o Brasil enfrentará a Inglaterra em amistoso na quarta-feira e onde há cinco meses foi derrotado na final olímpica pelo México.
Do grupo que ficou com a prata, apenas Lucas, Neymar, Hulk e Oscar estão entre os convocados para a reestreia de Luiz Felipe Scolari no comando da Seleção. Curiosamente, o jogo contra a Inglaterra marcará um recomeço de Felipão justamente onde seu antecessor, Mano Menezes, iniciou a sua derrocada que levou à demissão ao final do ano.
Mano Menezes caiu com a Seleção na final olímpica para o México em Wembley (Foto: Getty Images)
Oficialmente, o presidente da CBF, José Maria Marin, garantiu a permanência de Mano após o 2 a 1 sofrido para o México na final olímpica. Mas, nos bastidores, a prata aumentou pressão de pessoas próximas a Marin para a troca de comando da Seleção. As fracas atuações contra África do Sul, Argentina e Colômbia apenas validaram a intenção de troca de comando, deixada em aberto desde que Marin substituiu Ricardo Teixeira no comando da CBF, em março de 2012.
Ao total, Mano Menezes se despediu da Seleção com 27 vitórias, 6 empates e 7 derrotas. Na frieza dos números, o aproveitamento de 72% pode soar positivo. Em uma análise mais cuidadosa, porém, contaram muito contra o treinador os fracassos na Copa América e Olimpíada de Londres e as derrotas para os grandes do futebol (Alemanha, França e Argentina).
A agenda da Seleção nos próximos meses colocará justamente outras seleções tradicionais na preparação até a Copa das Confederações. Depois da Inglaterra nesta quarta, o Brasil enfrentará Itália, França e novamente os ingleses. A Rússia, país que tem um futebol em ascensão na Europa, completa a agenda de preparação brasileira até o torneio. Apesar do caminho tortuoso, dificilmente Felipão passará pela mesma pressão interna de Mano em caso de dificuldades contra os grandes. Ele é o técnico escolhido pela cúpula da CBF para 2014 e só um fato extraordinário pode alterar este quadro.
Recomeço ou continuidade?
Ao assumir a Seleção, Felipão disse que não ia começar o trabalho do zero. “Nós vamos pegar uma Seleção que foi trabalhada, examinar alguns nomes e um ou outro nome deverá ser mudado. A partir desta base uma ou outra coisa deverá ser mudada”, disse. O quanto a Seleção será mudada em relação a Mano é uma incógnita que começará a ser respondida nesta quarta.
Pelo menos na primeira convocação, Felipão optou pela manutenção da base de seu antecessor, acrescida principalmente por jogadores mais experientes. Do time ideal ao final do trabalho de Mano, todos foram chamados com exceção dos contundidos Thiago Silva e Marcelo.
A tendência é que, mesmo sem mudanças drásticas, Felipão comece e delinear seu estilo no time. A primeira indicação está nas convocações de Luís Fabiano e Fred, dois homens de referência no ataque. Mano Menezes encerrou seu trabalho apostando em Neymar como falso centroavante.
O Brasil se reapresenta ao longo desta segunda-feira em Londres. Um único treino será realizado na terça-feira antes do duelo que marcará a reestreia de Felipão no comando do time.
Hotel onde Seleção está concentrada fica em frente a Wembley (Foto: Getty Images)
