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SP: um ano depois, ato contra Copa reedita violência da PM

12 jun 2014 - 18h45
(atualizado às 19h23)
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<p>Polícia lança bomba da gás lacrimogêneo contra manifestantes em São Paulo</p>
Polícia lança bomba da gás lacrimogêneo contra manifestantes em São Paulo
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Na véspera de completar um ano, o protesto reprimido com violência pela Polícia Militar (PM) em junho do ano passado, em São Paulo, ganhou uma espécie de reedição, nesta quinta-feira, horas antes da abertura oficial da Copa do Mundo de Futebol. Além de jornalistas feridos – a maioria, estrangeiros –, o protesto teve bombas da PM lançadas para dentro de condomínios residenciais e fechamento da estação de metrô do Tatuapé, que virou uma “praça de guerra” entre policiais e manifestantes.

A assessoria de imprensa da corporação contabilizou apenas três feridos, ainda que, nas ruas, pelo menos quatro jornalistas – três deles, estrangeiros – tenham tido ferimentos decorrentes de bombas de efeito moral e balas de borracha. Um manifestante, identificado como Rafael, professor em Jundiaí (SP), foi atingido por balas de borracha e detido nos primeiros minutos do ato.

Entre os jornalistas, se feriram por estilhaços de bombas da PM um fotógrafo chamado Rodrigo, argentino, da agência Associated Press, o cinegrafista Douglas Barbieri, do SBT, a repórter americana Shasta Darlington e a produtora canadense Shasta Darlington, ambas da rede de TV americana CNN. Elas tiveram ferimentos no braço, foram encaminhadas ao hospital estadual da Vila Alpina, na região, e liberadas cerca de duas horas depois.

Veja momento em que repórter da CNN é atingida em protesto:

O ato foi acompanhado por defensores públicos e ouvidoria da Defensoria Pública do Estado, cujo objetivo era analisar se "o direito de manifestação seria assegurado" sem violações.

Protesto começa e termina em estação de metrô

O protesto, contrário à Copa no País, durou cerca de seis horas e se concentrou na zona leste de São Paulo. Começou por volta das 10h, ao lado da estação de metrô Carrão – distante cerca de 12 quilômetros do estádio de abertura do mundial, a Arena Corinthians –, e chegou até o shopping e estação Tatuapé, às 16h, uma hora antes de começar o jogo entre Brasil e Croácia.

Na própria estação, PMs faziam revistas em bolsos e mochilas de usuários do transporte. Pouco depois das 10h, as primeiras bombas eram lançadas nos cerca de 500 manifestantes que se concentravam na rua Apucarana, a poucos metros da Radial Leste, principal acesso ao estádio.

Bombas atingem prédios residenciais

No confronto, os policiais lançaram bombas que acabaram acertando também prédios. Dali, os manifestantes seguiram para a rua Serra do Japi, nas proximidades, onde tinham um ato de apoio por parte dos metroviários – cujo sindicato fica na mesma rua. No local, porém, um grupo de ao menos 30 black blocs fez barricadas com lixeiras, cones e sacos de lixo, e alguns lançaram pedras e garrafas contra os policiais do Choque. O revide, com mais bombas e tiros, foi na esquina de um posto de combustíveis – que, a exemplo de outras lojas nas imediações, fechou.

No recuo da Tropa de Choque, moradores dos prédios vizinhos, das sacadas, xingaram os manifestantes de “vagabundos” e aplaudiram os PMs. Os manifestantes foram aos portões e os hostilizaram, pedindo: “Quando precisarem de ajuda, chamem a PM, reaças. A escola está boa, né?”

Manifestantes protestam em SP no dia de abertura da Copa:

Ainda na rua Serra do Japi, mais cenas de hostilidade ocorreram entre os manifestantes e os metroviários, que anunciaram a própria retirada do protesto depois de serem interpelados a desobstruir a via por parte do Choque. Os participantes do ato contra a Copa lembraram os sindicalistas que, dias atrás, eles próprios haviam sido reprimidos pelo Choque na estação de metrô Ana Rosa, durante a greve da categoria. “Pelegos, traidores”, gritaram os manifestantes.

“Praça de guerra” no metrô Tatuapé

Na sequência, o ato se dispersou para a estação de metrô seguinte, a do Tatuapé, onde, já nas imediações, um carro de reportagem do SBT foi alvo de vandalismo. Na estação, PMs alegaram ter impedido um pula-catraca de manifestantes ao cercá-los e agredi-los com cassetetes. O Metrô fechou, e, cerca de uma hora depois, às 15h30, jornalistas e usuários do transporte foram expulsos da estação por policiais do Choque.

Ainda na estação, um manifestante foi detido e levado por PMs. Em uma das ruas vizinhas à estação, a Tuiuti, PMs e Cavalaria cercaram os acessos à marginal e novamente lançaram bombas – comerciantes fecharam as portas, mas o gás acabou invadindo os estabelecimentos.

A dispersão completa ocorreu apenas por volta das 16h15. A assessoria de imprensa da PM contabilizou apenas um detido e três pessoas feridas.

Ação violenta da PM em SP completa um ano amanhã 

O ato que completa amanhã um ano havia ocorrido em São Paulo contra o aumento das tarifas de transporte coletivo na capital paulista. Naquele dia, os manifestantes deixaram o Teatro Municipal, no centro, e foram fortemente reprimidos na subida da rua Consolação, na avenida Paulista e em imediações dela.

Além de manifestantes, na ocasião, moradores e trabalhadores da região também foram feridos. Os atos seguintes levaram centenas de milhares de pessoas às ruas de todo o Brasil e ampliaram o foco dos protestos também contra a violência policial.

Fonte: Terra
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