Tribunal suíço libera documentos que podem incriminar Teixeira e Havelange
11 jul2012 - 11h58
(atualizado às 12h09)
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A Suprema Corte da Suíça ordenou a divulgação de documentos identificando quais dirigentes do futebol receberam milhões de pagamentos da agência de marketing ISL, parceira da Fifa até declarar falência há 11 anos.
Esses dirigentes, que apelaram à corte para bloquear a publicação, são provavelmente o ex-presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange, e o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira.
O Tribunal Federal suíço disse que cinco juízes decidiram que é de interesse público que cinco organizações midiáticas tenham acesso a cópias dos documentos do tribunal de Zug, que encerrou as investigações sobre o caso criminal da ISL em maio de 2010.
"O nome das pessoas envolvidas e as circunstâncias pessoais e financeiras também devem ser divulgadas aos repórteres", disse a corte em comunicado. Os documentos detalham quais foram os dirigentes que pagaram R$ 6,1 milhões para que as identidades fossem mantidas em segredo. Eles são identificados como "B2" e "B3" na apelação contra a divulgação.
Havelange, 96 anos, foi presidente da Fifa por 24 anos. Em 2011, alegou problemas de saúde para renunciar ao cargo no Comitê Olímpico Internacional e fugir da investigação que o puniria por irregularidades no relacionamento com a ISL. Ele passou por uma série infecção bacterial e foi internado em um hospital do Rio de Janeiro neste ano.
Teixeira renunciou ao cargo de presidente da CBF e ao comitê executivo da Fifa alegando problemas de saúde e pessoais. A entidade prometeu emitir um comunicado oficial ainda nesta quarta. A Fifa ajudou a negociar o acordo de confidencialidade e fez parte dos apelos para que não fosse quebrado até dezembro do ano passado.
Em outubro, o presidente da entidade, Joseph Blatter, disse que queria divulgar os documentos da ISL, mesmo que a organização ainda estivesse lutando para impedir. Embora Blatter deva aparecer no documento de 41 páginas, não é suspeito de pagamentos e apoia a divulgação para tentar limpar a imagem da Fifa, manchada na última eleição.
Entre as cinco empresas que vão receber os documentos estão o jornal suíço Handelszeitung e a emissora de televisão britânica BBC.
Completa nesta quinta-feira, 5 de julho, 30 anos da derrota do Brasil para a Itália na Copa do Mundo da Espanha em 1982, batizada desde então como o Desastre de Sarriá, em referência ao nome do Estádio do Espanhol (Barcelona), demolido em 1997, onde a partida aconteceu. Neste especial, o Terra relembra personagens e histórias que marcaram a maior derrota brasileira desde a Copa de 1950. Confira:
Foto: AFP/Getty Images/Getty Images / AFP
Galinho no auge Ao chegar ao Mundial da Espanha em 1982, o segundo de sua carreira, Zico vivia o auge de sua carreira. O meia - que vinha das conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes (1981) e de dois Brasileiros (1980 e 1982) pelo Flamengo -, apesar da derrota no Sarriá fez um torneio inspiradíssimo, guiando o toque de bola encantador da equipe, e sendo artilheiro do Brasil, com quatro gols
Foto: AFP
Doutor, capitão e maestroO ano de 1982 marca o auge técnico e carismático na carreira de Sócrates, corintiano grandalhão (1,90 m) que comandava ao lado de Zico o meio de campo do Brasil. Ao final daquele ano, Sócrates contaria com o título do Campeonato Paulista sobre o São Paulo e com excelente atuação no Mundial da Espanha. O meia marcou gols nas partidas mais difíceis para o Brasil, na vitória por 2 a 1 sobre a URSS, na estreia, e na derrota fatídica contra a Itália
Foto: Gertty Images
Preparação impecávelA Seleção vinha de preparação impecável e fizera campanha perfeita nas eliminatórias, com quatro vitórias em quatro jogos, contra Venezuela e Bolívia. Além dos triunfos nas eliminatórias, Brasil vinha de várias vitórias contra seleções de expressão, como a Alemanha
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Paciência esgotadaA derrota em 1982 causou de uma maneira geral mais comoção que irritação, mas para João Saldanha, jornalista e técnico da Seleção na preparação para a Copa de 1970, o derrota foi implacável com a derrota. "Perdemos, paciência. Campeão moral? Pra mim não me serve. Campeões da burrice. É, campeões da burrice tática. Esse título me parece mais apropriado. Era o que eu tinha a dizer", disse Saldanha em sua coluna no Jornal do Brasil, na époc
Foto: Gertty Images
Rebelde domadoA participação de Serginho no time brasileiro no Mundial de 1982 é das mais controvertidas. O centroavante, destaque da estrelada equipe do São Paulo, conhecida como A Máquina no começo dos anos 80, conta que sua participação na Copa foi prejudicada por ter, segundo ele próprio, sido domesticado demais para enquadrar-se na rígida disciplina do técnico Telê Santana
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Voa CanarinhoO lateral Júnior foi um dos grandes nomes da equipe brasileira em 1982, com destaque para a partida contra a Argentina, em que marcou o terceiro gol na vitória por 3 a 1. Mas o ídolo flamenguista também é lembrado por ter gravado antes do Mundial a canção que viraria tema do Brasil na Copa: Voa Canarinho
Foto: Gertty Images
Maradona dá chiliqueDuelo mais memorável do Brasil naquela Copa, a partida contra a Argentina foi marcada pelo futebol exuberante da Seleção, mas a vitória sobre os rivais sul-americanos teve outro destaque. Diego Maradona, frustrado e impotente diante da superioridade brasileira, perdeu a cabeça, agrediu o meio campo Batista e foi expulso de campo
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Vitória dá forçaA Itália chegara ao Grupo C da segunda fase com três empates em três jogos (contra Polônia, Camarões e Peru), em campanha pífia até aquele momento e que provocara uma greve de silêncio dos atletas com a imprensa do país. A partir da vitória por 2 a 1 sobre a Argentina, porém, o time engrenou, desbancou o Brasil e acabou batendo a Alemanha na decisão
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Igualando o BrasilA vitória contra o Brasil significou também a equiparação das duas seleções em número de títulos mundiais. A Itália, que perdera a chance contra o Brasil em 1970, conseguiu, finalmente, o tri em 1982, se igualando aos brasileiros como maiores da história das Copas
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Consagração após escândaloO título mundial foi a redenção não apenas do futebol italiano, mas significou também uma recuperação de prestígio profissional e pessoal para os atletas daquele país, em especial o atacante Paolo Rossi, artilheiro da Copa com seis gols e autor de três contra o Brasil. Rossi passara mais de um ano suspenso do futebol por envolvimento com a máfia das apostas
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Título muda o futebolA vitória da Itália sobre o Brasil é traumática não apenas para o torcedor do Brasil, mas também para o próprio futebol. Os 3 a 2 no Estádio Sarriá são considerados para muitos um marco que separa a era do futebol arte da era do futebol força