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Copa América

A noite em que o Chile viveu o seu momento Woodstock

No melhor estilo vale-tudo, presidente recebeu jogadores “fedidos” e cantando. Nas ruas, escalar monumentos era o mínimo desta “noche loca”

5 jul 2015 - 08h30
(atualizado em 6/7/2015 às 21h37)
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Quando Alexis Sánchez aplicou a cavadinha sobre Romero, tirou a camisa e correu para o abraço, veio aquela sensação de que, mesmo brasileiro, eu estava presenciando um momento histórico. No pátio Bellavista, reduto boêmio de Santiago e de onde acompanhei a final da Copa América 2015 entre Chile e Argentina, senhores de idade choravam como crianças. Crianças não entendiam muito bem as lágrimas, mas, sortudas, comemoravam. Afinal, ainda jovens, são privilegiadas. Todas as gerações anteriores nunca viram o país ganhar nada. Até o sábado.

A emoção foi tamanha que o diretor do switcher do canal 13 chileno deveria estar estourando uma champanhe, não sei, pois simplesmente não mostrou ao vivo o capitão e goleiro Bravo levantando a taça. A taça tão esperada, Jesus Cristo! Mas enfim. Garçons se abraçavam, torcedores idem, e todos, como se numa procissão, esvaziaram os bares rumo à Praça Itália.

Cerveja, escalada de mastros e Ivete Sangalo: a festa chilena!:

É lá que os chilenos deram início a noite que jamais acabaria para os campeões da América. Um mar vermelho se alastrou pela avenida Libertador Bernardo O’Higgins, a tal alameda. “Me filma, me filma”, foi o que os profisisonais da mídia mais ouviam.

Vale tudo? Chileno "agarra" policial para comemorar título:

Todos queriam mostrar o rosto, provar que estavam felizes e, mais do que isso, documentar aquele momento histórico. Claro que alguns exageraram ao escalar monumentos, mastros de bandeiras e pontos de ônibus. A sensação, porém, foi de Woodstock. Que tudo se podia fazer. Todos foram às ruas, e milhares e milhares de camisas vermelhas gritavam que Messi “se cagou”.

Sem perdão! Chilenos zoam Messi por vice : "se cag...":

As estações de metrô se fecharam e ninguém tinha transporte. Chilenos “borrachos” (bêbados) caminhavam, ainda assim, felizes, mesmo sem ônibus, mesmo sem ter como voltar para casa. Como se num festival de rock dos anos 60 em que pouco importava ter que voltar para casa. O importante era viver o momento. Foi o que os jogadores da seleção chilena fizeram, não?

No melhor estilo Vampeta doidão dando cambalhota em Brasília, em 2002, os jogadores foram ao Palácio de La Moneda, sede do governo federal chileno, ainda com uniformes de jogo. Deviam estar fedidos, imaginei. E abraçaram a presidente Michelle Bachelet. Valia tudo, claro. Ela ainda ouviu pedidos de feriado para esta segunda-feira – medidas esta super necessária, diga-se. E ainda cantou “pê pê rê rê rê rê pê pê”. Uma bagunça no salão oval chileno.

Bonde do Valdivia! Jogador comanda festa com torcida chilena:

O país que, se não ofereceu as melhores condições para quem visitou o país pela primeira vez, fez jus à sua conquista celebra agora a melhor seleção de sua história. Como bem disse o narrador do canal 13, o de maior audiência do Chile, “deixamos para trás 100 anos como perdedores. Somos campeões. Até que enfim”. Era a hora mesmo de sair para comemorar sem medo do amanhã.

Fonte: Terra
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