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Copa das Confederações

Atritos entre CBF e clubes se repetem e deixam jogadores em saia-justa

Dante e Luiz Gustavo engrossam lista de atletas que ficaram no meio de conflitos entre Seleção e clubes por proximidade de datas de partidas

29 mai 2013 - 07h00
(atualizado às 07h00)
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<p>Bayern de Munique segurou Luiz Gustavo e Dante para final da Copa da Alemanha</p>
Bayern de Munique segurou Luiz Gustavo e Dante para final da Copa da Alemanha
Foto: AP

Ficar no meio de uma briga entre o clube e a confederação de seu país não é a melhor das sensações para um jogador, mas é uma rotina em que jogadores têm aprendido a conviver nos últimos anos quando servem a Seleção. No caso mais recente, o Bayern de Munique forçou a permanência do zagueiro Dante e do meio-campista Luiz Gustavo para a final da Copa da Alemanha e contrariou a comissão técnica brasileira.

Independente do mérito da questão, companheiros da dupla manifestaram preocupação com a saia-justa provocada. Na apresentação do elenco no Hotel Sheraton Rio para a Copa das Confederações na última terça-feira, o zagueiro Thiago Silva saiu em defesa de Luiz Gustavo e Dante. "É preciso encontrar um meio termo para não prejudicar os jogadores. A pressão recai sobre eles", afirmou o capitão da atual Seleção.

Jogador diz que se quebraria pela Seleção; veja:

Especificamente neste caso, o jogo da Seleção Brasileira ocorrerá em uma data não oficial da Fifa, mas na qual uma série de amistosos serão realizados pelo mundo. Além da final da Copa da Alemanha, marcada para o sábado, o fim de semana terá rodada do Campeonato Espanhol, mas a CBF conseguiu a liberação dos jogadores depois de negociação pessoal de Felipão em viagem a Europa.

Como não se trata de data reconhecida pela entidade, a CBF argumenta que tem um documento da Fifa exigindo que os clubes liberem os jogadores 14 dias antes da Copa das Confederações, limite que ocorrerá justamente no sábado. A queda de braço deve terminar nesta quarta-feira, e nem a dispensa dos dois jogadores do torneio é descartada.

Os atritos com os clubes europeus não é novidade na Seleção. Em 2004, por exemplo, Milan e Bayern de Munique se apoiaram em uma regra da Fifa para não ceder cinco jogadores para o amistoso contra o Haiti. Lúcio, Dida, Cafu, Zé Roberto e Kaká foram cortados dos jogos seguintes pelas Eliminatórias e ouviram insinuação de Ronaldo de que não tinha se esforçado pela liberação.

 

Soluções paliativas no segundo semestre 
Getty Images

A perspectiva é de mais atritos entre clubes e CBF no segundo semestre. Não haverá paradas no Campeonato Brasileiro em sete datas Fifa, duas delas em novembro, quando o torneio estiver na reta final. Em 2011, para poupar os clubes, Mano Menezes (FOTO: Getty Images) convocou apenas quem atuava no exterior em jogos no último mês.

Enquanto a solução definitiva, que engloba enxugamento do calendário brasileiro e fim da coincidência de datas, é adiada pelo corpo diretivo da CBF, o departamento de futebol tenta usar o jogo de cintura para minimizar o conflito com medidas paliativas. Três jogadores do Fluminense e dois do Atlético-MG, por exemplo, foram liberados dos primeiros treinos no Rio de Janeiro para não desfalcarem seus clubes na Libertadores.

Em março, Felipão conversou pessoalmente com técnicos dos times brasileiros para definir a convocação para o a amistoso contra a Bolívia, disputado em fim de semana de Estaduais e na semana de rodada decisiva da Libertadores. É comum também a limitação de apenas um jogador por clube em momento mais agudos da competição.

Mais recentemente, casos médicos também viraram motivo de mal-entendido entre a Seleção e clubes europeus. Marcelo conseguiu liberação do período de treinos em 2010 após alegar problemas médicos, mas treinou no clube normalmente. O Chelsea também não liberou Ramires para os amistosos contra Rússia e Itália neste ano por lesão, apesar do desejo da comissão técnica em participar do tratamento.

Não à toa, a viagem de Felipão pela Europa para assistir às finais da Copa do Rei e Liga dos Campeões teve visitas em clubes como Barcelona e PSG. A boa relação pode abreviar polêmicas intermináveis e poupar jogadores de crise. "Quando quis jogar os Jogos Olímpicos, que era um sonho, conversei com o presidente e fui liberado sem problemas", disse Thiago Silva.

Agenda cheia

Se na Europa os problemas são mais pontuais, a relação entre clubes brasileiros e CBF a cada convocação tem sofrido abalos. Além de o calendário nacional não parar em muitas datas Fifa, nos últimos anos a agenda de amistosos da Seleção aumentou com a disputa do Superclássico das Américas (dois dias de setembro). Neste ano, o Brasil já enfrentou Bolívia e Chile com times apenas de jogadores atuando no País.

Exemplo máximo desta interferência, Neymar perdeu 15 rodadas do último Campeonato Brasileiro por estar a serviço da Seleção. O atacante era considerado primordial por Mano e agora por Felipão, e o Santos acumulou pedidos negados de liberação no período. A disputa se estendeu até mesmo depois da venda para o Barcelona, pois o clube queria a presença do atacante para uma despedida na Vila Belmiro neste sábado, véspera do jogo contra a Inglaterra, o que irritou Felipão.

Em outubro de 2011, depois de muita reclamação de clubes prejudicados, a CBF ajudou a montar um esquema para transportar os jogadores de jatinho logo após o jogo contra o Mexico. O avião atrasou e de nada adiantou o investimento de US$ 60 ml. Na época, ainda no Inter, Oscar comentou como é ficar dividido. "Acho importante integrar a Seleção, mas ao mesmo tempo entendo perfeitamente o lado do Inter. Os jogos do Brasileiro estão ficando decisivos. É um caso de difícil solução, em que todos têm direitos", explicou.

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Fonte: Terra
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